Sporting: «Eduardo Quaresma tem o que muitos não têm: talento»

Nuno Campos treinou o jovem central no Tondela; defende continuidade do defesa na equipa

Eduardo Quaresma renasceu de leão ao peito no jogo com o FC Porto, que o Sporting venceu (2-0), tendo sido titular por força da lesão de Coates. O camisola 72 não só foi a surpresa no onze, como acabou por ser um dos elos mais fortes na equipa verde e branca.

A pensar no jogo frente ao Tondela, A BOLA falou com Nuno Campos, precisamente o treinador com quem trabalhou aquando da sua passagem pelo emblema tondelense, em 2021/2022, por cedência dos leões. 

«Mentiria se dissesse que não fiquei surpreendido com a sua titularidade, porque a lesão do Coates foi conhecida perto da hora do jogo. Em relação ao que ele fez, nada surpreendido. É um jogador de enorme talento, com capacidades extraordinárias. Se bem me recordo a primeira titularidade do Edu no Sporting foi com o Rúben Amorim que apostou nele, inclusivamente, antes de lançar o Gonçalo Inácio. Por alguma razão o Edu foi internacional português em todas as categorias jovens da Seleção Nacional. Tem muito talento, mas isso só não chega. Chegou para este jogo em que conseguiu levar a melhor sobre Galeno, que poucos dias antes foi eleito o jogador da última jornada da fase de grupos da Liga dos Campeões. O que o Edu tem de perceber é que no jogo ou no treino a seguir já não conta nada o que ele fez antes. Tem de manter o foco constantemente», realçou o agora treinador adjunto de Renato Paiva no Toluca, do México.

Conhecendo bem as características do jovem central, de 21 anos, Nuno Campos não lhe poupa elogios: «No Hoffenheim não teve assim tantas oportunidades, mas em Tondela fez muitos jogos. Foi uma boa época para ele, que conseguiu uma regularidade que não tinha no Sporting. O Edu tem aquilo que muitos não têm: talento. Precisa de manter uma concentração constante. Se calhar precisa de encarar cada treino ou cada jogo como se fosse sempre a última oportunidade da sua carreira. É um all in constante em que ele tem que dar tudo. O Rúben disse tudo na conferência de Imprensa, fez o Edu descer à terra. Quando um treinador deixa de falar publicamente num jogador ou não fala individualmente com esse atleta é sinal que deixou de acreditar. Aqui isso não aconteceu, por isso, agora o Edu só tem de agarrar esta oportunidade com todas as suas forças. Está completamente proibido de tirar o pé do acelerador.»

Questionado sobre se Eduardo Quaresma deveria manter a titularidade frente ao Tondela, Campos foi cauteloso: «Acho que ele quer ser titular, mas se deve ou não, é uma pergunta para o Rúben Amorim, é ele quem os treina. O grande desafio para o Edu é um de dois: se jogar mostrar a mesma atitude competitiva revelada frente ao FC Porto, se não jogar manter um empenho a alta voltagem nos treinos para poder recuperar a titularidade.» 

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E perante o facto de o Sporting estar no mercado de inverno à estudar a possibilidade de contratar um central, será que a solução, afinal, pode estar em casa? 

«Desconhecemos o tempo de paragem do Coates, quando regressa St. Juste, Diomande vai para o CAN e volta e meia vimos que o Gonçalo Inácio tem muitos interessados. Por isso, penso que uma situação pode não estar necessariamente ligada à outra. A solução pode estar em casa e espero que o Edu seja parte dessa solução porque é um ótimo miúdo, mas também pode ser necessário ir ao mercado», respondeu. 

Através de ABOLA, Nuno Campos deixa algumas palavras em jeito de conselho a Eduardo Quaresma: «Trabalhar, agarrar esta segunda vida como se não houvesse amanhã, estar sempre ligado à ficha e acreditar que pode chegar longe. Ele sabe o que falei com ele, conversas que quero manter privadas. Ele tem o carinho dos colegas, isso foi visível nos festejos do golo anulado com todos a apontarem para ele; tem o carinho dos adeptos sportinguistas, que o elegeram o melhor em campo quando, se calhar, seria mais justo para Gyokeres; tem o carinho de antigos companheiros, como a conversa revelada pelo Tiago Tomás e todas as mensagens enviadas depois do jogo. Perante isto, posso dizer o óbvio: será um crime lesa-futebol se Eduardo Quaresma não tiver uma carreira claramente acima da média. E isso só depende de uma pessoa...»