Sporting: Amorim perto do álbum de ouro
Rúben Amorim encaminha o Sporting para o título nacional e tem a possibilidade de conquistar a dobradinha esta época (Maciej Rogowski/IMAGO)

Sporting: Amorim perto do álbum de ouro

NACIONAL18.04.202421:15

Há 72 anos que um treinador leonino não ganha dois campeonatos nacionais levando as épocas de princípio a fim; as semelhanças com Juca; os ovos e as omeletas de Otto Glória

Rúben Amorim está à beira de se sagrar bicampeão nacional pelo Sporting, feito de que poucos se podem orgulhar, mas a façanha do treinador, de 39 anos, ganhará ainda maior dimensão e entrará num álbum dourado porque igualará algo que não acontece há longos 72 anos.

De facto, o inglês Randolph Galloway foi o último a começar e a acabar duas temporadas em Alvalade — como acontecerá com Amorim — sagrando-se campeão nacional, isto numa época dourada dos leões, em que detinham a hegemonia do futebol nacional e já na ressaca do abandono do maior goleador de sempre do futebol português, Fernando Peyroteo, que constitui os célebres Cinco Violinos, juntamente com Jesus Correia, Vasques, Travassos e Albano.

Galloway, nascido no século XIX, em 1896, ainda se sagraria campeão nacional em 1952/1953, mas não acabaria a temporada, deixando a equipa a cargo doutro nome mítico na história leonina, o luso húngaro Joseph Szabo, o único que celebrou quatro campeonatos nacionais no banco leonino.

Os últimos treinadores a celebrarem dois títulos nacionais de leão ao peito foi a dupla Otto Glória/Juca, mas com muita curiosidade à mistura. Em 1961/1962, o brasileiro que fez história no futebol nacional ao introduzir o profissionalismo, foi contratado pelo Sporting, mas apenas fez um jogo, empatando em casa com o Lusitano de Évora, sendo despedido e soltando uma frase célebre. «Não se fazem omeletas sem ovos», disse, aludindo à qualidade — ou à falta dela — do plantel leonino.

Otto Glória com António Abrantes Mendes (A BOLA)

Juca, que orientava os juniores, foi chamado ao banco na condição de interino, mas desatou a ganhar jogos e foi ficando, até à glória final, com uma vitória caseira sobre o recém campeão europeu Benfica, por 3-1, que soltou a loucura em Alvalade, com direito a invasão de campo e quase todo o staff sem equipamentos.

Como ponto em comum entre Juca e Rúben Amorim pode-se encontrar a idade, pois o célebre leão tinha 33 anos quando conquistou o primeiro campeonato nacional e Amorim 36. Quatro anos mais tarde, em 1965/1966, Juca e Otto Glória, dessa vez, juntaram-se, com o brasileiro como orientador técnico e o português treinador de campo e sagraram-se campeões nacionais com uma equipa com forte base na formação, tal como de momento. No final da temporada, abandonaram ambos o clube, com Otto Glória a não mais voltar e Juca a regressar, mas para dirigente do futebol profissional e do de formação.

No entanto, ambos ficaram com lugar reservado na história, tal como agora pode acontecer com Rúben Amorim.

VARANDAS NA SENDA DE JOÃO ROCHA

Frederico Varandas está prestes a comemorar mais um título de campeão nacional a juntar ao de 2020/2021 e, desta forma, celebrar dois campeonatos nacionais, ele que, em setembro, passará a ter seis anos à frente do clube. Contas feitas, Varandas está na senda do histórico líder leonino João Rocha, que dá o nome ao pavilhão do clube, que também celebrou dois campeonatos, mas em quase sete anos.

Frederico Varandas, presidente do Sporting (IMAGO)

João Rocha subiu à cadeira do poder em setembro de 1973 e logo nessa temporada, 1973/1974, o Sporting foi campeão nacional, com Mário Lino no comando da equipa. Seis anos mais tarde, em 1979/1980, novo campeonato para o leão na era-Rocha. Agora, Varandas prepara-se para seguir as pisadas do mítico presidente, ganhando-lhe por alguns meses entre a subida ao poder e os dois campeonatos no currículo.