A lesão de Nuno Santos, a rotação e o Manchester United: tudo o que disse Rúben Amorim

Treinador do Sporting antevê duelo com o Nacional para a Taça da Liga

Rúben Amorim, treinador do Sporting, fez a antevisão ao duelo frente ao Nacional, falando sobre a lesão de Nuno Santos, a rotação que vai promover e deixa em aberto o futuro, sobretudo com o interesse do Manchester United após a saída de Erik ten Hag.

A análise a este jogo do Nacional e a ausência já confirmada de Nuno Santos para o resto da época.

O Nuno vai estar sempre aqui. Vai passar muito tempo aqui. Nós vamos sentir muita falta dele, a refilar, dos gritos dele no corredor. Mas ele vai estar lá e, portanto, os fisioterapeutas vão passar um mau bocado. Vamos ajudá-lo. Ele vai recuperar e vai voltar mais forte. É muito resiliente. Dos jogadores que eu já tive e que eu conheci, mesmo na minha carreira como jogador, sinto que ele às vezes tem dores, ou tinha dores, e queria sempre jogar. É inacreditável. Portanto, esse espírito vai estar lá e faz-nos muita falta. Ele deve ser operado hoje, portanto, vai correr tudo bem e vamos seguir em frente. Em relação ao Nacional, sabemos que é um jogo a eliminar, que depois há logo penáltis. E não há qualquer tipo de desleixo. Queremos muito ganhar esta competição, queremos ganhar todas as competições. Vamos fazer alguma rotação. E a rotação não é só porque é a outra competição, mas sim porque temos jogos muito perto uns dos outros e principalmente para não haver essa sensação de 'eu fiz um jogo e agora, passado dois dias, faço outro'. Nós não queremos esse sentimento. Queremos dar aqui uma oportunidade. Outros jogadores vão jogar, mas vocês vão ver que é uma equipa titular do Sporting. E, portanto, estamos preparados para as dificuldades. Um bloco mais baixo. Transições diferentes do que falamos em campo porque os jogadores são mais rápidos. Têm outras características, não tanto de posse, mas são mais rápidos. Uma linha defensiva de cinco. Às vezes até poderá sair mais, com um médio-centro que baixa. Portanto, estamos preparados para isso. Nas bolas paradas, temos que ser fortes, íamos sofrendo um golo de bola parada no Nacional. Temos isso tudo trabalhado. Queremos ir em frente e quem ganhar o jogo.

O Sporting tem opções internas para colmatar a falta de Nuno Santos ou pensa em ir ao mercado? É uma boa forma de apurar o campeão de inverno?

Mais ou menos. Acho que não dá tanta oportunidade para toda a gente. Isso, acho que é uma coisa que, sobrecarregando ou não, acho que faz um bocadinho de falta. Porque esta competição também tem esse brilho de ver outras equipas que já ganharam, mas percebo que tem que haver uma atenção no calendário. Acho que não tem tanta beleza, às vezes, no calendário. Mas é assim, não faço essas escolhas. Quem faz é a Liga e eles decidiram dessa maneira. Em relação ao Nuno Santos, nós ainda não pensámos no mercado. O mercado ainda está longe. Temos soluções dentro do plantel.Depois temos que ver que, às vezes, trocámos o Quenda e o Geny com tantos jogos, por exemplo, naquela posição. Ainda temos o Frengner, que voltou, nesta fase, a treinar mais naquela posição., porque também tive uma conversa com ele e senti que ele não estava feliz e que eu senti que o futuro dele não passa para aquela posição de central-lateral. E, portanto, quando senti nisso, e eu passei por isso, muitas vezes, não vale a pena forçar. E nós vamos ter que adaptar os jogadores a essa posição.O Simões também já está a trabalhar connosco. É estranho porque ele é uma ala. Como é que ele vai fazer a função do Nuno Santos? Mas tem a ver com a rotação da equipa toda. O Simões é muito inteligente. Faz todas as posições. Joga na ala, no centro. E eu acho que, como tem inteligência, também pode jogar lá no corredor. Porque é inteligente. Portanto, nós temos algumas ideias. Vamos ver se funciona. Agora, o Nuno Santos tem uns números incríveis. E tem o espírito. E isso é difícil de substituir. Portanto, vamos ver. Vamos olhar para as opções que temos. E vamos sobrevivendo, digamos assim, no dia a dia. 

O Maxi Araújo parte na 'pole position' para a posição de ala esquerdo? Porque é que o Sporting não tem rendimento nos livres diretos ofensivos?

Nós deixámos de bater direto por isso mesmo. Não tínhamos rendimento. Olhámos para as estatísticas. Obviamente que nós treinamos isso. No treino, eles marcam bastantes golos. O Trincão principalmente... Mas não temos feito golos. Olhando para isso, fazíamos muito outro tipo de livre porque era para o Seba [Coates]. Ou seja, com cinco na barreira, nós, metendo a bola para o Seba, seria mais fácil uma segunda bola. Mas é muito isso. Eu também não tenho explicação. Não conseguimos bater na baliza. O senhor Nuno Santos também quer sempre bater as bolas e estava sempre a bater as bolas erradas... eu acho que ninguém dizia que queria que fosse outro a bater. E nesse aspecto, há um papel dos livres. E podem dividir e sentir a confiança. Ao contrário dos penáltis. Portanto, não há grandes problemas. Tudo faz diferença. Nós, por exemplo, sem o Pote, não temos um batedor de pé direito. Às vezes, nos cantos, não tendo um batedor de pé direito, faz toda a diferença na bola parada. Mas nós perdemos também o Seba, que era um jogador alto. Temos outras características. E, portanto, se calhar, temos que trabalhar mais os curtos. Fazer esses livres menos diretos, jogadas combinadas. Obviamente que gostaríamos de marcar golos de livro faz a diferença. (6:24) Mas marcamos de outra forrma, por isso, não nos podemos queixar dos golos de livro. O Maxi é uma opção, obviamente. Ele tem sofrido também porque o Pote não está sempre apto e acho que ele joga muito bem ali na seleção, é mais uma opção para ali. para não sobrecarregar também o Pote. Vamos ter que rodar bem os jogadores. O Maxi é claramente um jogador que pode fazer aquela posição. 

Erik ten Hag foi, esta manhã, despedido do Manchester United. Se o seu empresário lhe dissesse que havia um avião à espera para ir a Inglaterra, ia?

Já estava à espera dessa pergunta... Obviamente, não vou falar do meu futuro. Porque se acontecer alguma coisa, que não ou que sim, vou ter que sempre comentar. Desde o primeiro dia, disse-vos que não vale a pena perguntarem, não vou comentar muito de tudo. Eu tenho muito orgulho em ser treinador do Sporting. 

Em Inglaterra dizem que houve reuniões secretas. O Manchester United também esteve cá a ver Geovany Quenda.

Não sei. Eu não sabia do interesse do Manchester United, se existe, mas o Quenda ainda é muito novo, tem poucos jogos. É bom que ele mantenha os pés assentos no chão e, em relação ao preço dos jogadores, não é comigo, é com o presidente. Em relação à primeira pergunta, não comento o futuro, portanto, vamos seguir. 

Não tem medo que os jogadores tenham receio de mais lesões? Quer ver Nuno Santos no Marquês de Pombal no final da época?

Obviamente. Começando já por aí, nós queremos muito ganhar. Pelos nossos adeptos, pelo clube, pela importância que tem, por há 70 anos não se ganhar um bicampeonato, mas obviamente nós queremos dar essa alegria ao Nuno. O Nuno já disse que conseguiria chegar aos últimos dois jogos da época, são contas do Nuno Santos... Ele é, assim, muito competitivo, e nós queremos muito dar-lhe essa alegria. Em relação aos jogadores, não. Geralmente, as lesões mais graves são em lances que não se percebe muito bem. O lance não foi um choque muito grande, ele esperou um bocadinho pela bola e quando se fez ao lance, parece que ficou meio preso, ainda não vi bem o lance. Os jogadores já estão habituados, estão preparados para isso, são fortes, são robustos. Aquilo pode acontecer em qualquer momento, portanto, eu acho que não vai ter influência nenhuma. Quando eu era jogador, não sentia, ao ver uma lesão, medo por mim, nem algo assim. 

Marcus Edwards e Eduardo Quaresma já estão aptos? É possível haver uma ida ao mercado para lá de Nuno Santos, com tantas lesões?

Sim, porque essa avaliação e essas reuniões temos sempre, independente de não se ter uma ideia muito clara do que é que se vai fazer, Em janeiro, às vezes, não sabemos o que é que acontece. Por vezes, podemos achar que o plantel está equilibrado, mas pode estar desequilibrado no sentido de ter jogadores que, se calhar, não têm tempo nenhum de jogo e querem rodar, ou nós queremos rodá-los. Já aconteceu mais com os miúdos, chegarmos ali a janeiro e querermos emprestá-los, digamos assim, Isso já aconteceu, portanto, esse assunto vai ser abordado, vamos ver o que é que falta à nossa equipa. Em relação aos João Simões, eu ainda vou fazer a convocatória, poderá estar, (12:03) poderá não estar. Há jogadores que vão repetir o jogo, posso ter de os substituir e tenho de fazer essas contas e essa rotação da equipa, mas já está a trabalhar com a nossa equipa. Tirámo-lo do jogo da equipa B e está a trabalhar connosco. Não queria falar do Edwards, porque, da última vez que falei, ele depois lesionou-se. Mas o Edwards treinou hoje, não há mais treinos. Amanhã, poderá fazer alguns minutos. É um jogador que faz muita falta, está com muita fome de bola. Vamos ajudá-lo a voltar ao nível máximo. O Quaresma está um bocadinho mais atrasado, também quer muito ir a jogo, mas não vai a jogo. O Marcus, se Deus quiser, vai a jogo.

A preparação ainda é feita com base no Nacional-Sporting, da segunda jornada do campeonato?

Houve foco nesse jogo, porque focamos muito nas características individuais. Houve uma diferença, porque já vimos o Nacional a jogar com um 4x3x3 clássico e os extremos estão abertos, o que muda a nossa forma de defender, é diferente do que fizemos na Madeira, em que eles jogavam muito por dentro. Se se lembrarem, sofremos o golo com um extremo no movimento interior. Tivemos que trabalhar as duas coisas, temos duas formas de pressionar trabalhadas para, amanhã, aplicarmos consoante esteja a jogar o Nacional. Tem um treinador que muita muito consoante o adversário, temos isso trabalhado. Estamos melhor equipa agora e jogamos em casa. O relvado vai ajudar, a temperatura é melhor, estamos motivados e queremos muito seguir em frente. Neste tipo de jogos, não há muito a ganhar, há tudo a perder e sabemos que isto muda de um dia para o outro.

Sente que esta competição tem o valor, excluíndo quase 30 das 36 equipas, que valha a pena, depois, disputar uma final-four em janeiro, com muitos jogos e relvados pesados?

Não é uma crítica, mas, se estamos a fazer o sacrifício, vamos meter toda a gente. Se começarmos a afunilar, só para que seja uma final-four bonita, no sentido de haver mais gente, eu percebo a ideia. Mas se há sobrecarga, vamos meter todas as equipas para que haja essa beleza na competição. Mas falar é fácil, organizar é muito difícil, por isso, não quero estar a criticar. Às vezes falamos muito da parte da sobrecarga, tem de haver uma rotação de jogadores. O que eu acho é que, com a quantidade de jogos que há, os Guardiolas e os De Zerbis têm pouco tempo para trabalhar as equipas, pouco tempo para inventar as coisas, e penso que é isso que faz falta. Faz falta tempo para pensar, para inventar, para trabalhar novas rotinas, para treinadores como eu roubarem essas ideias. Vejo mais essa parte. A fazer, que façamos todos o sacrifício, vamos colocar todas as equipas profissionais e, depois, víamos se aguentávamos ou não. É muito difícil organizar, os jogos, os calendários. É só uma ideia.