Será Depay a maior estrela europeia a rumar ao Brasil?
Memphis Depay é um titular da seleção dos Países Baixos (Foto: IMAGO)

Será Depay a maior estrela europeia a rumar ao Brasil?

INTERNACIONAL10.09.202421:00

Neerlandês contratado pelo Corinthians na trilha do compatriota Seedorf. E de Petkovic, de Payet ou de Braithwaite. Apoio do patrocinador explica o negócio raro

Logo após o anúncio de Memphis Depay como reforço do Corinthians, o site do clube ficou fora do ar por excesso de acessos. Um dos vídeos publicados no Instagram alvinegro, com o neerlandês a dançar com a camisa do timão, bateu, com 14 milhões de visualizações, o recorde de 2024. E as redes sociais do atleta ganharam um milhão de seguidores num fim de semana. Será Depay a maior estrela europeia de todos os tempos a rumar ao futebol do Brasil? Pelo impacto digital, parece.

E pelo impacto desportivo? O compatriota Seedorf chegou ao Botafogo em 2012 com quatro Champions no currículo mas, aos 36 anos, em fim de carreira. O sérvio Petkovic foi ídolo de Flamengo, Vasco da Gama e outros mas quando aterrou, em 1999, não tinha as mesmas credenciais. O francês Payet ainda jogava com regularidade no Marselha antes de escolher o Vasco, no ano passado, mas já não frequentava a seleção. O dinamarquês Braithwaite, hoje no Grêmio, tem percurso respeitável mas vinha do Espanyol, da segunda divisão espanhola.

Com Depay nao ha mas: tem só 30 anos, fez 31 jogos e nove golos pelo Atlético Madrid, quarto de La Liga em 2023/2024, foi titular da seleção dos Países Baixos (e marcou um golo) no último Euro e passou, entre outros, por Manchester United, Barcelona e colchoneros antes de escolher a Neo Química Arena para prosseguir a carreira diante da Gaviões da Fiel. Mas como o financeiramente debilitado timão conseguiu um golpe de mercado deste tamanho? O perfil controverso do atacante (e cantor de hip hop) ajudou a afastar concorrentes europeus, porém, a força do patrocinador do clube foi decisiva.          

«A operação pelo Depay foi muito criteriosa da nossa parte», diz a A BOLA Ícaro Quinteiro, COO da plataforma de apostas Esportes da Sorte, o patrocinador master do clube que se havia comprometido a fazer uma pesada contribuição financeira em torno de um reforço mediático e, em troca, capitalizar esse nome com ações de marketing e publicidade nas redes sociais. «Sabemos do impacto que a vinda de um craque desta magnitude representa não apenas para o futebol brasileiro, mas mundial».

135 estrangeiros

A Esportes da Sorte vai pagar a maior parte dos três milhões de reais [quase 500 mil euros] de Depay no clube, hoje na zona de descida do Brasileirão mas ainda na Copa Sul-Americana e na Copa do Brasil. «Poder proporcionar a chegada de um atleta do porte dele é uma quebra de paradigmas não só para a nossa marca mas para o futebol brasileiro, acreditamos que este reforço internacional vai trazer resultados extraordinários tanto em campo quanto fora dele», complementa Sofia Aldin, CMO do Esportes da Sorte.

«Só com alinhamento entre futebol e marketing se consegue ter o timing exato para criar uma história à volta da chegada do astro e a possibilidade da criação de produtos licenciados e ações para os fãs mais apaixonados», explica Renê Salviano, CEO da Heatmap e especialista em marketing desportivo. «Mas o planeamento do clube, o desempenho do jogador em campo e fora dele serão, claro, pontos de observação para o sucesso da contratação», aponta Fábio Wolff, sócio-diretor da Wolff Sports, também especialista em marketing desportivo.

No total, há 135 estrangeiros no Brasileirão 2024 – um recorde – mas apenas sete europeus, incluindo o português Tobias Figueirdo, do Criciúma, e naturalizados, como o ítalo-brasileiro Eder, no mesmo clube. Dominadores na América do Sul, para atrair jogadores de peso do Velho Continente os clubes locais têm de recorrer a parcerias – como no caso de Depay – ou à paixão pelo futebol brasileiro – como no caso do citado Braithwaite. «O meu pai sempre me dizia que devia copiar a forma como os brasileiros jogavam...», disse o dinamarquês à chegada.