Ser capaz de sair de um colete de forças à... força (crónica)
Kolo Muani fez o golo da vitória da França IMAGO / Uwe Kraft

França-Bélgica, 1-0 Ser capaz de sair de um colete de forças à... força (crónica)

INTERNACIONAL01.07.202419:35

Gauleses sofreram e estiveram muito tempo presos à boa estratégia belga, que até poderia ter sido mais feliz. Jogo emotivo até ao final

DUSSELDORF — É quase unânime. Bélgica e França são duas das equipas que, provavelmente, mais talento individual têm em todo o Europeu. Bons jogadores, super-bons jogadores e craques. De tudo a num nível elevadíssimo. Já se esperava, por isso, equilíbrio. Algo que se confirmou assim que iniciou a partida. Duas equipas com idênticos sistemas (4x3x3), fórmulas parecidas para anular as suas estrelas maiores de cada equipa (De Bruyne e Mbappé), mas tudo demasiado... preso.

Com pouco espaço, frenéticos duelos Koundé/Doku pela direita, Saliba/Lukaku, Tchouaméni/ Onana no miolo. Apesar da criatividade bem patente, em jogadores que dispensam apresentações, o confronto físico foi imagem de marca de uma primeira parte muito amarrada, com uma equipa gaulesa mais dominadora na posse, mas um adversário belga sempre periogoso com as suas duas setas da frente (Doku e Openda, entre o gigante Lukaku), preparadas a ferir o conjunto de Didier Dechamps.

A segunda parte foi melhor. Mais intensa e vibrante, mas sem perder a combatividade. Subiu, porém, na qualidade e emoção. E fez lembrar uma reflexão: «Não há ideias mais livres que as de um preso». Foi no período em que a França parecia ter cada vez menos soluções, se encontrava mais presa às rédeas belgas, apesar das muitas tentativas — gigante Tchouámeni foi tentando vezes sem conta a meia distância — além de Mbappé (54’) e Saliba (74’), que o golo acabaria por surgir. Numa jogada de insistência, força do recém-entrado Muani e dose de felicidade, pois o remate, mal preparado, acabou por desviar em Vertonghen e trair Casteels. A cinco minutos do final, quando antes, Lukaku (71’) teve a melhor ocasião belga para marcar. O colete de forças a que esteve presa a equipa francesa acabou por rasgar mesmo à... força. E de forma justa, já agora...