Zurique-Vitória de Guimarães, 0-3 Senhor Vitória europeu viajou com fato de gala (crónica)
Conquistadores passearam classe na Suiça e triunfo garante praticamente o apuramento para o 'play-off'. Nélson Oliveira marcou um golo… e meio, Nuno Santos destacou-se nas assistências: dois suplentes de luxo
Foi com fato de gala que o (senhor) Vitória viajou de Portugal para a Suiça. Uma vez tendo as medidas certas da indumentária para a cerimónia, então os conquistadores trataram de passear classe em solo helvético.
Algo que, em bom rigor, até nem parecia ser possível nos instantes iniciais da partida. O Zurique, fazendo valer-se do fator casa, conseguiu equilibrar as operações numa primeira fase, mas a partir da meia hora nada conseguiu fazer para impedir os passos triunfais da caminhada vitoriana.
Chuchu Ramírez deu o primeiro sinal do charme vimaranense, com um remate à entrada da área que saiu a rasar o poste esquerdo, cabendo a Bruno Varela, do outro lado, demonstrar que o Vitória também estava bem calçado, ao sair bem da baliza para negar, com os pés, os intentos a Emmanuel Umeh. Pouco depois, foi a vez de Borevkovic subir à área contrária para tirar as medidas à baliza contrária, mas o remate do defesa-central croata foi desviado por Nikola Katic que, dessa forma, evitou males maiores para Yanick Brecher.
O nulo que se verificava ao intervalo era lisonjeiro para os suíços, mas a formação lusa fez questão de ajustar o fato concebido pelo alfaiate – entenda-se, Rui Borges – e apresentou-se na segunda parte da solenidade para confirmar a nota máxima no desfile.
João Mendes, logo a abrir a etapa complementar, pegou num chapéu de abas largas para permitir uma excelente intervenção ao guarda-redes helvético, e, ato contínuo, Chuchu Ramírez voltou a tentar ficar a sorrir na fotografia final do evento, mas o remate do ponta de lança venezuelano foi intercetado e o retrato acabou por ficar algo… desfocado.
Ricardo Mangas vestiu a pele de estilista: cruzamento da direita de Bruno Gaspar e o esquerdino, em pleno coração da pequena área, encostou de primeira, de pé direito, para a (primeira grande) explosão de alegria dos cerca de 1.000 júris – entenda-se, adeptos do Vitória de Guimarães – presentes no anfiteatro da cerimónia. A prova estava definitivamente feita, faltava saber a extensão exata do fato cerimonial. Não faltaram momentos de verdadeiros artistas – Chuchu Ramírez, Ricardo Mangas, Jorge Fernandes, Samu, Nuno Santos e Kaio César também subiram à passadeira do golo, mas a manta acabou por ficar ligeiramente… curta -, mas o melhor estava mesmo guardado para o fim.
Rui Borges refrescou a equipa e lançou, entre outros, Nélson Oliveira e Nuno Santos, sendo que esta dupla puxou o lustro… às chuteiras. O ponta de lança contou com a ajuda de Mariano Gómez para aumentar a contenda – desvio infeliz do defesa-central argentino após cabeceamento do avançado português – e, já nos descontos, o camisola 7, mesmo já sem gel no cabelo, rematou certeiro para o terceiro dos minhotos. Em ambos os lances, sublinhe-se, os acabamentos – entenda-se, assistências – foram da autoria de Nuno Santos.
O quadro estava completo e com uma fotografia de elevada nitidez. Para os registos fica uma passagem de excelência do Vitória pela Suiça e o triunfo alcançado (que até peca por escasso…) deixa a quase total garantia que o desfile – perdão, o jogo – da próxima semana, em Guimarães, será apenas uma formalidade para que o passaporte para o play-off fique definitivamente selado. Nessa altura, com um D. Afonso Henriques que, apostamos, estará devidamente engalanado, o mais certo é assistirmos a mais uma passagem de modelos de alta-definição em plena passerelle concebida pelo conceituado estilista natural de Mirandela, de seu nome Rui Borges.