Rui Borges explica alterações no dérbi do Sporting com o Benfica

Selecionador elogia a A BOLA: «Geny tem futebol de rua. É um caso raro no futebol atual»

Chiquinho Conde, selecionador de Moçambique, elogia novas funções do ala no sistema de Rui Borges. «Tem tudo para crescer e ser mais decisivo em zonas mais adiantadas», diz a A BOLA. Orgulho do povo moçambicano. «É a nossa coqueluche»

Geny Catamo voltou a decidir um dérbi. Pela segunda vez. Porém, com um papel diferente daquele que ofereceu na era Ruben Amorim na época passada. Desta vez, o ala direito subiu no corredor e foi aposta em zonas mais adiantadas como um extremo no sistema de 4x4x2 de Rui Borges. Uma função que, de resto, há muito desempenha na seleção de Moçambique. Nesse sentido, em conversa com A BOLA, Chiquinho Conde, selecionador moçambicano e antigo jogador dos leões, destacou a importância que poderá ter nessa nova posição.

«Estava convencido até que ele dissesse no flash que estava habituado a jogar ali na seleção», começou por dizer Chiquinho Conde, em tom de brincadeira, fazendo comparações com aquilo que pede ao leão na seleção.

Peço isso ao Geny porque tem essas caraterísticas. Que possa ganhar coragem, e isso num clube grande não é fácil pois tem receio de errar e tenta fazer o mais simples, mas insisti muito com ele. Que fosse para cima deles como se estivesse em Moçambique. Digo-lhe para ir além dos outros

Chiquinho Conde assistiu com atenção ao dérbi, especialmente Geny Catamo (foto: Miguel Nunes)

«Dou-lhe sempre a liberdade de ele poder jogar no último terço do campo, fazer uma espécie de jogo de rua, ir para cima do adversário, romper um pouco com as regras. Muitas vezes existe um estilo-tipo, de régua e esquadro, de passa e vai, e ele pegou bem nesse pormenor. Tem esse estilo de futebol de rua e isso é já um caso raro. Confesso que me faz um pouco de confusão porque atualmente é tudo muito formatado, de toque e passe, de movimentos de rotura, e não há situações de desequilíbrio em termos individuais», disse, prosseguindo com a ideia.

«Peço isso ao Geny porque tem essas caraterísticas. Que possa ganhar coragem, e isso num clube grande não é fácil pois tem receio de errar e tenta fazer o mais simples, mas insisti muito com ele. Que fosse para cima deles como se estivesse em Moçambique. Digo-lhe para ir além dos outros, pois vem de um contexto diferente e pode fazer a diferença. Felizmente conseguiu fazer», elogiou.

Carreras travou vários duelos eletrizantes com Geny Catamo (LUSA)

COQUELUCHE DE MOÇAMBIQUE

Chiquinho Conde, recentemente eleito treinador do ano em Moçambique — Geny Catamo foi o melhor atleta — tem dado muitos conselhos ao jogador leonino.

«Todo o adversário já sabe que ele faz a finta para dentro para depois rematar com o pé esquerdo. Disse-lhe que teria de reinventar-se nesse aspeto e fazer o mesmo em dois tempos. Para fora e depois para dentro. E ele fez isso na primeira parte, com vários cruzamentos», constatou, acreditando numa evolução: «A jogar ali vai ter mais chegada a área onde joga sempre na seleção. A extremo ou na posição 10. Tem tudo para crescer neste sistema. E tem essa cultura de baixar e fazer corredor todo e pode também jogar numa linha de 5 porque a tendência é ajudar na transição ataque/defesa. Mas como extremo tem mais liberdade e energia para oferecer outras soluções ofensivas…»