Seferovic: «Poderia ter ajudado o Benfica mais um ano ou dois»
Antigo ponta de lança suíço dos encarnados fez uma viagem por passado e presente da carreira no clube da Luz
Haris Seferovic, 32 anos, antigo ponta de lança do Benfica, atualmente ao serviço do Al Wasl, dos Emirados Árabes Unidos, foi a figura do podcast Final Cut, da Agência Sports Tailors. «Poderia ter ajudado o Benfica mais um ano ou dois, mas o jogador tem de aceitar, Pizzi também saiu, não tive problemas quando saí, conversámos, tudo bem», começou por explicar, antes de falar de um jogador «especial».
«Rafa é tão especial porque não mostra muita emoção, é algo muito forte nele, marque um golo ou falhe um golo, ele não pensa nisso. Eu, quando falho, fico a pensar ‘como falhei? Por que falhei?’ E bloqueia-me. Rafa é extraordinário, sabe jogar, sabe marcar e é muito rápido. Mas o que mais me interessa em Rafa é não mostrar muita emoção, isso é muito forte. Faz a diferença nele. Quando está a andar bem, está feliz, mas se está a correr mal não o mostra, não mostra o estar, ou não, a marcar. Como jogador e como homem, é muito bom, mas também Arthur Cabral está a ir bem e há ainda aquele novo avançado que chegou do Brasil, Marcos Leonardo, estava sempre a entrar e sempre a marcar», observa.
O internacional suíço foi convidado a eleger os três melhores jogadores com quem jogou na Luz — «Jonas, avançado forte, fazia golos, Rafa e Luisão, era um verdadeiro capitão, alguém que luta pelo clube» —, o pior momento — «Quando atiraram uma pedra ao autocarro, de uma ponte, e atingiram Weigl e Zivkovic, e também quando foram a casa de Pizzi, de Rafa, à Aroeira, onde viviam muitos jogadores» — e os melhores técnicos.
«Jorge Jesus é um treinador top, entende muito de futebol, aprendi como o futebol funciona taticamente, todos os jogadores sabem onde estar e joga para ganhar e para marcar. E Bruno Lage é um treinador especial para mim, porque me dava sempre confiança, mesmo quando não marcava, pois sabia a minha qualidade. A forma como a equipa jogava, era um sistema de que eu gostava, foi muito bom treinador para mim. No segundo ano não teve sorte, mas recordo a forma como jogávamos e a confiança que dava à equipa, entrou com 7 pontos de desvantagem para o FC Porto e no final estávamos no Marquês a festejar com ele», recorda.
Seferovic não terminaria sem lembrar a grande dupla com João Félix no ataque de Lage: «É jogador de outro nível, ele tem tudo, tem qualidade, tem último passe, pode driblar, pode finalizar, Bruno Lage dava-nos liberdade nos últimos metros em frente à baliza e eu movimentava-me bem. Nunca fui egoísta. João Félix sabia onde estava o avançado e um verdadeiro número 9 como eu precisava de alguém como João Félix ou Adel Taarabt, porque eu estava no sítio onde o avançado deve estar. Entendemo-nos bem. João Félix era muito jovem e só queria jogar. E eu também.»