SC Braga abre portas aos adeptos e ao... Casa Pia (crónica)
Nuno Moreira garantiu com grande golo a vitória do Casa Pia sobre o SC Braga na Pedreira (Foto: Hugo Delgado/Lusa)

SC Braga-Casa Pia, 1-2 SC Braga abre portas aos adeptos e ao... Casa Pia (crónica)

NACIONAL29.12.202422:35

Espírito natalício de António Salvador, que permitiu entradas gratuitas na Pedreira, contagiou equipa sempre pronta a dar prendas ao adversário no relvado. João Pereira mereceu golaço de Nuno Moreira

Que excelente Casa Pia construiu João Pereira em 2024/25! Na Pedreira, ontem, os gansos voaram para a vitória com autoridade, terceiro triunfo seguido na Liga, numa temporada em que, após desaires nas três jornadas iniciais, só Sporting e FC Porto voltaram a conseguir derrotar os casapianos.

A quadra natalícia justificou decisão da SAD dos locais de abrir as portas do estádio aos adeptos e em campo a equipa bracarense revelou o mesmo espírito altruísta. No dia em que celebrou o 54.º aniversário, António Salvador — que estaria a pensar no final da partida enquanto ouvia assobios dirigidos aos protagonistas no relvado e via alguns lenços brancos a colorirem as bancadas? — assistiu na tribuna à estranha disponibilidade dos guerreiros para deixarem prendas no sapatinho dos adversários.

A primeira oferta caiu da árvore de Natal a fechar a primeira parte, aos 40', quando Larrazabal trocou as voltas a Yuri Ribeiro e cruzou da direita para Telasco Segovia desviar na pequena área sem que Bambu mostrasse argumentos para vigiar o talentoso médio venezuelano.

Até as redes de Matheus balançarem, o perigo quase não rondara nem a baliza do brasileiro nem a do costa-riquenho Patrick Sequeira. Mas o fim da primeira parte traria ainda mais emoção. Um pontapé de canto na direita, saído do pé esquerdo de Roger Fernandes, levou a bola direitinha à cabeça certeira de El Ouazzani e a igualdade, aos 45+1', assinalou a chegada do intervalo.

Com Gabri Martínez no lugar de Yuri Ribeiro, o começo da segunda metade deu a ideia de que o SC Braga iria tomar as rédeas do desafio, expectativa que o passar dos minutos se encarregaria de desmentir. Sempre com muita personalidade, o Casa Pia aguentou o impacto, soube baixar no terreno e proteger a grande área sem que Patrick Sequeira fosse obrigado a trabalho especialmente qualificado.

O problema não é de hoje e há muito está identificado — a defesa dos bracarenses, agora estruturada com três centrais, continua a ser permissiva. O Casa Pia soube escolher o momento certo para expor essas limitações e com uma fantástica — o adjetivo não é exagerado... — capacidade para sair a jogar desde o guarda-redes baralhou por completo o SC Braga. Um regalo testemunhar a forma como João Pereira oleou uma máquina capaz de encontrar linhas de passe nos flancos e em zonas mais interiores, um futebol rendilhado e também objetivo.

Quem é capaz de jogar assim, sem estrelas que desequilibrem sozinhas, só pode agradecer à mestria do treinador, no caso um João Pereira com motivos para sorrir. É o coletivo a valer mais do que a soma das individualidades, a meta que todos os técnicos tentam alcançar.

O golaço de Nuno Moreira a garantir os três pontos aos forasteiros, aos 70', é exemplo perfeito dos elogios dos parágrafos anteriores. Antes do fabuloso remate de pé direito do extremo, na área sobre a direita, que entrou como um foguete no canto superior direito da baliza de Matheus, importa destacar a jogada em progressão que conduziu ao tesouro da mina.

A jogarem sobre brasas, alvos dos próprios adeptos, os comandados de Carlos Carvalhal só por uma vez ameaçaram o empate, por João Ferreira, aos 90+8', cabeceamento que Patrick Sequeira desviou para canto... no canto do cisne do SC Braga.