SC Braga-Vitória de Guimarães, 2-1 ‘Saltinho’ de 11 metros para revalidação do troféu (crónica)
Arsenalistas beneficiaram de erro de cálculo de Charles para selarem o triunfo… na repetição de um penálti. Expulsão de Borevkovic foi soco para os conquistadores. Dérbi intenso
Ponto prévio: a Taça da Liga terá, eternamente, a marca registada de Carlos Carvalhal. O experiente técnico português foi o primeiro a conquistar este título, na época 2007/2008, então ao serviço do Vitória de Setúbal. Depois disso, já em 2020/2021, o treinador esteve perto de conseguir repetir o feito, mas acabou por ver o SC Braga perder a final, diante do Sporting. Agora, está aberta mais uma janela de oportunidade para que Carvalhal possa voltar a festejar. O primeiro passo está dado…
E esse mesmo primeiro passo foi… um saltinho. Porque foi na sequência de um erro de cálculo de Charles que os arsenalistas chegaram ao golo do triunfo e carimbaram a presença na final four. Em janeiro, os guerreiros do Minho vão defender o título conquistado na temporada passada, justamente em Leiria.
Mas para estas contas sejam possíveis, o SC Braga teve de desenvencilhar-se de um enorme obstáculo: o Vitória de Guimarães. Num sempre apetecível dérbi do Minho.
E pese embora os protestos dos adeptos relativamente ao modelo da competição, a verdade é que foram quase 10 mil os espectadores presentes na Pedreira. O calor humano que emanou das bancadas não foi, é certo, o mesmo de outros duelos entre os vizinhos, mas, ainda assim, sentiu-se claramente a paixão advinda das manchas vermelha (em clara maioria) e branca (em muito menor número, mas não menos ruidosa). E os jogadores também sentem muito esses empurrões. Foi, também por isso, um dérbi quentinho.
Tal como foi, de resto, no relvado. Com golos, oportunidades desperdiçadas, erros individuais, uma expulsão e emoção até final. Caiu para um lado, poderia ter caído para o outro. Foi mais feliz o SC Braga, também fez por merecer o bilhete o Vitória de Guimarães.
Os arsenalistas entraram a todo o gás e aos 10 minutos já tinham duas ocasiões de golo somadas: Vítor Carvalho (de meia distância) e Paulo Oliveira (de cabeça) deram o mote. Mas o golo apareceu… na outra baliza: ato contínuo às ameaças dos visitados, Nuno Santos tirou um autêntico coelho da cartola – na retina ficou ainda o excelente passe longo de Tiago Silva a solicitar a desmarcação à esquerda de João M. Mendes – e, já dentro da área, rematou com as medidas exatas para fazer a bola entrar junto ao ângulo superior esquerdo da baliza de Matheus. Chapeau!
Durou pouco, porém, a vantagem dos forasteiros. O SC Braga sentiu-se picado e logo tratou de devolver a igualdade ao marcador: canto de Roger e desvio oportuno de Niakaté. E a reviravolta até poderia ter sido uma realidade antes do intervalo, mas o tiro de Roger (extraordinário movimento da direita para o centro) raspou no poste e saiu pela linha final.
A etapa complementar continuou a ser rasgadinha, mas com menos oportunidades flagrantes. Numa delas, El Ouazzani tentou desviar um cruzamento de Gabri Martínez, mas não conseguiu e a bola foi ao poste. Porém, e alertado pelo VAR, Fábio Veríssimo foi ver as imagens e marcou penálti, entendendo que Borevkovic tinha puxado a camisola do ponta de lança marroquino. E o lance, de muito difícil análise e extremamente contestado pelos vitorianos, redundou ainda na expulsão do defesa-central croata.
Bruma, chamado à conversão do castigo máximo, permitiu a defesa de Charles, mas o lance foi repetido porque o guarda-redes brasileiro tinha dado o tal saltinho antes do remate do extremo português. À segunda tentativa, Bruma não vacilou e reservou a viagem do SC Braga para Leiria.
A possibilidade de revalidação do troféu é real para os bracarenses… com o Benfica à espera nas meias-finais.