Técnico dos bracarenses fez a antevisão à deslocação ao reduto do Estoril, este sábado, às 20.30 horas, da 29.ª jornada da Liga; Treinador interino procura uma atitude diferente, referindo que tentou resolver alguns problemas que estavam instalados no grupo.
O Estoril vem de um empate e o SC Braga pretende regressar às vitórias. O que tem de fazer para conquistar os três pontos?
- Temos de fazer muito melhor do que fizemos no último jogo, principalmente em relação ao que se passou na 1.ª parte. Temos de demonstrar outra atitude, outro tipo de mentalidade, temos de mostrar que queremos realmente chegar ao 3.º lugar. Sobretudo isso, outra mentalidade, atitude e forma de estar para lutar por algo. Esta semana serviu para isso, para percebermos o que não correu bem, identificar algum tipo de problema que estava instalado no grupo e encará-los de frente. Percebemos que havia algo que não estava bem. Tivemos uma semana limpa e foi bom para preparar o jogo.
Com o tempo que já teve de trabalho com a equipa, como sente o plantel? E sente-se confortável para mudar alguma coisa? Como analisa este Estoril que tem tido uma época um pouco bipolar?
- O Estoril é uma boa equipa. Ao longo da época tem feito bons jogos, as exibições demonstram que gosta de jogar e que está bem trabalhada. A posição na tabela pode influenciar o desempenho e a abordagem em cada jogo. Mas, é uma equipa de ataque posicional e que gosta de ter a bola. Sabemos o que fazer e com o que contar e temos de saber ultrapassar as dificuldades. Esta semana limpa serviu para perceber algumas coisas, tive algumas conversas individuais e outras com o grupo. A qualidade existe e identificamos coisas que podemos melhorar. Sinto-me confiante no meu trabalho e acredito nos jogadores pois têm qualidade. Serviu para dizer as verdades, para falarmos abertamente daquilo que identifiquei no grupo. Problemas não são novos, pois vêm do passado, o que é certo é que a equipa ganhava, sendo um sinal positivo. Somos diferentes, qualquer treinador e pessoa é diferente. Não quis mudar tudo abruptamente, repeti o onze, pois tinham ganho e feito uma boa exibição. Quis dar consistência ao que vinha sendo feito. Perceber melhor o que encaixa, perceber como o Estoril nos vai criar dificuldades. Podemos trabalhar muito bem, ideias claras e estar confiantes, mas o resultado final é o que importa sempre. Lutar pela vitória com princípios e uma identidade mais sólida. O grupo tem de dar uma imagem diferente. Aquilo não somos nós.
Semana com ‘reforços’, com jogadores a recuperarem de lesões. Pensa mexer na defesa?
- É muito bom ter toda a gente disponível, qualquer treinador gosta disso. Todos contam. Num jogo pode ser uma coisa e noutro outra. Paulo Oliveira a regressar e o Ricardo Horta também trabalhou muito bem esta semana. Quantos mais jogadores tivermos à disposição, mais fácil fica montar a equipa.
Lateral-esquerdo esteve praticamente um mês parado com lesão muscular no gémeo da perna direita; Paulo Oliveira também está a 100 por cento para a visita ao reduto do Estoril na 29.ª ronda da Liga.
Traçou um cenário de problemas na equipa. Podia haver uma espécie de ‘paz podre’?
- É uma expressão forte e não é real. O grupo é bom, apenas se queremos lutar por algo mais, temos de ter valores muito fortes como equipa. O Arouca é uma equipa com essa identidade, todos correm para o mesmo lado, compromisso, todos correm para defender. O Arouca joga bem e não é só com bola. Nesse aspecto temos margem para melhorar. Nada de grupinhos. Tem a ver com identidade. O SC Braga é um clube muito grande, com condições incríveis que lhes dá tudo. Temos de mostrar aos nossos adeptos que em cada jogo temos de lutar pelos três pontos. Temos de o demonstrar.
Como pensa em melhorar a questão defensiva?
- Não defendemos bem. As coisas não se conseguem mudar em três dias ou numa semana ou num curto espaço de tempo. A qualidade defensiva e os números mostram isso, pois sofremos muitos golos. As que lutam para ser campeãs são as que sofrem menos. Tem de haver compromisso sem bola. Foi passar o alerta que temos de mudar isto. Não se carrega no interruptor e está feito. Esta semana foi boa e esperamos estar mais perto de sermos uma equipa mais sólida. Não tem a haver só com o facto de termos sofrido três golos, já analisamos e já mostramos aos jogadores. São erros que não podem acontecer, coberturas, posicionamento, falta de processo. Não sou mais que ninguém e cada treinador tem a sua maneira de ver o jogo.
SC Braga arrisca-se a ter a pior defesa dos últimos dez ou 20 anos. Não há uma dupla de centrais que seja regular. Há alguma falta de qualidade nessa posição ou é mesmo só problemas na transição?
- A transição tem de ser melhor preparada e foi das situações que trabalhamos bastante. É fundamental que uma equipa a atacar possa estar bem posicionada para recuperar e para não sofrer golos. Quanto à dupla de centrais, as relações entre os dois tem de ser de como se fossem um só, uma conexão grande. Com muita mexida retira consistência e o processo demora mais tempo. Toda a gente tem de defender, desde os homens da frente, até aos mais recuados. Sendo um princípio que estamos a tentar passar à equipa. Basta falhar um na frente e compromete cá trás e ao contrário igual. Estamos a trabalhar como um bloco e não só focados em arranjar uma dupla de centrais.
Pensa em alguma alteração mais profunda de sistema, até para incluir o Ricardo Horta na equipa?
- O sistema tem muito que se lhe diga. As dinâmicas é que podem ser outras. Posso ter sistemas idênticos e colocar os jogadores em certos pontos. Preparamos o jogo numa base que acreditamos que nos possa levar ao sucesso. Depois é escolher jogadores que possam efetuar essa função bem e se tiverem que entrar que possam ajudar e contribuir para melhorar a equipa. Não contam só onze.