Rui Borges: «Não é uma pedrinha que vai mudar a nossa trajetória»
Técnico dos vitorianos diz que a sua equipa está preparada para lutar pelos três pontos diante das panteras. (Foto: Estela Silva/LUSA)

Rui Borges: «Não é uma pedrinha que vai mudar a nossa trajetória»

Técnico garante uma equipa igual a si própria, mesmo depois do empate na última jornada, diante do Casa Pia (1-1) - pelo meio, triunfo sobre o Celje (3-1), para a Liga Conferência; os elogios à qualidade dos axadrezados e a crença na capacidade dos seus jogadores; mensagem de solidariedade para a família de Daniel Guimarães, malogrado guarda-redes que tinha sido seu atleta no Nacional

A conferência de Imprensa de Rui Borges tinha como objetivo projetar o jogo de amanhã diante do Boavista (15.30 horas) - o que aconteceu, naturalmente -, mas o técnico vimaranense começou a conversa com os jornalistas com uma mensagem de solidariedade para a família de Daniel Guimarães, que morreu esta sexta-feira, vítima de cancro, e que tinha sido seu jogador no Nacional, na época 2021/2022.

«Antes de mais, quero deixar um abraço sentido a toda a família do Dani [Daniel Guimarães], que nos deixou. Muita força neste momento. Um abraço também às gentes do Nacional, porque também sei bem o que o Dani representava para todos eles. É um momento difícil e apesar de ter estado pouco tempo com ele pude perceber a pessoa fantástica que era», declarou.

Depois deste momento solidário, Rui Borges passou, então, à antevisão da partida com os axadrezados. O treinador do Vitória de Guimarães teceu rasgados elogios à competitividade que tem sido apresentada pelo Boavista, destacando alguns elementos que, do ponto de vista individual, podem causar mossa aos vitorianos. E para que isso não aconteça, o técnico deixa a receita sobre o que a sua equipa tem de fazer.

«Eu olho para os adversários conforme eles são, independentemente da competição. Todos as equipas, qualquer que seja a qualidade individual dos jogadores, criam-nos, do ponto de vista coletivo, coisas diferentes. O Boavista é uma equipa bastante competitiva, intensa, à imagem daquilo que é o clube, que tem essa imagem de marca. É uma equipa bem organizada e forte nos duelos. Apesar de todas as dificuldades que teve para inscrever jogadores, não deixa de ser uma equipa muito competitiva, apesar de não ter resultados muito positivos. Porque mesmo quando não ganharam, e tirando talvez o jogo com o Benfica, foram sempre muito competitivos. Tem gente experiente e capaz de criar bastantes desequilíbrios, como o Bozenik ou o Salvador Agra, e tem também um meio-campo muito bom, com o Reisinho, que voltou a agora e tem muita qualidade, o Seba [Pérez], experiente também. Temos de estar atentos, não só ao individual, mas também da competitividade, mantendo a nossa e estar ao nível do Boavista para conseguirmos impor o nosso jogo e esquecer o que foi a Liga Conferência, porque são jogos e competições diferentes», assinalou.

O Vitória de Guimarães vem de um (histórico) triunfo diante do Celje (3-1) - naquela que foi a primeira vitória de sempre de uma equipa portuguesa na Liga Conferência -, mas antes disso, e para a Liga, os minhotos haviam empatado com o Casa Pia (1-1) e perdido diante do FC Porto (0-3). Rui Borges não se deixa afetar por esses dois resultados e garante uma equipa à imagem do que tem sido ao longo de toda a época. E se assim for, haverá uma grande probabilidade de os três pontos ficarem no Minho: «Nós temos o hábito de vitória, independentemente do empate com o Casa Pia. Eu sou frio e equilibrado na minha análise. O hábito desta casa é ganhar e fazer tudo para ganhar, ficamos muito frustrados quando não ganhamos, mas não vamos conseguir ganhar sempre. Mas temos feito tudo para ganhar, apesar de haver momentos em que não vamos ser capazes, não vamos estar tão bem como queremos e desejamos. Os jogadores não são máquinas e quando falharem é porque o mister devia ter ajudado de mais alguma forma. O que é certo é que eles têm tido sempre o mesmo comportamento, mas do outro lado estão equipas e cada vez mais vai ser difícil quem está do outro lado, porque são equipas que têm qualidade e que olham para nós com respeito. Vamos continuar a ser o Vitória competitivo e sempre a querer ganhar. Mas quando isso não acontece, temos de manter-nos equilibrados, não é uma pedrinha que vai mudar a nossa trajetória. A malta tem tido um comportamento fantástico e tenho a certeza que amanhã não vai fugir a isso e que vamos fazer um bom jogo para no fim sermos felizes.»

O duelo entre conquistadores e boavisteiros é um clássico do futebol português, os adeptos dos dois clubes sentem estes jogos de forma diferente, mas Rui Borges, mesmo respeitando esse dado, diz que o foco está na sua equipa. E conta com o apoio da indefetível massa associativa vitoriana.

«Rivalidade? Percebe-se que existe, claro, mas é muito mais para o exterior do que propriamente para mim. Os jogadores também a sentem de alguma forma, como é lógico, mas nós queremos ser melhores, não adianta pensar muito nisso. O que temos é de pensar na nossa estratégia para o jogo e acredito que vamos voltar a ter uma grande casa no apoio à equipa», projetou o jovem técnico, de 43 anos.