12 julho 2024, 21:17
Vídeo: Rollheiser marca de livre o quarto do Benfica
Argentino entrou ao intervalo e já fez estragos
Aposta no argentino como médio centro pode ser mais que experiência de pré-época. Recordamos os principais casos de sucesso. Aursnes foi a primeira grande transformação com a assinatura do alemão
Foram apenas dois jogos, mas a experiência não terá ficado por aqui: o desvio de Benjamín Rollheiser para o centro do terreno, deixando o lugar de extremo para assumir a posição 8, poderá ser uma aposta séria de Roger Schmidt.
Seja por limitações momentâneas ou puro instinto de treinador, a possível transformação do argentino entronca no imaginário benfiquista que ainda tem frescos na memória três episódios de grande sucesso de adaptações que correram muito bem, todas da autoria de Jorge Jesus.
12 julho 2024, 21:17
Argentino entrou ao intervalo e já fez estragos
A primeira ocorreu com Fábio Coentrão, o antigo extremo que às mãos do treinador português se transformou num lateral-esquerdo explosivo e decisivo, fundamental na conquista do título nacional em 2009/2010 (ganhou ainda uma Taça da Liga em 2010/2011) e que viria a transferir-se para o Real Madrid por €30 milhões.
A outra obra de autor teve Nemanja Matic como protagonista. O sérvio chegou à Luz como número 10, proveniente do Chelsea, englobado na transferência de David Luiz para Stamford Bridge, mas foi a médio defensivo que assumiu grande protagonismo, a ponto de ter convencido os blues de Londres a contratá-lo de novo, dois anos e meio depois, já com uma Liga, uma Taça de Portugal e duas Taças da Liga no currículo.
Mas talvez a adaptação mais surpreendente tenha sido a de Enzo Pérez, que chegou à Luz em 2011 como extremo direito, teve de regressar um ano à Argentina devido a problemas familiares e no início da época 2012/2013 tornou-se um número 8 de alto recorte, decisivo para a conquista de dois campeonatos, uma Taça de Portugal, duas Taças da Liga e uma Supertaça, e posteriormente transferido para o Valência, por €25 milhões.
«Jesus era obsessivo e louco. Todos os dias fazia-me assistir a vídeos das duplas que ele tinha tido e como eles funcionavam. Foi-me marcando coisas em treinos, trabalhos de equipa para eu aprender a posicionar-me e também individuais», contou o argentino, anos mais tarde, em entrevista à Conmebol.
«Motivação para defender é a chave» e o caso de Yu Dabao
Não é todos os dias que se encontra um extremo que se dispõe a trocar a fantasia por um trabalho de maior sacrifício. A «motivação para defender» é a chave para uma adaptação feliz, como recorda Raul José, antigo membro da equipa técnica de Jorge Jesus no Benfica e que testemunhou de perto a transformação de Enzo Pérez em 2012, uma ideia que partiu da cabeça do atual treinador do Al Hilal, campeão na Arábia Saudita. «Mas vai ser preciso muito tempo» para perceber se esta é ou não uma opção válida, até porque terá muito a ver com a forma como Benjamin Rollheiser se adapta a um registo de pressão alta, limitou-se a dizer o agora empresário da restauração, cordialmente escusando a alongar-se mais no tema.
O projeto está em construção e apesar de não ter um histórico tão rico como Jesus, Schmidt também tem uma história para contar: foi ele que transformou, no Beijing Guoan, o ponta de lança Yu Dabao (que chegou a estar nos quadros do Benfica) num central de bom nível para os padrões do campeonato chinês.
Rollheiser poderá transformar-se na segunda grande adaptação no Benfica com a assinatura de Roger Schmidt. A primeira foi com Fredrik Aursnes, norueguês contratado ao Feyenoord em 2022 para jogar como médio centro mas que acabou por se transformar no futebolista mais polivalente do campeonato português, tendo atuado (numas vezes de forma esporádica, noutras de modo mais consistente) em todas as posições, menos a de guarda-redes.
Ao que tudo indica, o internacional norueguês voltará a ser aposta segura a médio esquerdo, num trajeto oposto ao de Rollheiser, que poderá ir de fora para dentro. Estará na forja mais um caso de adaptação feliz?