Rio Ave: Luís Freire luta contra o tempo

Rio Ave com dores de crescimento fruto de uma profunda remodelação no plantel; começo de calendário difícil dos vila-condenses no campeonato; contestação de adeptos em Braga sem eco nos responsáveis do clube

A goleada sofrida em Braga (0-4) deixou os adeptos do Rio Ave bastante descontentes, ao ponto de acenarem com lenços brancos ao treinador Luís Freire. Mas há dados que têm influenciado num menor desempenho da equipa, pois está em processo de crescimento depois de uma profunda remodelação, que levou à saída de 18 jogadores do plantel da época passada e a entrada de 18 caras novas, num grupo de trabalho que tem neste momento 18 nacionalidades.

Há naturais dores de crescimento, subjacentes às grandes mexidas efetuadas, daí que o treinador necessite de mais algum tempo até colocar o Rio Ave no patamar que pretende. Para dificultar ainda mais esta situação, o sorteio do campeonato não bafejou em sorte os vila-condenses, pois nas cinco primeiras deslocações já visou Alvalade, o Dragão, Braga e, depois do Famalicão, terá uma visita ao Estádio da Luz.

No comando técnico do emblema nortenho há mais de três anos, mais concretamente desde 1 julho 2021, Luís Freire, que fez a transição do clube para a SAD no que diz respeito à gestão do futebol profissional, estará sempre sujeito à lei dos resultados, mas em Vila do Conde todos acreditam que os resultados vão aparecer com naturalidade, até porque já deu provas da sua extrema competência, mormente num período conturbado do Rio Ave - esteve um ano e meio sem qualquer reforço (de agosto de 2022 a janeiro de 2024), devido a impedimento de inscrever jogadores por parte do clube na sequência de uma queixa do Raja Casablanca pela contratação de Fabrice Olinga.

Depois de ter feito em 2023/2024 a melhor segunda volta da história do clube, apenas com uma derrota — fora com o Famalicão —, Luís Freire já esperava dificuldades neste começo de época, mas as contingências da construção de um plantel de raiz implicam necessariamente tempo para o trabalho dar frutos. Nessa conformidade, a receção ao Famalicão, já na próxima sexta-feira, reveste-se de extrema importância para serenar um pouco os ânimos, abalados por uma derrota copiosa em Braga, num jogo em que o resultado volumoso não espelha aquilo que os vila-condenses produziram dentro das quatro linhas.

No final do jogo de Braga, Luís Freire não fugiu às responsabilidades e comentou os lenços brancos que lhe foram dirigidos pelos adeptos do Rio Ave. «São uma mensagem de insatisfação. Estou cá há quase quatro anos, subimos da Liga 2 para a Liga, este ano trocámos 20 jogadores. A época passada foi o ano menos e este é o ano zero para fazer uma equipa nova. Esta equipa tem qualidade e capacidade e vai dar respostas boas», prometeu.