Ricardo Velho: «Seleção? Foco esteve sempre em ajudar o Farense»
Ricardo Velho, guarda-redes do Farense. Foto: IMAGO (Maciej Rogowski)
Foto: IMAGO

ENTREVISTA A BOLA Ricardo Velho: «Seleção? Foco esteve sempre em ajudar o Farense»

NACIONAL29.05.202409:30

Guarda-redes com ano inesquecível; focado no Farense; interesse do Sevilha e Borussia Dortmund, como reconhecimento do trabalho

Ricardo Velho foi um dos alicerces da boa temporada do Farense. Foi eleito três vezes guarda-redes do mês, não sofreu golos em sete jogos e foi considerado o jogador do ano para os adeptos do clube algarvio. Números que o deixam satisfeito, a par dos objetivos coletivos cumpridos e de ver o seu nome associado a clubes como o Sevilha e o Borussia de Dortmund… e à seleção nacional. Em entrevista a A BOLA, Ricardo Velho refere querer continuar a crescer e a ajudar o Farense e tudo o que vier depois, será uma recompensa pelo seu trabalho.

- Estreia na Liga com exibições muito elogiadas e três distinções como guarda-redes do mês. Foi uma época que será sempre recordada?

- Sim, foi uma estreia na Liga muito positiva, era algo que eu já ambicionava há muito tempo. Na altura em que eu vim para o Farense, o clube estava na Liga, infelizmente nesse ano não conseguimos a manutenção. Era uma coisa que eu desejava muito, no ano passado conseguimos subir de divisão e neste ano consegui, felizmente, estrear-me na Liga. Foi uma época muito positiva e que recordarei para sempre, por tudo: por ter sido o meu ano de estreia na Liga e por ter sido um ano muito positivo. Foi um sentimento muito bom.

- Que diferenças encontrou entre a Liga 2 e a Liga?

- Não são muitas, encontrei mais ao nível da velocidade do jogo, na Liga é um pouco mais rápido, mas de resto penso que é tudo muito parecido, há muita qualidade em ambas as ligas, as equipas são bem organizadas. Mas eu acho que é mais nessa parte da velocidade do jogo, e num ou noutro momento em que os jogadores da Liga conseguem pôr mais qualidade técnica nos lances.

- Atempadamente, o Farense conseguiu a manutenção no campeonato…

- O nosso objetivo sempre foi esse, tentar atingir a manutenção o mais rápido possível. Foi importante para a equipa durante todo o ano andarmos sempre numa zona tranquila, sem sobressaltos, o que nos possibilitou respirar melhor, ter sempre um melhor rendimento, com a equipa junta, unida e bem orientada, e a estar sempre calma. E conseguimos o nosso tão ambicionado objetivo de uma forma tranquila. Acho que isso foi muito importante para todo o grupo e também para o clube em si, para que possa estabilizar na Liga.

- Quando começou a época, esperavam conquistar essa tranquilidade tão cedo?

- Lá está. Quando começou a época, o nosso objetivo sempre foi conseguir a manutenção. Nós sabíamos que íamos encontrar muitas dificuldades, porque é normal, tínhamos subido à Liga, sabíamos que ia ser um ano de adaptação para muitos de nós e para o próprio clube, mas juntos e fortes, conseguimos manter uma grande união e passo a passo, jogo a jogo, fomos conquistando pontos muito importantes logo desde o início do campeonato e conseguimos nos manter sempre ali numa zona tranquila da tabela classificativa, o que nos possibilitou nunca estar numa situação de aflição e isso, parecendo que não, dá uma tranquilidade muito grande e ajuda os jogadores a conseguirem ter melhor rendimento, melhor desempenho e a crescerem, mostrando a boa qualidade que temos.

- Atendendo à sua produção ao longo da época – muito elogiada - esperava ser convocado para a seleção nacional? É um objetivo?

- O meu foco esteve sempre em ajudar o clube e em conseguir manter o meu nível, porque ao mantê-lo ou ao elevá-lo, eu estava a ajudar o Farense e continuava a crescer. O que viesse, ou o que vier a seguir a isso, é sempre um bónus. Sinceramente, eu não estava à espera de mais do que poder ajudar o clube e dar continuidade ao meu trabalho, melhorar sempre a cada dia, a cada treino, a cada semana, a cada jogo e isso foi possível e deixou-me muito feliz. O que vier a seguir a isso é sempre um bónus, uma recompensa pelo meu trabalho. É sempre a somar, por assim dizer.

Ricardo Velho, guarda-redes do Farense

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Líder nas estatísticas «É sempre positivo e é muito bom vermos o nosso trabalho reconhecido. Mas fico feliz - e fiquei feliz - por ter ajudado o clube a conquistar os seus objetivos e individualmente por ter feito uma época positiva e ter mantido uma boa regularidade»

Sevilha e Borussia Dortmund «Interesse do Sevilha e Borussia de Dortmund? É sempre bom ver o nosso nome associado a coisas boas, fico satisfeito, mas o meu objetivo passa por continuar a melhorar e a evoluir e ajudar o Farense, com o qual tenho contrato, a conquistar os seus objetivos»

Grupo forte e coeso «Um dos segredos da boa época foi termos um grupo forte e muito coeso. Só assim foi possível conseguirmos o nosso tão ambicionado objetivo que era, sem dúvida, a manutenção, o mais rápido possível e a partir daí, tentarmos chegar mais acima na classificação»

O guarda-redes Ricardo Velho em lance com Casper Tengstedt, no Benfica-Farense (Miguel Nunes/ASF)

Inspiração no ídolo Casillas «O gosto pelas balizas começou pelo meu irmão mais velho, que era guarda-redes e passou um bocadinho esse bichinho, e o meu pai também me incentivou. Eles tiveram um papel fundamental», recordou o guardião, indicando também quem mais o inspirou no percurso: «Foi, sem dúvida, o Casillas. Era - e é - um ídolo que ainda tenho. Via todos os vídeos e todos os lances possíveis dele na internet.»

«Os guarda-redes têm que ter uma grande frieza, uma tranquilidade muito acima da média e uma enorme capacidade de resiliência e de força» disse, sobre as características que um guarda-redes deve ter.

Fase do jogo Farense-Sporting (Foto: Maciej Rogowski/IMAGO)

Sporting, Belloumi e Mattheus Oliveira Apesar do Farense ter dado luta nos dois jogos entre ambos, o guarda-redes aponta o Sporting, como o adversário mais complicado que defrontou em 2023/2024. «Em termos coletivos tinham muito boas dinâmicas e muito bem trabalhadas e talvez tenha sido a equipa mais difícil, apesar de nós conseguirmos bater sempre o pé e estar na discussão dos jogos, ambos ficaram 2-3. E a nível individual os jogadores da frente são muito verticais, têm uma qualidade técnica muito acima da média, muito fortes e decisivos», reconheceu.

Ricardo Velho identificou também os colegas de equipa que mais lhe chateavam - no bom sentido - nos treinos: «O Belloumi, que é muito irreverente e com muita qualidade e o Mattheus Oliveira. Eram os que me davam mais trabalho…»

B.I. MÁRIO RICARDO DA SILVA VELHO Nome profissional - Ricardo Velho Data de nascimento - 20 de agosto de 1998 (25 anos) Naturalidade - Famalicão Peso – 88 quilos Altura – 1,88 metros Posição – guarda-redes Percurso – EF Paulo Faria, Vitória de Guimarães, FC Porto, Salgueiros, Trofense; SC Braga, Palmeiras FC (Braga), SC Braga e Farense