Sporting-Benfica, 2-1 Resultado bem magrinho para uma grande equipa: a crónica do dérbi da Taça
Sporting 'massacrou' durante uma hora, mas só marcou dois golos. Benfica cresceu quando (aleluia!) meteu um avançado mais puro
Talvez o jogo pudesse ser resumido por duas frases: o Sporting foi uma equipa; o Benfica foi um conjunto de grandes jogadores. Foi assim de ponta a ponta. O leão massacrou durante uma hora e, sejamos sinceros, não massacrou por intermédio do seu atual maior jogador: Gyokeres. Massacrou porque está muito bem trabalhado, da defesa ao ataque; massacrou porque soube explorar as partes mais débeis do Benfica (colocar Di María e Aursnes no mesmo lado frente a uma equipa poderosa quase parece suicídio); massacrou porque não permitiu qualquer remate ao Benfica, perigoso ou não, enquadrado ou não; massacrou, enfim, porque transformou, durante quase uma hora (primeiro remate, por João Mário, surgiu apenas aos 59’), o campeão nacional e líder do campeonato numa equipa vulgar de lineu.
Porém (há sempre um porém quando se utiliza a palavra massacre e o resultado final é um bem magrinho 2-1), não soube matar o resultado durante essa hora quase brilhante. Mandou no jogo, mandou em todas as zonas do campo, mas só teve um remate perigoso até ao intervalo: o do golo de Pedro Gonçalves. faria depois o 2-0, já no segundo tempo, numa jogada já clássica do leão 2023/2024, com Gyokeres, lançado pela direita, a entrar pela direita e a fazer golo: facílimo e simplicíssimo.
Roger Schmidt, como se sabe, não é propriamente rápido a ler o jogo e a mexer nele. Começou por trocar Bah por Morato, transferindo Aursnes para o lado direito da defesa, o que, não sendo brilhante do ponto de vista tático, ajudou a equilibrar o jogo. Mas só minutos mais tarde, quando se deu a troca de Neres (zerinho à esquerda) por Tengstedt (aleluia! Um ponta de lança!), o Benfica passou a mandar no jogo. Não a massacrar, mas a dominar. Não como equipa, mas como conjunto de grandes individualidades.
Rafa passou a jogar atrás do avançado mais fixo, Aursnes e Di María cresceram um pouco, o campeão do mundo esfregou a lamparina do génio e, num lançamento para o norueguês, aproveitando a primeira brecha na defesa do Sporting, o resultado passou para a margem mínima. Foi a fase mais baixa do Sporting e a mais alta do Benfica. Cheirava, claramente, a 2-2 e o 2-2 acabaria mesmo por surgir. Mas depressa seria invalidado por fora de jogo posicional de Tengstedt.
Tal como o Sporting no primeiro tempo, embora não de forma tão esmagadora, o Benfica mandou no jogo durante a meia hora final, entremeada por alguns lances leoninos de perigo menor, mas não deu a cambalhota final no marcador.
Quem olha para o resultado pode sentir que o jogo foi equilibrado. Não foi propriamente assim. O Sporting dominou de forma clarinha durante uma hora, o Benfica foi superior durante meia horinha. A verdade é que nenhuma das duas equipas conseguiu materializar em golos a superioridade que teve e neste aspeto pode queixar-se muito mais o Sporting. Embora as culpas, se assim podemos dizer, sejam exclusivamente suas.
Teve uma hora de massacre, mas de massacre que lhe trouxe apenas dois golos. O Benfica, à custa de alguns dos seus maiores talentos, equilibrou e conseguiu levar a eliminatória praticamente aberta para o Estádio da Luz. Foi assim porque o Sporting tem um grande treinador e uma equipa muito bem trabalhada e o Benfica tem um treinador razoável e meia dúzia de individualidades que, quando se soltam, são brilhantes. Que vale mais? Ver-se-á na Luz.