Rafa 'contraria' Schmidt
Rafa usando o nome de Eusébio no jogo frente ao Arouca, na recordação dos 10 anos da morte do 'king' (Foto: Pedro Loureiro/Avant Sports/IMAGO)

Rafa 'contraria' Schmidt

NACIONAL07.01.202419:45

Desde que o treinador alemão abordou o tema, eficácia de Rafa passou para quase o triplo; participação direta em quase 33 por cento dos golos da equipa

«Se fosse eficaz, Rafa podia marcar 25 ou 30 golos por época. Tem oportunidades para isso». Estas palavras foram proferidas pelo treinador do Benfica a 16 de dezembro, véspera da deslocação a Braga e na sequência de dois jogos consecutivos que foram verdadeiros festivais de desperdício promovidos pelo internacional português: 12 remates frente ao Farense e seis diante do Salzburgo, tendo marcado apenas um golo em cada partida (11,1% de eficácia no somatório).

Mas parece que as palavras de Roger Schmidt tiveram efeito no avançado: nos três encontros que se seguiram, para a Liga, a efetividade de Rafa na hora de finalizar subiu para 28,6%, resultado dos dois golos apontados em apenas sete tentativas. «Esperamos que continue como até agora, mas com um pouco mais de eficácia», disse também o treinador alemão na referida conferência de imprensa. 

Decisivo em 17 golos

Com o golo que abriu o marcador em Arouca, Rafa passou a somar 10 golos em todas as provas, ultrapassando Di María como melhor marcador das águias. E com o passe para Kokçu fazer o 2-0 elevou para sete o número de assistências, cotando-se como o melhor da equipa neste capítulo. As melhores sociedades do golo dos encarnados na Liga traduzem, aliás, a importância do futebolista natural de Vila Franca de Xira: dois golos do n.º 27 com assistências de Di María e dois passes de golo para Aursnes. 

São, no total de todas as competições, 17 participações diretas em golos (10 golos e sete assistências), 32,7 por cento dos 52 que as águias apontaram desde o primeiro encontro oficial da temporada, na Supertaça frente ao FC Porto (vitória por 2-0).

Cinco golos à ex-equipa

Rafa vai reencontrar, mais uma vez, o SC Braga, clube de onde se transferiu para o Benfica em 2016, por €16,4 milhões e com um Europeu no bolso. A receção aos bracarenses, na quarta-feira, para a 5.ª eliminatória da Taça de Portugal, será a 17.ª partida diante da ex-equipa, que figura como uma das suas vítimas preferidas: marcou por cinco vezes aos guerreiros do Minho (tantos quantos os golos apontados frente a Sporting e Chaves. Melhor só mesmo os seis golos a Arouca, Paços de Ferreira e Famalicão). 

Refira-se ainda que foram tantos os jogos que venceu diante do SC Braga quantos os que não venceu (oito vitórias, dois empates e seis derrotas). Uma vitória desempatará, mas muito mais importante para o jogador e para a equipa será a consumação da desforra da época passada, quando a formação dirigida por Artur Jorge eliminou o Benfica da Taça de Portugal, na Pedreira (vitória nos penáltis depois do empate a uma bola nos 120 minutos).

Volta à Luz após ‘anúncio’ do adeus

O jogo com o atual quarto classificado da Liga será especial para Rafa também porque é o primeiro diante do seu público depois do anúncio que fez após a vitória por 3-0 frente ao Famalicão, na qual foi considerado o melhor em campo. Quando questionado sobre a importância de ter feito naquela noite o jogo 300 pelo Benfica em todas as provas, o internacional português sugeriu que o adeus estava próximo: «É um prazer jogar aqui, quero agradecer aos meus colegas, é com eles que quero partilhar todos os momentos e é disto de que vou ter saudades.»

Em final de contrato, Rafa vai abandonar o clube no final da época. A decisão está tomada por parte do futebolista depois do desacordo para uma eventual renovação, mas pretende sair pela porta grande. «Se assim for, que seja como campeão», sugeriu Schmidt.