Pedro Malheiro fala sobre as negociações entre panteras e águias há um ano, da vontade que manifestou em rumar à Luz e do desejo de deixar dinheiro nos cofres do Bessa
— Fez questão que o Boavista ganhasse com a sua saída?
— Eu sempre disse que se saísse, depois de tudo que o clube me tinha dado, tinha de o ajudar financeiramente, fosse muito ou pouco. Mas é normal ter de olhar por mim, pela minha família. Mas não saí a custo zero nem em final de contrato e consegui ajudar o clube [€2,5 milhões].
— E como vê as dificuldades que o clube continua a atravessar?
— É difícil, mas é um clube incrível, diferente dos outros, e espero que consigam a permanência na Liga.
— Foi muito difícil concentrar-se sabendo que o Benfica queria contratá-lo há um ano, mas que os clubes não chegavam a acordo?
— Foquei-me naquilo que eu controlo: o meu treino, o meu descanso, o que vou fazer nos jogos. Mas o inconsciente leva-te a pensares noutras coisas. É normal, estamos a falar de um passo que pode mudar a tua vida, um clube como o Benfica… mas são coisas que acontecem no futebol e tens de estar pronto para isso. Acabei por jogar o resto da época no Boavista. Tinha duas opções: ou ficava cabisbaixo e deixaria de ter interessados ou tentava ultrapassar isto. Foi o que fiz. Não és tu que decides, tens de engolir e seguir o teu caminho.
— Diz-se que o comboio só passa uma vez. Teme que tenha passado o seu ou acredita no contrário?
— Quando és disciplinado e treinas bem, as coisas acabam por acontecer naturalmente. Se estiver sempre a dar o meu máximo, como faço nos treinos e nos jogos, vai haver um momento ou outro em que as coisas vão acontecer. Quem sabe, é o futebol. Num momento podes cair, no outro podes subir e aí só tens de estar pronto. Eu vivo o dia a dia e estou bastante tranquilo com aquilo que tiver a acontecer. Estou muito feliz aqui num clube com grandes condições.
Lateral direito revela a A BOLA o impacto provocado 'hat-trick' marcado frente ao Antalyaspor. Um momento que nunca mais irá esquecer na carreira
— Mas ficou ou não o bichinho de um dia poder ser novamente uma opção de mercado do Benfica? Porque só não foi porque o Boavista pediu muito dinheiro [€5 milhões] e o Benfica não quis dar…
— Se não aconteceu é porque não tinha de acontecer. Era um passo importante para mim, eu queria ir para o Benfica e disse isso várias vezes ao Boavista. É um grande clube, toda a gente sabe a dimensão que o Benfica tem. Depois tive a proposta de vir para cá e estou a fazer o meu percurso aqui. Quem sabe um dia, não vou estar a dizer que sim ou que não, mas trabalho todos os dias para essas oportunidades surgirem.
— Tem contrato de quatro anos e outro de opção. Onde se imagina aqui a cinco anos, incluindo Seleção?
— Qualquer jogador tem o sonho de representar o seu país. No Boavista não era tão fácil, quem sabe um dia… quando a oportunidade surgir, vou agarrar.
— O que já é capaz de dizer em turco?
— Teşekkurler (obrigado), Gunaydın (bom dia) e Eglence (bom apetite). Quem sabe se não ficarei cá vários anos e aprenderei a falar turco.