Quem é o novo reforço do Benfica? «Beste é incrível nas bolas paradas»
Jan-Niklas Beste é especialista na marcação de bolas paradas

Quem é o novo reforço do Benfica? «Beste é incrível nas bolas paradas»

NACIONAL11.07.202420:00

Carlos Leal, antigo diretor desportivo e atualmente analista, traça a A BOLA o perfil do novo reforço dos encarnados

O universo benfiquista foi apanhado de surpresa quando, esta quinta-feira, o nome de Jan-Niklas Beste foi apontado como o novo reforço das águias para a lateral esquerda. A informação foi, entretanto, confirmada por A BOLA, que apurou que a transferência se deverá realizar por um valor entre os 8 e os 10 milhões de euros. Mas, afinal, quem é Jan-Niklas Beste e como é o perfil do jogador?

Em entrevista ao nosso jornal, Carlos Leal, antigo diretor desportivo de Wolfsburgo, 1860 Munique e Arminia Bielefeld e atualmente analista na cadeia de televisão alemã ZDF, mostrou-se surpreendido com o interesse do Benfica pelo alemão de 25 anos, embora também tenha elogios para o polivalente formado no Dortmund.

«Fiquei surpreendido. Porque o jogador tem o seu valor, mas não é o perfil clássico dos últimos anos para um clube grande português», começou por dizer o analista, embora considere «interessante» a opção de «tentar ir comprar a outras lojas, como o mercado da Alemanha e da Europa do Norte».

Tem uma certa inteligência, uma certa postura. Como não tem um físico portentoso, alguns adversários não o levam a sério, mas depois arrependem-se

Apesar da surpresa inicial, o antigo diretor desportivo frisa que Jan-Niklas Beste é um futebolista com «uma grande atitude em campo» que «dá uma garantia absoluta de dar sempre o máximo», destacando um aspeto do seu jogo: «Uma arma incrível deste jogador é a bola parada, especialmente na última época, assistiu uma série de golos de bola parada. Cantos, livres… de todas as maneiras possíveis. É um grande ponto que penso que levou o valor deste jogador a explodir.»

Carlos Leal sublinha que o polivalente alemão «é forte psicologicamente», já que de outra forma não teria conseguido aguentar num clube como o Heidenheim: «Quem joga alguns anos neste clube, com este treinador, se não suporta a pressão e não tem essa força mental não aguenta. Comparando este clube com outros da Bundesliga, tem menos qualidade individual, mas, como grupo, consegue sempre ter um output máximo e isso só é possível se os jogadores forem fortes psicologicamente.»

E repito, nas bolas paradas foi incrível na última época. Dos pés dele surgia um golo ou assistência, semana sim semana não

O analista frisa que embora o ala de 25 anos seja «rijo e robusto, fisicamente não é um monstro». E explica: «Para o físico que ele tem é forte, mas tem os seus limites, não é uma daquelas máquinas que costumam de estar sempre em campo. Tem outras armas, tem uma certa inteligência, uma certa postura. Como não tem esse físico portentoso, alguns adversários não o levam a sério, mas depois arrependem-se.»

Sobre a relação com os colegas de equipa, Carlos Leal considera que o novo reforço das águias «é uma pessoa muito agradável, não é uma pessoa de show off». E elabora: «Às vezes de fora fazem-se avaliações um pouco erradas sobre o jogador clássico de futebol do dia de hoje, ‘as vedetas’. Mas eu diria que é um jogador… é uma pessoa especial, uma pessoa que tem direção intelectual. Não é aquele exagero a que os jogadores no mundo do futebol nos habituaram.»

Lateral, ala ou extremo?

Jan-Niklas Beste chega ao Benfica para, presumivelmente, jogar como lateral-esquerdo. Ainda assim, foi a extremo que se destacou nas duas últimas épocas ao serviço do Heidenheim. Carlos Leal não tem dúvidas sobre onde o alemão rende mais: «A extremo, ou então a jogar com uma linha de três e a fazer a faixa toda. Mais a extremo, mas não um extremo clássico: tem umas certas qualidades até de número 10, no contra-ataque é uma solução decisiva, cria situações de mais-valia que podem dar golo. Classicamente é o número 10 ou 8 moderno, às vezes é ele que, a partir da faixa esquerda, dá seguimento a um contra-ataque com uma decisão muito valiosa. E repito, nas bolas paradas foi incrível na última época. Dos pés dele surgia um golo ou assistência, semana sim semana não.»

Jan-Niklas Beste tem mostrado aptidão no último terço do campo. Foto: IMAGO

O antigo diretor desportivo revela-se cético sobre a capacidade do lateral para fazer a diferença numa equipa como o Benfica. «Eu acho que é difícil conseguir esses jogadores que fazem a diferença, porque tem de ser a equipa a fazer a diferença», constatou, antes de frisar que não vê Jan-Niklas Beste como o jogador que finalmente fará os benfiquistas esquecerem Grimaldo. «Como não o vejo como lateral, não faria essa leitura. Vejo-o mais à frente, mas às vezes os treinadores têm ideias fabulosas e de facto é possível. O dia a dia do Benfica na Liga consiste em estar mais perto da área do adversário e, como tal, o lateral no Benfica joga muito como extremo, por isso é possível. Mesmo que entre a lateral vai fazer um jogo como extremo, digamos assim», concluiu.