«Quando o meu empresário me falou no Estrela, disse-lhe ‘quero muito’»
Filipe Martins ministra o treino do Estrela da Amadora no Estádio José Gomes. Foto: Roberto Correia/Estrela da Amadora SAD

Entrevista «Quando o meu empresário me falou no Estrela, disse-lhe ‘quero muito’»

NACIONAL17.07.202411:23

Filipe Martins assume, em entrevista a A BOLA, que priorizou o Estrela da Amadora assim que tomou conhecimento do interesse dos tricolores na sua contratação

A chegada de Filipe Martins ao comando técnico do Estrela da Amadora representa um regresso a casa: catorze anos após ter sido um dos últimos capitães de um Estrela na altura moribundo e que chegou a estar inativo, Filipe regressa como treinador principal de um clube renascido, a restabelecer-se no escalão principal e no qual, reiterou a A BOLA, é adepto confesso desde criança.

Cumpre as primeiras semanas como treinador do Estrela, clube pelo qual tem afeto e do qual é reconhecido adepto. O coração falou mais alto?

Não posso esconder que, pessoalmente, não estava à espera que acontecesse nesta altura, até porque o Estrela vinha fazendo muito bem o seu caminho de reerguer-se. Tinha outras coisas em mente e já bastante avançadas, mas a partir do momento em que o meu empresário me disse que havia essa possibilidade, disse-lhe ‘eu quero muito’ e assim foi, as coisas proporcionaram-se de forma a que eu voltasse a casa, acaba por ser a minha casa e onde me formei.

Está satisfeito com as condições que encontrou à chegada?

É normal que ainda esteja um bocadinho a apalpar terreno, mas a experiência está a ser bastante positiva. Temos estado em contacto permanente, muito frontal, e mesmo ao nível de recursos humanos vim encontrar profissionais muito dedicados e humildes, a tentarem o que é melhor para o Estrela e o que friso é que encontrei um clube bastante profissional e organizado. Não podemos perder esse rigor e, se possível, dentro da minha maneira de ver a liderança de um clube, continuarmos a dar passos em frente.

A sua contratação mereceu apoio generalizado entre adeptos e figuras do Estrela. Ser uma figura consensual facilita no momento de começar?

Para quem vem substituir um treinador que fez um trabalho de eleição como o Sérgio Vieira, que fez realmente duas épocas que posso apelidar de brilhantes e fica na história do Estrela porque fez uma subida de divisão e conseguiu manter a equipa - numa última jornada, numa penúltima ou na antepenúltima não interessa, os objetivos foram cumpridos…Sinto realmente um carinho especial das pessoas, em terem ficado contentes. Muita gente que jogou comigo na formação, muitos sócios do Estrela. Alguns deles, cada vez que me viam na Amadora, me diziam: tens de vir treinar o Estrela, o nosso Estrela…e eu dizia-lhes que estava bem entregue. O Estrela está num bom caminho.

Agora treinador, o Filipe esteve também como jogador na última equipa do Estrela antes da sua inativação por vários anos. Temeu na altura que o Estrela pudesse não voltar?

 Os meus últimos jogos no Estrela da Amadora tiveram 50, 100 pessoas se tanto. Foram tempos muito difíceis em que eu quis também dar um bocadinho à casa, porque achei que o Estrela, na altura, também precisava de gente da casa. Eu e o Sérgio Marquês fomos os últimos capitães do Estrela da Amadora antes deste novo ciclo e não posso esconder que foram tempos muito, muito difíceis, que eu estava preparado para enfrentar.

Foi mais difícil para outros, outro tipo de jogadores que não tinha tanta estabilidade, principalmente financeira. Já são águas passadas, temos agora de olhar com muito otimismo para o futuro e aprender a lição, até mesmo os adeptos, que naquela altura não tinham possibilidades para fazer mais do que fizeram, também se foram deixando ir pela descrença. Mas também são os mesmos adeptos que, hoje em dia, conseguem levar o Estrela ao colo e apoiá-lo com muita raça, tanto em casa como fora, porque era isso que definia o Estrela do meu tempo de criança.