Líder da autarquia da Maia, António Silva Tiago, rebate acusações sobre irregularidades na hasta pública dos terrenos que estavam destinados ao complexo de formação do FC Porto; eventual queixa em tribunal terá de ser individual, diz PS
Em sede de Assembleia Municipal realizada esta terça-feira, António Silva Tiago, presidente da Câmara Municipal da Maia (CMM) respondeu às questões levantadas pela oposição, em particular pelo Partido Socialista (PS) sobre a hasta pública dos terrenos onde ia ser edificada a academia de formação do FC Porto. O PS alega que o ato está ferido de legalidade pelo facto de o líder autárquico ter assinado o despacho para publicação em Diário da República sobre a hasta pública de 14 hectares a 22 de março, ou seja, três dias antes da ratificação da Assembleia Municipal.
A haver uma queixa judicial sobre a hasta pública ela será individual porque o PS assumiu não ter tomado nenhuma deliberação nesse sentido. De lembrar que o vereador socialista Francisco Vieira de Carvalho defendeu essa ação na justiça, faltando saber se a vai concretizar em nome próprio.
Imprensa Nacional Casa da Moeda (INCM), responsável pela publicação e verificação da documentação publicada no Diário da República, confirma despacho da câmara sobre a vendas dos terrenos antes da obrigatória aprovação da hasta pública; nulidade do ato pode libertar a SAD do acordo com empresa ABB; «Cumprindo a nossa obrigação de eleitos pelos maiatos, faremos uma queixa judicial», confirma vereador Francisco Vieira de Carvalho
António Silva Tiago foi claro: «O processo não teve imperfeição, tudo isso é mentira e isso é que dói porque a marca Maia é o valor maior que devemos defender. Se fosse verdade era o primeiro a pedir desculpa por haver um erro dos serviços. Os serviços funcionaram bem e o processo está perfeito, fizemos tudo bem feito. Foi o FC Porto, mas podia ir à hasta pública quem quisesse, quem desse mais comprava. Não entendo como se pode fazer tão mal à Maia. Não pedi nada ao FC Porto.»
Mário Nunes Neves, do PSD/CDS, desmente qualquer ilegalidade da parte da autarquia e reforça que a Câmara não tem de devolver os 680 mil euros aos azuis e brancos pela primeira tranche paga pela anterior SAD
Manuel Meireles, do PS, criticou a «promiscuidade e falta de ética» que presidiu ao processo da academia de formação do FC Porto na Maia. O deputado acusou a autarquia de «cumplicidade com Pinto da Costa» dando conta da redução processual «de 40 para 20 dias» para acelerar o dossiê da academia de forma a que fosse apresentada pela anterior direção do FC Porto ainda durante a campanha para as eleições aos órgãos sociais do clube. «Assumam a vossa incompetência e não venham dizer que era coisa boa para a Maia», atirou. O líder camarário foi ainda questionado pela oposição sobre Alexandra Carvalho, diretora do departamento de finanças da Câmara, que terá supostamente admitido que, apesar de processualmente correta, a publicação em Diário da República (que data de 22 de março, com pagamento a 26 de março) só poderia ocorrer após a ratificação da hasta pública pela Assembleia Municipal (que se realizou a 25 de março), e que o processo poderá traduzir-se num ato nulo.