Prestianni e Schjelderup: seis meses para preparar o futuro
Gianluca Prestianni pelo Vélez Sarsfield e Andreas Schjelderup ao serviço do Nordsjaelland (Foto: Instagram e IMAGO)

Prestianni e Schjelderup: seis meses para preparar o futuro

NACIONAL06.01.202408:30

Argentino entra no final do mês para se adaptar; norueguês obrigado a fazer segunda metade da época melhor que a primeira; opções para render Di María e Rafa na próxima temporada

Janeiro é um mês para acertos nos plantéis mas também o ponto de partida para delinear com maior exatidão o futuro das equipas. Porque é a partir dessa data que jogadores em final de contrato podem assinar formalmente por outros clubes e é quando os campeonatos no Hemisfério Sul estão parados, com o mercado local mais ativo. 

É no primeiro mês do ano civil em que se preparam as épocas seguintes na Europa, portanto, e o Benfica não é exceção. Di María e Rafa acabam os respetivos vínculos com as águias e muito dificilmente vão continuar. Por esse motivo torna-se fundamental preparar o terreno e as alternativas. 

A despeito da situação de Benjamín Rollheiser (extremo do Estudiantes que poderá caber no plantel na eventualidade de Gonçalo Guedes não continuar, ele que está cedido pelo Wolverhampton), há no entanto dois casos mais adiantados e considerados prioritários pelos encarnados em termos de desenvolvimento de capacidades para os próximos meses, até porque se tratam de jogadores com muito potencial e nos quais já foi investido muito dinheiro: Prestianni e Schjelderup

O argentino só vai assinar no dia 31, quando fizer 18 anos (não pode fazê-lo antes por impedimentos legais) e nesse mesmo dia os encarnados vão inscrevê-lo, já com todos os os testes médicos feitos previamente. Foi um negócio que o Benfica tinha de finalizar agora para se antecipar à concorrência e por esse motivo os meses que se seguem serão de adaptação para o extremo contratado ao Vélez Sarsfield por €9 milhões (mais €2 milhões mediante objetivos) por 85 por cento do passe. 

O plano das águias não vai fugir muito do que foi posto em pratica com Schjelderup e Tengstedt há um ano: ambos contratados em janeiro de 2023, fizeram alguns jogos pela equipa B, mas descendo da equipa principal. Apesar de ser muito jovem, Gianluca Prestianni vem com um estatuto (e preço) diferente de um jogador de 18 anos da formação do Seixal, pelo que será integrado como reforço, embora em regime de estágio para iniciar a temporada 2024/2025 com  bases mais sólidas e ajudar à mudança geracional. 

O «problema» de Schjelderup

Com apenas mais um ano e meio de vida que Prestianni, Andreas Schjelderup também está a ser preparado para se tornar um jogador preponderante no Benfica a partir da próxima época. Contratado ao Nordsjaelland há um ano, por €14 milhões (já incluindo custos de intermediação e mecanismo de solidariedade), mas percebendo que as contratações de Di María e Guedes lhe retirariam espaço, o extremo norueguês pediu para ser emprestado no defeso ao clube que o projetou, ao que os encarnados acederam, embora numa lógica de prepará-lo para o futuro.

Mas está abaixo das expectativas. «Ele fez bons jogos pelo Nordsjaelland, teve alguns lampejos onde se percebe a sua qualidade e potencial para poder vir a ser um titular do Benfica, mas juntamente com os seus colegas de ataque teve muitos períodos de anonimato», descreve a A BOLA Troels Bager, chefe de redação do jornal dinamarquês Tipsbladet.

Atuando a partir da esquerda do ataque numa tática 4x3x3 mas também formando dupla de avançados num 5x3x2, Schjelderup fez meia temporada de mais a menos, contabilizando até agora apenas um golo e cinco assistências pelo atual 5.º classificado do campeonato da Dinamarca. «Tudo o que tenho tentado mostrar, fi-lo hoje. Apenas tenho de manter-me no meu meu melhor nível de forma mais regular», admitiu o extremo no final da goleada por 6-1 frente ao Fenerbahçe, a 30 de novembro, para a Liga Conferência (prova da qual foi eliminado), um dos últimos jogos da equipa antes da paragem de inverno.

Continuo a considerar que ele vai ser um jogador de topo quando tiver rodagem de Liga dos Campeões e jogos da seleção principal da Noruega

«Nota-se que ele tenta desesperadamente fazer as coisas da melhor maneira para a sua equipa, esforça-se muito, e talvez isto seja parte do problema. Ele trabalha mesmo muito e talvez jogasse melhor se atuasse de uma forma mais relaxada e solta, tal como aconteceu na época passada quando ele foi considerado o melhor jogador do campeonato dinamarquês no outono de 2022», acrescenta o jornalista, que vê no benfiquista muito talento. 

«Continuo a considerar que ele vai ser um jogador de topo quando tiver rodagem de Liga dos Campeões e jogos da seleção principal da Noruega. O ano de 2023 foi um grande desafio para ele, mas acho que vai reagir corretamente e vai aprender a jogar melhor em situações de pressão elevada. E isso só será possível se ele não perder a confiança e não ser tão duro consigo mesmo depois de um mau jogo ou de um mau mês. Ele tem todas as qualidades para fazer um 2024 bem melhor», aponta Troels Bager, concluindo a ideia: «Ele poderá fazer um regresso em grande na primavera quando a liga regressar em fevereiro da paragem de inverno. Ele faz parte de uma equipa muito talentosa e é uma figura muito popular entre os colegas e treinadores. Penso que ele tem condições para causar um bom impacto na segunda metade da época e poderá ir melhor preparado para quando regressar ao Benfica no verão.» 

Essa é também a expectativa de Fredrik Aurnses, que em recente entrevista a A BOLA afirmou esperar muito do compatriota: «É ainda muito novo, mas tem muita qualidade, espero que ele regresse e mostre essa qualidade. Espero que venha a ser um jogador muito importante no futuro. E penso que vai sê-lo.»