Mundial Feminino-2023 Portugal-EUA: A crónica

PORTUGAL MOSTRA A MELHOR VERSÃO NO ATÉ JÁ AO MUNDIAL

Seleção, com desempenhos individuais e coletivo irrepreensíveis, merecia muito mais no jogo com as bicampeãs do Mundo; Qualificação esteve no pé direito de Capeta e só o poste a evitou

No futebol, como na vida, não há vitórias morais, mas o que a Seleção Nacional fez no seu primeiro Campeonato do Mundo tem obrigatoriamente de extravasar os limites do campo. O jogo com os Estados Unidos, um país em que as mulheres que praticam futebol são quase tantas como o todo da população portuguesa, foi, se ainda dúvidas existissem, a afirmação da igualdade, coragem, paixão, competência, determinação e talento da futebolista nacional. Foi desempenho exemplar. A todos os níveis. Por isso, aquela bola saída fulminante do pé direito de Ana Capeta e desviada pelo poste esquerdo da baliza de Naeher, quando o fim da partida já se avistava, merecia outra sorte.

Portugal sabia que teria de vencer para se qualificar para os oitavos - e o avolumar madrugador do score  no Vietname-Países Baixos logo o confirmou -, Francisco Neto devolveu a equipa ao seu modelo original e, com enorme personalidade e sempre com capacidade para ter bola e fazê-la circular com muito critério, anulou as norte-americanas, que só foram superiores durante os primeiros 15 minutos da 2.ª parte. Mas mesmo nesse período Portugal nunca se desintegrou e teve a necessária tranquilidade para reequilibrar forças e obrigar as bicampeãs do Mundo a recuar.

O selecionador, bem, manteve o equilíbrio da equipa e esperou para fazer o all in na bolsa de apostas. O jogo partiu-se, mas foi então que  Portugal teve a qualificação no pé direito de Capeta. A fortuna abraçou as norte-americanas, que acabaram o jogo vulgarizadas e desnorteadas, a defender com uma linha de cinco e a queimar tempo com substituições. Partes de um jogo que confirmou Portugal na elite do futebol mundial. O caminho que agora se desenha é, pois, bem bonito e mais Mundiais e Europeus virão.