Pinto da Costa: «Descobrir que tinha um tumor maligno foi um choque»
Pinto da Costa
Foto: IMAGO

Pinto da Costa: «Descobrir que tinha um tumor maligno foi um choque»

Antigo presidente do FC Porto falou na apresentação oficial do livro 'Azul até ao fim'

Este domingo marcou a apresentação oficial do livro de Jorge Nuno Pinto da Costa, 'Azul até ao fim'. Durante a cerimónia, realizada na Alfândega do Porto, o ex-presidente do FC Porto revelou os motivos que o levaram a escrever a obra: «Comecei a escrever o livro para mim, não queria que ninguém soubesse. Descobrir que sofria de um tumor maligno foi, de facto, um choque. Comecei a escrever para mim porque era uma maneira de desabafar e de me confortar a mim mesmo. Fui escrevendo sobre o que ia sentido no dia-a-dia.»

«Encarei a notícia com realismo, não tenho de me queixar. Tinha 84 anos, hoje estou com 86 e espero fazer os 87. Só tenho de agradecer a Deus a vida que me deu, que me permitiu fazer o que quis, estar sempre com quem queria e saber ignorar os inimigos. A única coisa que peço a Deus é que todos vós durem até aos 86 como eu», referiu, abordando, ainda, a atenção que o livro está a receber: «Antes de o livro ter saído, já está na 2.ª edição. É sinal de que as pessoas se interessam pelo que eu disse. Tem momentos de felicidade e momentos mais desagradáveis.»

Numa cerimónia que não contou com a presença de Sérgio Conceição, Pinto da Costa explicou, também, a escolha da capa do livro, que deu muito que falar: «Sei que a capa do livro chocou algumas pessoas. Tive de fazer uma nota prévia que a escolha foi minha, para que as intenções da editora não fossem mal interpretadas. Para morrer, basta estar vivo. Quando sentimos que já vivemos tanto, acho que devemos encarar a morte com naturalidade, não como uma desgraça.»

Capa do livro de Pinto da Costa

«Entendi que a melhor maneira de mostrar isso era com o caixão. Quis também colocar a bandeira do FC Porto e o título ‘Azul até ao fim’. Mostra que 60 anos da minha vida foram dedicados ao FC Porto. O meu primeiro cartão de dirigente data de 1962. Tenho muito orgulho naquilo que fiz, com a ajuda de muita gente que compôs as minhas direções. Em 42 anos vencemos 2588 títulos. Não fui eu que os ganhei, foi o FC Porto com a ajuda de todos, das direções, dos atletas, dos nossos adeptos, da nossa claque…», afirmou o antigo dirigente.

Por fim, falou sobre o tema funeral e sobre a lista de pessão que não quer que estejam presentes nas cerimónias fúnebres: «Chocou algumas pessoas eu ter falado do meu funeral. Uma coisa que me irrita muito nos funerais é que, cá fora, contam-se anedotas e fala-se de tudo menos do falecido. Não queria que acontecesse no meu. Não por mim, mas por respeito à minha família, aos meus amigos que estarão a sofrer por tê-los deixado.»

«Quando digo que há pessoas que não quero ver lá não é por desejar-lhes mal, é porque sei que a sua presença ia criar um incómodo a algumas pessoas. Não quero ver lá ninguém de luto, de preto, quero ver toda a gente vestida de azul, porque o azul é cor do céu, a cor do manto da Nossa Senhora e a cor do FC Porto», concluiu.