Peyroteo: um regresso ao futuro no Sporting

NACIONAL08.12.202409:30

Depois de Fernando se ter tornado lenda eterna, Diogo, sobrinho bisneto do melhor marcador da história dos leões, também se propõe a fazer história de verde e branco

Peyroteo assinou pelo Sporting!

Pode parecer uma notícia vinda de um passado longínquo. Mas nada mais errado. Falamos do presente. Aliás, para alguns, até pode soar a um futuro que parecia distante.

Obviamente não falamos de Fernando. O Peyroteu dos Cinco Violinos. O melhor marcador da história do Sporting. Aqui a música é outra. O nosso protagonista herdou o apelido da glória leonina, seu o tio bisavô, mas chama-se Diogo. E não joga futebol. Pelo menos, não o futebol tradicional. É atleta de E-Sports, joga EAFC, o antigo FIFA. E foi anunciado como reforço do Sporting para a nova época. Razão mais do que suficiente para nos levar a Alvalade a conhecer o Peyroteo da nova era.

Nos corredores de Alvalade, junto a Diogo, passamos por várias fotos de Peyroteo. O goleador. Quase nem precisamos da legenda para o encontrar. Está quase sempre ao meio e é o dono da bola. Ao entrar no camarote que é ‘casa’ dos E-Sports do Sporting, com vista privilegiada para o relvado, lemos do outro lado do estádio Tribuna Peyroteo.

Diogo Peyroteo, sobrinho bisneto de Fernando Peyroteo, no estádio de Alvalade (A BOLA)

«Sempre ouvi piadas com o meu nome»

Por muito que quiséssemos fugir, não há como. Diogo está em casa. E trouxe com ele o nome de família que é história viva do Sporting.

Agora é a vez de ser ele a rescrever a mesma história. É a ele e aos companheiros que cabe a responsabilidade de estrear o espaço que já existe no Museu, mas ainda está vazio, para os troféus de E-Sports.

Mas isso não lhe pesa. «Desde criança que ouço piadas com o meu nome. Joguei futebol dos quatro aos 18 anos, até era ponta de lança, por isso foi algo que me acompanhou sempre. Mas nunca senti muita pressão, mesmo do lado familiar nunca me colocaram pressão», garante.

De resto, não foi o nome que lhe abriu as portas de Alvalade. Foram os resultados. Diogo Peyroteo começou por representar a BSAD, clube no qual se sagrou campeão, transferiu-se depois para o SC Braga, seguiu-se o Portimonense e um regresso ao conjunto bracarense antes de se transferir agora para o Sporting.

Esse título nacional fê-lo ter a certeza de que aquele era o caminho. Conquistou-o quando ainda estava a estudar, mas quando assinou pelo SC Braga teve a primeira experiência como profissional. Ele que tinha começado a jogar de forma mais séria aos 18 anos.

«Deixei de jogar futebol porque percebi que já não ia ser aquilo que imaginava e porque a paixão pelos E-Sports já começava a crescer. Os torneios também são ao fim de semana e eu tinha de escolher entre ir jogar e participar nos torneios, por isso arrisquei no mundo dos E-Sports. E foi uma boa escolha», reconhece.

Apesar de se caminhar nesse sentido, o reconhecimento da profissionalização dos desportos virtuais ainda não é uma realidade em Portugal. Mas Diogo garante que não sentiu grande resistência quando decidiu enveredar por esse caminho, depois de ter terminado o curso técnico de deporto.

«Inicialmente a minha mãe não apoiou muito, mas com o tempo, e quando começaram a chegar as primeiras conquistas, compreendeu. Mas os meus avós, por exemplo, sempre apoiaram a minha decisão, sobretudo a minha avó», recorda, assumindo, sorridente, que «talvez» seja «o neto querido».

«O melhor que os E-Sports deram? O carinho dos sportinguistas»

Diogo Peyroteo ainda está a dar os primeiros passos como jogador de E-Sports, mas para ele é muito fácil apontar experiências que viveu e que não teria experienciado de outra forma. «Já fui jogar a Londres, à Arábia Saudita, ou à Suécia. Foram todas experiências incríveis», assegura.

Ainda assim, há uma que o marcou especialmente. E não precisou de ir ao outro lado do mundo. Aconteceu sem sair de casa. Ou melhor: ao regressar à casa que já era dele por herança. «Esta última, quando assinei pelo Sporting, claro que foi especial. Todo o carinho que recebi dos adeptos sportinguistas nas redes sociais. Foi algo que só aconteceu graças aos E-Sports», orgulha-se.

De resto, apesar de ter tido o primeiro contacto com o profissionalismo há dois anos, durante parte da época passada, Diogo conciliava um part-time com o contrato com o Portimonense. Porém, não hesita em afirmar que já é possível viver dos E-Sports.

«Claro que não é toda a gente que o consegue. Em Portugal ainda são poucos, mas o campeão do mundo, por exemplo, é português. E já há bastante gente que vive só dos E-Sports».

Mais reservado é quando questionado sobre se é possível haver um novo Peyroteo a fazer história no Sporting. «Espero que sim», atira sorridente, defendendo aquilo que entende seria histórico. «Ganhar um Mundial, sem dúvida. Ou um Major da EA, que são os torneios organizados pela EA. Mas se tivesse de definir um objetivo para este ano seria ganhar a Liga e ser campeão pelo Sporting», aponta, notando que isso também abriria a porta à entrada num Mundial.

E Peyroteo já esteve às portas de um Mundial. Ficou a dois jogos. Será que a sociedade Peyroteo-Sporting volta a dar que falar? Esse é o grande sonho de Diogo.