Peter Schmeichel «Estávamos confusos com Hjulmand e agora surpreendidos por ser capitão do Sporting»
Peter Schmeichel esteve em Lisboa para a SBC Summit. No Sports Stage do evento, A BOLA entrevistou o antigo guarda-redes, campeão pelo Sporting em 1999/2000 e uma das grandes figuras do Manchester United. Na conversa, ocorrida no dia a seguir ao empate do ManUtd com o Twente e antes do Sporting-Estoril, o dinamarquês recordou o primeiro jogo oficial, nas Antas, os tempos de Sporting e ainda a atualidade dos clubes que marcaram a sua vida: Manchester United e Sporting.
O capitão do Sporting é dinamarquês, Morten Hjulmand chegou aqui no ano passado e tornou-se agora capitão. Qual é a perceção que tem sobre esse jogador? Qual é a perceção que existe na Dinamarca sobre ele?
Ele é um jogador interessante, porque, de muitas formas, veio do nada e tornou-se parte da seleção da Dinamarca. Ele partilha o apelido com o ex-selecionador [Kasper Hjulmand], e nós até estávamos um pouco confusos com isso. Disse-te isto antes, o que acontece muitas vezes na Dinamarca é que os jogadores, antes de chegarem às equipas da superliga dinamarquesa, se tiverem talento, são apanhados por clubes mais pequenos na Europa. E muitas vezes aparece-nos um jogador dinamarquês que nunca vimos jogar na Dinamarca. Ficamos surpreendidos. Lembro que ele foi chamado à seleção, e lembro-me dele, em cerca de 15 minutos, antes do fim de um dos jogos. Olha-se e pensa-se que esse tipo tem algo, tem muita fisicalidade, fala muito, porque pode ver-se que ele fala muito [em campo]. Também é uma ameaça. Tem bom remate de longa distância, o que é uma raridade nesses dias. E depois, no Euro2024, ele foi muito, muito, muito bom. Marcou um golo fantástico contra a Inglaterra, mas, infelizmente, viu um cartão amarelo e foi suspenso para o próximo jogo. Mas é o que acontece com muitos jogadores. É um jogador fantástico, mas tenho de dizer que todos estão surpresos com ele ser o capitão do Sporting. É muito cedo na carreira dele, e eu não sei se ele fala português, mas isso diz muito sobre que tipo de jogador ele é. Estamos tão felizes de ter um jogador destes.
Outra surpresa nos últimos dias de mercado foi o Sporting ter contratado um jogador chamado Conrad Harder, também dinamarquês.
Acho que isso surpreendeu muitas pessoas, eu acredito que até surpreendeu os dinamarqueses. Até estou envergonhado porque estou a ler sobre este jogador pela primeira vez e estou bastante feliz. Fez um jogo muito bom durante o fim de semana [na estreia de Harder a marcar frente ao Aves SAD]. Foi o homem do jogo e foi uma das grandes histórias na Dinamarca. Nunca ouvi falar sobre ele antes. Ele é simplesmente um desses jogadores… Sei que ele jogou no Nordsjaelland, mas... É por isso que eu digo, tragam jogadores dinamarqueses.
Se tivesse de escolher um jogador do Sporting, dos que jogou consigo, que jogador você escolheria?
Não, eu... Eu digo-lhe porque é que nós ganhamos a campeonato. Nós ganhamos o campeonato porque nós fomos uma boa equipa. Tínhamos muito bons jogadores em todas as posições, mas não tínhamos um jogador que era a estrela
Provavelmente, era você Peter…
Não, não, não era. Nós tínhamos uma boa equipa. Tínhamos controlo, jogávamos bem, tínhamos um bom sistema, tínhamos um bom treinador, mas não tínhamos um jogador que era um superjogador. Tínhamos jogadores muito bons, Pedro Barbosa, por exemplo, Acosta, um jogador argentino que... Ele era muito diferente como avançado, no seu estilo, mas marcava em todos os jogos. É um clichê, os golos mudam de jogo, mas isso é a verdade. Se se marcam golos, se se defende, ganham-se jogos. E eu acho que foi muito assim. Nós... Quando chegámos a janeiro, reforçámos o plantel com mais três jogadores e a qualidade que nós trouxemos foi muito boa, mas, de novo, não eram super jogadores. Tínhamos uma equipa muito boa e eu acho que é assim que se ganham campeonatos. É por se ter boas equipas, ter pessoas que podem marcar golos e a capacidade de defender como uma equipa também.