Reza a lenda que os alentejanos não gostam de trabalhar e que são excessivamente vagarosos. Pode ser que seja verdade. Ou não. Lenda é lenda e nada mais. A primeira parte da velha tese não foi confirmada pelos jogadores do Lusitano de Évora: correram, lutaram e não deixaram qualquer pingo de suor no corpo. A segunda parte da lenda, porém, foi confirmada em parte pelos jogadores de Pedro Russiano: só aos 84 minutos criaram verdadeiro perigo junto da baliza do SC Braga. Criaram e marcaram por Afonso Sousa, num livre bem estudado, pregando pequeno susto a Carvalhal e companhia. A vida não está fácil para os treinadores de equipas minhotas, tanto tem sido o rodopio de entra e sai, entra e sai, que o melhor mesmo para o SC Braga e Carvalhal era o Lusitano de Évora não passar o pequeno susto a grande susto. E não passou. Fruto dos golos dos irmãos Horta (bela bomba de André, finalização sublime de Ricardo), os bracarenses seguem em frente na Taça de Portugal e vão defrontar o Benfica nos quartos de final. Na Luz e a uma só mão. O jogo teve a tendência já esperada. Mais SC Braga, menos Lusitano; mais ataque dos bracarenses, mais defesas dos eborenses. Os guerreiros tiveram de ultrapassar 20 minutos em que a bola quase sempre embatia no muro alentejano (apenas muro, nada de autocarro), mas quando o ultrapassou foi à bomba, passe o exagero: livre sobre a esquerda, bola a sobrar para Ricardo Horta e este a cedê-la ao mano André para que, de muito longe, abrisse o marcador. Pós-intervalo, o jogo caiu naquele tradicional chove e não molha entre uma equipa poderosa que vence por dois golos e uma equipa de menor dimensão que sabe que tem de melhorar muito para pregar um susto. E só despertou a sério quando, aos 84’, num livre muito bem estudado e ainda melhor executado, a cabeça de Afonso Sousa meteu a bola no fundo da baliza do SC Braga. Foi tarde, sim, mas foi bem merecido.