A BOLA NO EURO «Pensei se Gyokeres seria mesmo sueco, só Zlatan e Larsson marcavam assim»
O que fazem cinco suecos no Euro? Falam do avançado do Sporting
BERLIM — A equipa de reportagem de A BOLA aguardava a abertura da fan zone da capital alemã quando encontrou cinco jovens a jogar à bola na relva da Praça da República. Em tempos aquele foi um espaço de eleição para partidas de recreação, inclusivamente quando a cidade estava dividida pelo muro, mas a fixação do Parlamento ali ao lado, em 1999, condicionou essa rotina.
Mas em contexto de Europeu as regras mudam em benefício do futebol, e ali estava o grupo de rapazes, tronco nu e pé descalço, a jogar com uma pequena bola. Passavam bem por jovens locais, mas afinal viajaram de Lulea, na Suécia. Mesmo sem a sua seleção para apoiar.
«Eu e os meus amigos sempre sonhámos com isto, e mesmo sabendo que a Suécia não ia participar dissemos a nós próprios que tínhamos de vir. Tudo é formidável», explica-nos Hugo Gustafsson, o mais desinibido no contacto com os enviados-especiais de A BOLA.
«Eu estou a torcer pela Itália. Penso que são uma boa equipa, têm um grande treinador, Luciano Spalletti, e eu adoro o Chiesa. É o jogador mais incrível do mundo, parece-me, mas tem estado condicionado por lesões. Mas também penso que talvez seja o momento de Portugal. Talvez! Não vou dizer nada, que vai ganhar, mas tem uma boa equipa. Se Cristiano Ronaldo der aquilo que dá sempre, podem ir longe, talvez até à final. Da outra vez ele lesionou-se na final e é justo ter a despedida apropriada do palco europeu, ter a consagração que merece», acrescenta.
Hugo também deixa elogios a Rafael Leão, mas acredita que este será mais útil numa fase adiantada da prova. «A partir dos quartos de final vai ser a estrela de Portugal. Aí vai ter muito espaço, e contra equipas mais pequenas não vai render da mesma forma. Tem uns pés incríveis, uma grande mentalidade. Vai ser o parceiro ideal para o Cristiano. E depois há o Palhinha. Vai ser a next big thing. É como se dizia do Busquets em Espanha: se vês o jogo, não vês o Palhinha, mas se olhas para o Palhinha vês o jogo todo. Penso que é o jogador mais importante de Portugal. Se ele jogar bem, a equipa faz clique e a força ofensiva vai aparecer», destaca o jovem adepto sueco.
Como Zlatan e Larsson
A dada altura um nome inevitável surge na conversa entre o grupo de adeptos de Lulea e a equipa de reportagem de A BOLA. «Vou ser completamente honesto. Há um ano, quando Gyokeres foi para o Sporting, pensei: ‘Ok, um sueco que vai para o estrangeiro… fantástico!’. Não tinha nenhuma ideia do que ele conseguia fazer, mas lá para dezembro li notícias sobre ele e pensei se seria mesmo sueco, pois só o Zlatan Ibrahimovic e o Henrik Larsson marcavam golos assim. E talvez o Alexander Isak, agora. Ele dá tudo. Vai ser um jogador fundamental para a seleção sueca nos próximos anos. É um jogador incrível, talvez um dos mais entusiasmantes da Europa, neste momento», considera Hugo, assumidamente espantado. «Falei dele com um colega de trabalho que o defrontou quando era mais novo, e não via no Viktor nada de especial. E agora, num estalar de dedos, no espaço de um ano, é o jogador mais entusiasmante da Suécia e do futebol europeu. Todos falam dele, e eu, como sueco, fico orgulhoso. Ter um avançado assim é verdadeiramente único.»
Hugo revela que ficou entusiasmado com as notícias que associaram Gyokeres ao Arsenal, mas considera que o compatriota devia ficar mais um ano no Sporting. Mas caso venha a sair já, então o destino de eleição pode ser outro: «Adorava ver o Gyokeres no Milan, que precisa de um avançado assim, até porque o Giroud está de saída. O Gyokeres entra e pega no legado do Zlatan. Seria um argumento incrível.»