Pedro Gonçalves voltou a rugir
Médio ofensivo está a protagonizar uma época repleta de golos e assistências
O ano é 2020: Bruno Fernandes havia acabado de se transferir para o Manchester United, por um valor recorde para os cofres do Sporting, deixando os adeptos leoninos a suspirar por saudades do médio com melhor aproveitamento individual (estatístico) que pisou o relvado de Alvalade no século XXI.
Substituir o criativo adivinhava-se tarefa difícil para Frederico Varandas, que tinha sido eleito apenas dois anos antes com a responsabilidade de reerguer os leões e equilibrar as contas do clube. No entanto, num golpe de génio, o antigo médico militar foi buscar um jovem cujas exibições ao serviço do Famalicão forçaram o mundo do futebol português a estar atento. 6,5 milhões, 50% do passe e um título de campeão nacional depois, os sportinguistas encontraram em Pedro Gonçalves um novo ídolo.
Na altura com 21 anos, o jovem destacou-se com o brasão dos famalicenses ao peito, somando sete golos e outras tantas assistências em todas as competições (cinco colos e cinco assistências na Liga). Estatísticas muito interessantes para a sua primeira temporada na Primeira Liga, e que não passaram despercebidas aos leões.
A sua época de estreia com o símbolo leonino foi, até hoje, a mais proveitosa na carreira em termos de golos marcados: as redes balançaram 23 vezes depois de a bola sair dos seus pés, sempre no campeonato. O médio ofensivo superou, à data, a concorrência dos principais avançados da Liga – e, em especial, de Seferovic, que entrou para a última jornada empatado com o português, com 20 golos – para conquistar o troféu de melhor marcador, a Bola de Prata, catapultando o clube para a conquista do título que escapava desde 2001/02.
Rúben Amorim nunca escondeu a influência que o português teve na época do título. Por sua vez, procurou sempre protegê-lo quando, na época seguinte, o seu rendimento foi contestado por alguns adeptos. Ainda assim, o médio esteve em 26 golos, distribuídos por todas as competições, somando 15 golos e 11 assistências (oito golos e nove assistências na Liga). Embora tenha marcado menos golos que na época do título, compensou com mais passes certeiros.
Em 2022/23, Pedro Gonçalves voltou a estar em evidência: marcou 20 golos em todas as competições, e fez 13 assistências (15 golos e 11 assistências no campeonato). Nessa época, o médio assumiu a responsabilidade de marcar as grandes penalidades da equipa: foram 6 penáltis na Liga convertidos com sucesso. O título de campeão, porém, voltou a escapar aos pupilos de Rúben Amorim.
E eis que chegamos à época transata, com o Sporting a demonstrar um rendimento de alto nível, com exibições de encher o olho. Gyokeres chegou para revolucionar o ataque do leão, que caça mais vorazmente com o sueco em campo: são 28 golos e 10 assistências para o antigo ponta de lança do Coventry City, e a sua influência está diretamente ligada ao rendimento do português que, até à data, acumula 13 golos e 12 assistências (8 tentos e 9 passes no campeonato).
Desses 13 remates que beijaram a rede, três foram a passe de Gyokeres (o jogador que mais o assistiu); por sua vez, das 12 assistências, cinco foram para o sueco (o jogador a quem mais assistiu). A este ritmo, as estatísticas da época passada serão pulverizadas até junho.
Parceria de sucesso que fez com que os adeptos do Sporting voltassem a sonhar com o título de campeão. Com oito golos e nove assistências na Liga, e isento da responsabilidade de marcar penáltis, a influência do médio contratado ao Famalicão voltou (continua?) a evidenciar-se. Pedro Gonçalves voltou a rugir; mas será que alguma vez o deixou de fazer?