Países Baixos-Turquia: a imortalidade aqui tão perto
Seleção neerlandesa
Foto: IMAGO

ANTEVISÃO Países Baixos-Turquia: a imortalidade aqui tão perto

INTERNACIONAL06.07.202408:00

Equipas chegam motivadas depois das vitórias nos oitavos de final; Países Baixos querem repetir Euro 1988; Turcos procuram vencer e igualar feito histórico de 2008

No mata-mata, apenas a vitória interessa e só o triunfo importará a Países Baixos e Turquia quando se defrontarem, este sábado, às 20h (hora portuguesa) nos quartos de final do Euro 2024. O vencedor desta partida reservará o seu lugar nas meia finais da competição, onde irá defrontar Inglaterra ou Suiça.

Percursos semelhantes...objetivos semelhantes

Países Baixos e Turquia chegam a esta fase depois de terem realizado um torneio de altos e baixos. A Laranja Mecânica até entrou bem no Euro, com uma vitória por 2-1 frente à Polónia, mas um empate frente à toda-poderosa França (0-0) e uma derrota surpreendente frente à Áustria (2-3), colocou os neerlandeses na terceira posição do grupo D e fez soar os alarmes.

Com alguma sorte à mistura, o adversário dos Países Baixos nos oitavos de final foi a Roménia que, inesperadamente, acabou à frente da Bélgica no grupo E. Frente aos romenos, os comandados de Ronald Koeman mostraram toda a sua qualidade e, numa das melhores exibições coletivas do torneio, venceram, tranquilamente, por três bolas a zero.

O percurso da Turquia apresenta algumas semelhanças com a caminhada neerlandesa. Tal como os Países Baixos, os turcos estrearam-se na competição com uma vitória. Neste caso, o triunfo foi conseguido diante da seleção georgiana (3-1). No entanto, a segunda jornada da fase de grupos não correu de feição para a formação liderada por Vincenzo Montella, que, diante da seleção portuguesa, sofreu uma pesada derrota por 3-0. A equipa turca ainda foi a tempo de se redimir e, na terceira jornada, bateu a Chéquia por 2-1, com um golo ao cair do pano, assegurando a segunda posição do grupo F e a, consequente, passagem aos oitavos de final.

Á sua espera nos oitavos, estava a Áustria, que ficou à frente de França e Países Baixos no seu grupo. A prestação na fase de grupos poderia significar que os austríacos chegariam motivados para defrontar os turcos, mas, certamente, não estariam a contar com a inspiração de um herói improvável: Merih Demiral. O defesa central, que já passou pelo Sporting e Alcanenense, resolveu o jogo com um bis (1' e 60'), mandou a Áustria para casa e apurou a sua seleção para os quartos de final.

Laranja quer ser mecânica como em 1988

O auge do futebol neerlandês, a nível de seleções, chegou no ano de 1988. Nesse ano, uma seleção recheada de grandes jogadores, onde se destacavam o trio van Basten, Gullit e Rijkaard, subiu ao lugar mais alto do futebol europeu, quando, na final do Euro 88, a Laranja Mecânica bateu a União Soviética por 2-0.

Para imitar as glórias dos anos 80 e assegurar um lugar na história do futebol neerlandês, a geração de 2024 terá de bater a Turquia e alcançar as meias finais (desde 2004 que não chega a essa fase), tarefa que não se avizinha fácil. Na antevisão à partida, Daley Blind afirmou alertou para os perigos da formação turca e revelou o plano dos neerlandeses: «Vamos ver muita paixão da Turquia. Temos de nos preparar bem e estar atentos. O truque é colocar a mesma quantidade de paixão no jogo da nossa parte, mas também manter a calma com a bola.»

Sem jogadores lesionados ou suspensos, os Países Baixos apresentam-se na máxima força para esta partida.

A figura: Gakpo

Poderia ser o capitão Virgil Van Dijk, mas o compatriota e companheiro de equipa no Liverpool, Cody Gakpo, chega a este jogo motivado pelos dois golos frente à Roménia, que o colocam no topo da lista dos melhores marcadores da competição (em igualdade com mais três jogadores). Frente à Turquia, o jogador de 25 anos quererá voltar a fazer o gosto ao pé e isolar-se como melhor marcador do torneio.

O que disse Ronald Koeman

«A Turquia, tal como a Roménia, tem muito coração quando se trata de disputar os jogos, mas olhamos sempre para nós próprios e para a nossa qualidade. Também tentamos encontrar espaço contra um tipo diferente de adversário. Isso é possível com mudanças. Também treinámos isso. Temos de ser nós próprios.»

«Adeptos turcos? Muitos jogadores da nossa seleção, incluindo eu próprio, têm experiência de jogar contra clubes turcos. Dizemos sempre que é preciso manter a bola, para que eles se calem automaticamente.»

Sistema tático: 4x2x3x1

Onze provável: Bart Verbruggen, Stefan de Vrij, Virgil Van Dijk, Nathan Aké, Denzel Dumfries, Xavi Simons, Tijjani Reijnders, Jerdy Schouten, Donyell Malen, Memphis Depay, Cody Gakpo

Turcos atrás da história

Desde 2008 que a seleção turca não alcança as meias finais de um Campeonato da Europa. Agora, 16 anos depois, os comandados de Vicenzo Montella querem repetir o feito e continuar a sonhar com uma presença histórica na final.

O benfiquista Orkun Kokçu, que nasceu nos Países Baixos, está suspenso para este jogo devido à acumulação de amarelos. Em conferência de imprensa, o médio lembrou o último confronto entre estas duas seleções (6-1 para os Países Baixos), garantido que os turcos querem fazer (muito) melhor desta vez: «Estou triste por não poder jogar desta vez por causa da suspensão. Teria sido um jogo especial para mim. Joguei na partida que perdemos em Amesterdão e nunca esquecerei essa sensação. Por isso, vamos tentar compensar esse jogo.»

Para além de Kokçu, a Turquia não irá contar com o herói do último jogo, Merih Demiral, que foi suspenso pela UEFA após fazer um gesto polémico, associado a um grupo de extrema-direita, quando festejou o seu segundo golo frente à Áustria.

A figura: Çalhanoglu

O capitão turco é o pilar desta equipa. Campeão italiano nesta temporada pelo Inter, Çalhanoglu é a voz da experiência num grupo que conta com o talento jovem de Arda Guler, Orkun Kokçu, Kenan Yildiz e Ferdi Kadioglu. Aos 30 anos e com 90 internacionalizações pelo seu país, o médio procura imortalizar o seu nome na história do futebol turco.

O que disse Daniele Russo (treinador-adjunto)

«Assistimos a todos os jogos dos Países Baixos e continuamos a fazê-lo. Hoje [quinta-feira] vamos começar a experimentar alguns métodos táticos nos treinos, mas o mais importante é a nossa recuperação física e mental. Os Países Baixos também já disputaram grandes jogos e tiveram momentos difíceis. O mais importante é que sabemos onde eles são fracos e onde são fortes. Sabemos como podemos prejudicá-los e vamos começar a tentar pôr isso em prática.»

Vicenzo Montella é o selecionador da Turquia (IMAGO)

Sistema tático: 4x2x3x1

Onze provável: Mert Gunok, Mert Muldur, Samet Akaydin, Abdulkerim Bardakci, Ferdi Kadioglu, Salih Ozcan, Kaan Ayhan, Arda Guler, Hakan Çalhanoglu, Kenan Yildiz, Baris Yilmaz