Paciência é uma virtude, mas valeu uma pilha de nervos (crónica)
Vimaranenses fizeram a festa em Estocolmo (IMAGO)

Djurgarden-V. Guimarães, 1-2 Paciência é uma virtude, mas valeu uma pilha de nervos (crónica)

Vitória teve duas bolas ao poste, Manu Silva marcou um golão e Nuno Santos saltou do banco para garantir três pontos. É de Guimarães a equipa portuguesa com mais triunfos consecutivos nas competições europeias

O ambiente estava «bacano», uso por empréstimo a expressão com que Bruno Varela, capitão dos vimaranense, quando se dirigiu aos colegas no túnel na subida ao relvado, «desfrutem», acrescentou. Mas, isso foi na teoria, porque na prática os conquistadores apanharam uma valente pilha de nervos em Estocolmo.   

Entrada com sinal mais para os homens da casa, mais habituados ao sintético - jogo mais lento e mastigado -, com Nguen, logo aos 23 segundos, a escapar-se pelo lado esquerdo e a criar calafrios junto da área dos conquistadores, com Bruno Varela a opôs-se categoricamente.

O V. Guimarães tentava sair em construção com passes curtos, mas sentiu muitas dificuldades em contrariar a pressão alta dos suecos. O primeiro remate surgiu aos 15 minutos, desenquadrado, com Jesús Ramírez, pela direita, a tentar surpreender o guardião.  

Do outro lado, os nórdicos tentavam ganhar o meio-campo em velocidade, causando grandes dificuldades ao Vitória a encurtar distâncias para travar esse ímpeto. Sacudida a pressão, ou melhor, encaixando as peças no xadrez sueco, os conquistadores foram ganhando metros rumo à baliza e, aos 27 minutos, na sequência de um pontapé de canto cobrado por João Mendes, do lado direito, Alberto surgiu imponente no coração da área, enviando a bola ao poste esquerdo da baliza.

Este lance fez o Vitória crescer, sabendo ser astuto na movimentação, sem tirar o pé do acelerador, apostando nas transições para aproveitar a velocidade de Kaio César, que foi rei no corredor esquerdo do ataque, mas nem sempre tomou as melhores decisões e o nulo ao intervalo era espelho das poucas oportunidades de golo de parte a parte.

Com dificuldades para furar a teia dos nórdicos, o Vitória soube ser paciente (é uma virtude, já diz o ditado popular) e, com passes curtos, procurar a melhor oportunidade para rasgar a defensiva. Até que, aos 58 minutos, Manu Silva rubricou uma obra de arte: o defesa recebeu de pé direito e rematou com o esquerdo, cruzado, descaído para a esquerda, colocando a bola no ângulo superior... esquerdo!

Mas, foi sol de pouca dura, já que, volvidos quatro minutos, Stensson, sem oposição, de fora da área, num remate colocadíssimo, na zona frontal, restabeleceu a igualdade. Rui Borges percebeu que faltava um médio no apoio, mas não foi a tempo de corrigir, só depois mexeu na suas peças, com recurso ao banco de suplentes, em busca de desfazer a igualdade. O Vitória passou, então, por momentos de maior aperto, com os suecos a conseguirem chegarem-se  mais à frente, e Gulliksen a ameaçar o segundo, aos 70’, pela segunda vez a encontrar passadeira vermelha estendida na zona frontal para armar o remate. Na resposta, Jesús Ramírez, acertou... no poste.

O jogo ganhou vivacidade, rapidez e mais perigo junto das balizas. Através de livre direto, superiormente batido por Sabovic, Bruno Varela foi chamado a (mais uma) intervenção de luxo, servindo de incentivo à sua equipa. Aos 79’ Alberto, pela lateral direita, lançou Kaio César na profundidade, e o extremo, com belo cruzamento, serviu Nuno Santos nas alturas que, recém-entrado na partida respondeu da melhor forma. Em vantagem, os vitorianos tiveram na insistência pelos flancos a chave para o sucesso (e mais uma  defesa de Varela, a remate de Sabovic).

E foi desta forma que a campanha europeia de 2024/2025 do Vitória continua a ser, passo a redundância, cem por cento vitoriosa, além de, agora, morar em Guimarães a equipa portuguesa com mais triunfos consecutivos nas competições europeias, oito no total.