«Os pais já incentivam as filhas a jogar e a representarem um clube»
Diana Silva, jogadora do Sporting, fala sobre os 200 jogos ao serviço do Sporting e sobre a forma como o futebol feminino cresceu em Portugal
Em entrevista a A BOLA, Diana Silva, jogadora do Sporting e da Seleção Nacional, afirma que já há evolução notória no futebol feminino em Portugal. Diz a avançada que «os pais já incentivam as filhas a jogar e a representarem um clube», mas ainda nota diferenças face a Inglaterra, onde teve «uma experiência muito enriquecedora».
— Mais de 200 jogos pelo Sporting. Como é que se sente com essa marca tão expressiva?
— É um privilégio. E quero dizer que também estive muitos anos na casa. Já fiz muitos jogos e representei o Sporting durante alguns anos. Houve bastante consistência e tive o privilégio de poder representar um clube grande como é o Sporting em Portugal.
— Já conquistou o título de campeã ao serviço do Sporting e já teve uma experiência lá fora, no Aston Villa. Como foi essa experiência internacional?
— Foi uma experiência bastante enriquecedora. Aprendi muito. Era uma experiência que eu queria muito ter. Até queria ter tido mais cedo, porque achei que já foi um pouco tarde para aquilo imaginei. Mas aprendi muito. Acho que também evoluí muito como jogadora. Em termos físicos, é uma liga super competitiva, é diferente. Precisamos de trabalhar muito fisicamente. Como sabem, o futebol inglês é um pouco mais de transição, de capacidade física. E eu acho que ganhei muito também por isso. E também aprendi outras coisas. A gerir-me emocionalmente.
— Nota-se uma grande diferença ainda no sentido da preparação ou das infraestruturas no toque ao futebol feminino em Inglaterra e em Portugal?
— Sim, porque em Inglaterra todas as equipas são profissionais. E todas as equipas têm imensas condições. É o próximo passo que temos de dar em Portugal. Acho que estamos a fazer um bom trabalho nesse sentido. Já se tem vindo a haver muita evolução, muito crescimento, muitas atletas a surgir. Clubes também a surgir com mais condições. No entanto, ainda é preciso fazer um caminho, ainda algo longo.
— Falando desse caminho, a Diana foi uma das pioneiras deste crescimento. Foi uma das figuras que começou a aparecer quando o futebol feminino também começou a ganhar mais espaço, até mediático. Tem notado esse crescimento da modalidade e da forma como tem crescido o futebol feminino?
— Sim, acho que sim. Penso que tem vindo a haver bastante crescimento no número de atletas que praticam, nas condições que os clubes também já vão tendo, nas pessoas que agora também veem e que sabem que existe o feminino. E se calhar há uns anos, não há muitos, não sabiam. O facto também dos pais já incentivarem as filhas a jogar e a representarem um clube. Isso não acontecia na minha altura. É uma coisa que, hoje em dia, se vê. O tal crescimento em relação aos media e à exposição que nós temos. Acho que está à vista de toda a gente.