Farense-Sporting, 0-5 Os destaques do Sporting: mais um dia de Gyokeres no escritório de Trincão
Lá vai o sueco com seis golos em três jogos. Francisco Trincão foi diabólico em todos os momentos do jogo. Morita, Bragança e Pote em grande nível num leão cheio de saúde
Melhor em campo: Gyokeres (8)
A primeira ameaça surgiu aos seis minutos. A segunda aos 13. A terceira aos 16, aqui com enorme intervenção de Ricardo Velho. Aos 27 o corte de um defesa algarvio foi ter com ele e acabou a conversa: golo. Aos 38 bateu o penálti com segurança e aos 66 veio o hat trick, desta vez mesmo à Gyokeres, com direito a arrancada, desvio do defesa e remate, por acaso de pé esquerdo. Com (ainda) maior acerto podia ter batido recordes. Seis golos em três jogos. Está factual esta descrição, é verdade. Mas onde é que podemos ir buscar mais adjetivos para um jogador que parece ter nascido a marcar golos? Vamos tentar: é um poço de força, um portento de técnica, mostra um enorme compromisso com a equipa e joga até ao final do período de compensação como se tivesse começado minutos antes. E por isso ia fazendo o póquer ao minuto 90.
6 Kovacevic — Tocou pela primeira vez na bola aos 21 minutos, para receber atraso de um colega. Um minuto depois tocou-lhe com as mãos. Na segunda parte foi chamado a intervir por três vezes e fê-lo com autoridade, ainda que em lances de dificuldade média/baixa. É o que se pede a um guarda-redes de equipa grande: saber estar longe do jogo e não falhar quando este lhe chega perto.
6 Eduardo Quaresma — Está a crescer a cada jogo, confiante pela titularidade atribuída por Amorim e pela forma assertiva como consegue resolver a maioria dos problemas defensivos. Muito concentrado nestas tarefas, encontra tempo para se atrever pela frente, mostrando uma versatilidade que está a ser muito útil ao Sporting.
6 Diomande — Imperial em todas as ações. Não foram muitas nem de grande aperto, já o percebemos, mas é interessante verificar que não perde a concentração e a autoridade, um pouco à imagem do que se escreveu sobre Kovacevic. Quase todos os cruzamentos (ou lançamentos laterais) do Farense foram anulados com cabeceamentos do costamarfinense.
6 Gonçalo Inácio — Defensivamente foi certinho, perante a evidente falta de volume de trabalho. Não se limitou a ele e como é habitual iniciou vários movimentos de ataque leoninos, entre os quais o lance que dá o 3-0 a Gyokeres. Aos 53 minutos fez um belo corte, no único cruzamento algarvio que passou por Diomande e constituiu a aproximação mais séria dos donos da casa à baliza de Kovacevic.
6 Geovany Quenda — É um menino cheio de magia e, o que só o beneficia, extremamente atrevido. Tem uma ação determinante e bela no lance que origina o primeiro golo do Sporting e aos 43 minutos parecia mesmo que ia marcar numa daquelas investidas de fora para dentro que o facto de ser canhoto a jogar à direita lhe proporciona amiúde. O remate saiu fraco e ao lado. Sempre a mostrar-se ao jogo e aos colegas, foi também importante no bloqueio prematuro dos ataques do Farense.
7 Morita — Chega a ser impressionante a omnipresença do japonês e a simplicidade de processos que aplica ao jogo, sabendo quando acelerar ou diminuir velocidades. Certeiro no passe e imponente na pressão ao adversário, foi dele a recuperação de bola que chegou a Inácio e depois resultou no terceiro golo. É um seguro de vida no meio-campo leonino, por muito que às vezes mal se dê por ele.
7 Daniel Bragança — É um executante de excelência que tem sabido acrescentar potência e intensidade ao seu futebol. Sofre faltas atrás de faltas sem um ai e também as comete, tanto que foi o único sportinguista amarelado e logo aos 10 minutos. Fez o remate que Ricardo Velho bloqueou e cuja recarga permitiu a Gyokeres o 1-0 e foi dele o passe/cruzamento que acabou por resultar no penálti do 2-0.
6 Geny Catamo — Aos 5 minutos já era protagonista de duas jogadas de perigo, uma delas perto do golo, a passe de Trincão. É uma seta apontada à área contrária e à linha de fundo adversárias. Está sempre disponível e é dono de uma habilidade rara. Com a entrada de Nuno Santos (63 minutos) passou para a direita e mostrou que pode ser ainda mais perigoso nessa ala em que se estabeleceu na época passada.
8 Francisco Trincão — O Sporting passa por um período de grande fulgor físico e a maior prova desta ideia é a forma como Trincão se dá ao jogo do primeiro ao último minuto. Aos 90+3 ainda andava a recuperar bolas perto da própria área e ofereceu a Gyokeres a possibilidade do 6-0. Além de mostrar pormenores técnicos deliciosos, foi um diabo à solta entre as linhas do Farense, derivando bastas vezes para o meio, dada a presença de Quenda na direita, o seu lugar original. Foi o dínamo do jogo leonino e merecia quase tanto como Gyokeres o estatuto de melhor em campo.
7 Pedro Gonçalves — É arte em movimento. Jogador desequilibrador e ao mesmo tempo lutador, encontra várias formas de rematar à baliza e criar perigo. Desta vez não marcou, mas serviu Bragança no lance do 1-0 que Gyokeres acabaria por finalizar e assistiu Nuno Santos, em livre de laboratório, para este forçar Lucas Áfrico ao autogolo do 4-0 aos 69 minutos.
6 Nuno Santos — Parece claramente o proprietário da posição de ala esquerdo. Vindo de lesão, entrou cheio de vontade no jogo e fez o cruzamento que Lucas Áfrico desviou para autogolo. Mas aquele cruzamento parecia mesmo destinado à baliza do Farense, tocasse em quem tocasse.
7 Marcus Edwards — Em menos de 20 minutos fez gato-sapato de uma defesa algarvia já bastante desgastada e fechou a goleada com uma obra de arte suprema: arrancou antes do meio-campo, passou duas vezes pelo mesmo adversário, iludiu mais dois e atirou para a baliza.
5 Debast — Entrou ao mesmo tempo que Edwards e nada se notou nas dinâmicas sportinguistas, quer ofensivas quer defensivas, o que quer dizer que cumpriu.
— Matheus Reis — Minutos para a estatística da Liga.
— Dário Essugo — Idem.