Os destaques do FC Porto: dois aceleradores são poucos para travar a fatalidade
Pepe e Francisco Conceição agitaram como puderam, mas não tiveram o devido acompanhamento; erro colossal de Wendell, Iván Jaime tarda em revelar-se
O melhor em campo: Pepê (nota 6)
Foi, na companhia de Francisco Conceição, o único capaz de queimar linhas, sempre de cabeça levantada e bola dominada. Cada aceleração do brasileiro aproximou mais a equipa do golo, muito embora há uma grande diferença entre volume ofensivo na área adversária e capacidade de decisão (da última decisão). Dito de outra forma, Pepe precisaria que a equipa estivesse mais inspirada para que cada arrancada sua, em movimentos verticais, sobressaísse nesta nova pele de segundo avançado. Ganhou o penálti, podia ter feito melhor aos 70’ quando a bola picada sobre Andrew passou muito por cima da barra e por centímetros não fez um arco perfeito para o 2-0, fora da área. Aos 88’ o músculo cedeu. E de certa forma o FC Porto também.
Diogo Costa (5) – Passou o jogo quase todo em modo de controlo à distância, sem sentir o perigo de perto, limitando-se apenas a trocas de bolas com os defesas. Só aos 88’ teve a primeira intervenção relevante, saindo a soco a um cruzamento da esquerda, ainda sem saber que, não muito tempo depois, aos 90+4’ iria sofrer um soco no estômago, vendo Thomas Luciano cabecear nas barbas dele para o golo do Gil Vicente.
João Mário (5) – Continua a beneficiar do protagonismo ofensivo de Francisco Conceição que obriga os adversários a terem quase dois jogadores para marcá-lo e travando ímpetos ofensivos naquele corredor para a equipa não ser apanhada em contrapé. Mas nem esse maior à-vontade deu asas a João Mário: nas poucas vezes que teve liberdade para ferir, limitou-se a fazer cócegas.
Pepe (6) – Jogou o encontro quase todo com a cabeça ligada após um choque com Rúben Fernandes e foi cosido ao intervalo. Para ele, apenas mais um dia no escritório, porque em boa verdade o corte na careca em nada o limitou. Seguramente que para o capitão a dor maior não foi essa.
Otávio (6) – Aos 65’ festejou um corte na cara de Alipour, impedindo um possível golo do Gil Vicente, como se de um golo se tratasse. Aquele era uma espécie de momento de afirmação de um jogador recém-chegado, que poderia ficar sublimado se aos 75’ não tivesse visto Gabriel Pereira fazer uma defesa de cabeça de um remate do ex-jogador do Famalicão. Viu, nas costas, Thomas Luciano cabecear para golo, deitando por terra tudo o que de bom havia sido feito.
Wendell (3) – Fica diretamente ligado ao resultado pela total perda de referências de espaço e de tempo na leitura deficiente que fez do lance do golo do empate do Gil Vicente. Ao cruzamento largo de Félix Correia do lado direito o lateral-esquerdo brasileiro decidiu fechar por fora quando as regras mais básicas determinam que o faça por dentro, nem que seja apenas para pressionar. Erro clamoroso.
Varela (4) – Depois do excelente jogo diante do Arsenal esperava-se mais do argentino. Mas foi um jogo de limitações claras, fosse do ponto de vista físico ou de ideias (ou da falta delas). Demasiadas lateralizações, algumas recuperações e pouco mais. Ficou nos balneários ao intervalo.
Eustáquio (6) – Tentou aproveitar a titularidade para marcar pontos na disputa do lugar com Nico González, explorando uma das suas características que diferem do espanhol: a chegada à área. Gabriel Pereira tirou-lhe um golo certo aos 45+9’ e teve influência na jogada que provocou o penálti do Gil Vicente.
Francisco Conceição (6) – Imprevisível, sempre ligado à corrente, pôs a equipa a canalizar muito jogo ofensivo pelo lado direito do ataque porque ali morava um dos poucos jogadores que não oscila entre modo Champions e modo Liga. Esteve sempre muito perto ora de marcar, ora de fazer a assistência certa, mas para o último passe resultar é necessário que tenha a devida sequência.
Iván Jaime (4) – Titular na vez do herói Galeno, acusou demasiado a responsabilidade. Alex Pinto nunca lhe deu espaço nem veleidades, obrigando-o a procurar zonas interiores para tentar usar a sua boa técnica individual. Melhorou um pouco na segunda parte, estando perto do golo (remate em arco fora da área defendido por Andrew), mas foi pouco para quem tanto promete, mas tarda em cumprir.
Evanilson (6) – Voltou aos golos, mas não às exibições de encher o olho. Marcou, é certo, mas apenas na recarga do penálti defendido por Andrew. Muito marcado, tentou jogar em apoio, mas faltou-lhe o instinto de outras noites. Na melhor jogada individual mostrou o bom e o mau: arrancada portentosa mas pouca frieza na cara de Andrew.
Grujic (6) – Com a sua entrada em campo a equipa ganhou maior agressividade e velocidade. O golo do FC Porto nasce de um passe seu para o interior da área, à procura do colega de meio-campo Eustáquio, um tipo de movimento que não se vira na primeira parte. Contribuiu decisivamente para o melhor período dos azuis e brancos durante o jogo.
Galeno (4) – Começou no banco depois de ter sido o herói a meio da semana, diante ao Arsenal. Uma decisão que estará seguramente justificada pelo excesso de competição nas pernas. Foi chamado aos 68’, mas pouco ou nada trouxe ao jogo.
Toni Martínez (-) – Entrada na parte final da partida, para dar o descanso possível a Evanilson. Sem tempo para mostrar serviço, apenas para algumas corridas à procura de evitar as saídas a jogar dos centrais contrários.
André Franco (-) – Seis minutos em campo mais outros tantos de compensação a sem causar qualquer impacto positivo no jogo.
Nico González (-) – Outro que entrou, pouco acrescentou e viu o adversário marcar o golo fatal.