Os dedos sem anéis do sr. dragão (crónica)
Samu empolgou o Estádio do Dragão com segundo golo

FC Porto-Hoffenheim, 2-0 Os dedos sem anéis do sr. dragão (crónica)

NACIONAL24.10.202423:10

Mais importante do que ser brilhante, era ficar com os três pontos. A potência de Tiago Djaló e o golo 'gyokeriano' de Samu deram justiça ao resultado

De novo sem exibição de gala, bem longe disso, o rendimento prático do FC Porto vai subindo com o decorrer das jornadas da Liga Europa: derrota em casa do Bodo/Glimt, empate no Dragão com o Manchester United e agora triunfo sobre o Hoffenheim. Após o colapso na Noruega e o dramático final frente aos reds ingleses, os três pontos sabem a mel.

O povo, na sua eterna sabedoria, tem uma frase que explica bem o que aconteceu nos 90 minutos desta terceira jornada: foram-se os anéis, ficaram os dedos; foi-se o brilhantismo, ficaram os três pontos. Que são, nesta altura da época do FC Porto e na sequência de apenas um ponto nas duas primeiras jornadas da prova, o mais importante.

Vítor Bruno colocou em campo um onze que seria quase consensual entre os portistas. A única surpresa, na nossa perspetiva, surgiu na titularidade de Iván Jaime em detrimento do bem mais hercúleo Eustáquio. E tenacidade é, como se sabe, arma importante quando se defrontam equipas alemãs.

O espanhol é muito mais virtuoso do que o luso-canadiano, claro que sim, mas esse virtuosismo demora a aparecer, após início de temporada com bem razoável rendimento. Assim, na aparente impossibilidade de Fábio Vieira ser, desde já, titular, na sequência do jogo bem apagado frente ao Sintrense, esperava-se a entrada de Eustáquio para o onze inicial. Não aconteceu e, sejamos justos, Iván Jaime voltou a passar ao lado do jogo.

Acabou por ser uma vitória sofrida, apesar de o 2-0 poder indicar algo contrário, pois os alemães foram sempre mais fortes na primeira metade do jogo, estando por duas vezes bem perto de chegar ao golo. Tiveram mais bola para jogar, muito espaço para tentar atacar a baliza de Diogo Costa, deixando a sensação de que, a qualquer momento, poderiam marcar.

Não o fizeram e, quando o relógio caminhava para o suspiro final do primeiro tempo, um livre estudado do FC Porto, marcado por Francisco Moura após simulação de Alan Varela, levou a bola ao lado direito da área alemã, onde Nico González a amorteceu, para trás, na direção do pé direito de Tiago Djaló. Depois, a potência de remate do defesa portista colocou a bola no fundo da baliza de Baumann.

Talvez não fosse o resultado que melhor expressava o que se passara até então, pois o Hoffenheim, por duas ou três vezes, esteve perto do golo. Larsen de cabeça (9’) e Hlozek após jogada individual (44) estiveram pertíssimo do golo, na sequência do maior domínio do jogo.

A vantagem magra dos dragões ao intervalo camuflava, de algum modo, a história real do primeiro tempo. O Hoffenheim esteve quase sempre confortável até ao remate certeiro de Tiago Djaló, mostrando segurança no jogo rendilhado com que entrou no Dragão.

Após o intervalo, já mais confortável com a vantagem no marcador, o jogo do FC Porto melhorou muito, enquanto o Hoffenheim pareceu demasiado afetado pela desvantagem no marcador.

O jogo, porém, continuava demasiado equilibrado para podermos dizer, com segurança, que estava mais perto de acontecer o 2-0 do que o 1-1.

Até que, aos 75 minutos, numa jogada algo gyokeriana, Samu aproveitou um alívio em profundidade da defesa portista, aproveitou muito bem a hesitação de Stach, foi velocíssimo a procurar a área alemã, fez um compasso de espera quando se encontrava na frente do guarda-redes e com um defesa ao lado e, depois, teve um remate fulgurante para o 2-0 que cedo se percebeu que muito dificilmente não fecharia o resultado.