Os danos laterais causados pelo FC Porto

NACIONAL10.11.202408:45

Martim Fernandes, Francisco Moura e João Mário representam, juntos, 10 assistências na Liga, mais do que um conjunto de seis jogadores do meio-campo e ataque

Galeno e Samu são os goleadores de serviço do FC Porto e quando se fala de Liga é notória a influência da dupla nos níveis de eficácia do conjunto de Vítor Bruno: o brasileiro soma oito golos no campeonato e o jovem espanhol, chamado à seleção principal pela primeira vez, sete.

Mas no que toca a assistências, a história é completamente diferente: são os laterais da equipa que mais contribuem para os golos dos azuis e brancos na Liga. Mais do que todos os médios e avançados juntos. Martim Fernandes, Francisco Moura e João Mário têm 10 assistências na principal prova nacional, enquanto Nico e Iván Jaime, com duas cada, Alan Varela, Gonçalo Borges, Pepê e Fábio Vieira, representam oito passes para finalizações.

Nesse domínio, Martim Fernandes tem estado em foco. O defesa direito, de apenas 18 anos, somou quatro assistências nos últimos dois jogos do campeonato, frente ao Aves SAD e Estoril. Contra os minhotos foi fundamental no hat trick de Samu, com dois passes para o ponta de lança, num jogo em que o FC Porto alcançou a vitória mais generosa da temporada e ainda por cima fora de cada: 0-5. Frente aos canarinhos, novo bis de assistências, desta feita para benefício de Namaso e Galeno em nova goleada (4-0) dos portistas.

Francisco Moura e João Mário têm três assistências cada. No total, Moura tem quatro na Liga, mas uma foi ao serviço do Famalicão. Desde que está no FC Porto manteve esse bom hábito de se envolver na dinâmica atacante dos dragões, num vaivém pelo seu corredor que o tornam um dos futebolistas mais pendulares da equipa.

Uma verticalidade que também é um dos pontos fortes de João Mário, ainda que ultimamente o número 23 tenha visto o seu domínio colocado em causa pelo talento e habilidade de Martim Fernandes. Dois perfis de laterais diferentes com quase a mesma dimensão no que respeita a assistências, o que para o treinador funciona bem, porque estando um deles cansado, sabe que o outro também será capaz de desbravar caminho para o golo.

A arte de encontrar os atalhos mais indicados para as áreas adversárias é, portanto, dominada pela perfeição pelos três defesas, sendo importante lembrar que dos 27 golos marcados pelo FC Porto no campeonato, 20 foram de bola corrida e os restantes resultantes de cinco penáltis, um pontapé de canto e um lançamento lateral que se tornou objeto de debate: foi frente ao SC Braga, quando o apanha-bolas Gonçalo Cruz repôs rapidamente a bola e contribuiu para o golo de Pepê que decidiu o jogo a favor dos azuis e brancos, numa vitória difícil por 2-1 sobre os minhotos. Curiosamente… é lateral da equipa de sub-15.

Moura e a Luz: da magia ao abismo

Francisco Moura tem a melhor e a pior recordação da Luz: pelo SC Braga marcou dois golos no triunfo  dos minhotos por 3-2 no reduto das águias. A magia de uma jornada inesquecível, a 8 de novembro de 2020, deu lugar a uma memória dolorosa quando 10 dias depois se lesionou com gravidade, num treino.

Contraiu uma entorse do joelho esquerdo com lesão do ligamento cruzado anterior e foi submetido a uma intervenção cirúrgica. Voltou a competir nove meses depois. Um momento de provação que lhe moldou o caráter. Hoje é indiscutível na equipa do FC Porto.

Portista Francisco Moura eleito defesa do mês

4 novembro 2024, 17:28

Portista Francisco Moura eleito defesa do mês

Lateral-esquerdo venceu por larga expressão a concorrência de Gonçalo Inácio (13,68%) e do benfiquista Álvaro Carreras (12,82%) para melhor defesa de setembro e outubro

Um momento duro recordado esta semana pelo jogador no programa 'Futebol arte', da Sport TV: «É o pior que pode acontecer a um jogador, ainda para mais esse tipo de lesões que deixam traumas. Passei por momentos difíceis que consegui superar, também com o apoio familiar que tenho. Com o passar dos anos sinto cada vez menos isso. No ano a seguir à lesão fiz muitos jogos, mas ainda sentia um pouco aquilo que tinha passado. Mentalmente e também o joelho ainda me doía algumas vezes, mas com o passar do tempo, com o passar dos jogos, fui cada vez me sentindo melhor»