Cristiana Carvalho, advogada de Fernando Saúl, não tem dúvidas de que as declarações do antigo presidente do FC Porto podem ser extremamente importantes no processo
A decisão instrutória da Operação Pretoriano foi conhecida na tarde desta quinta-feira e a juíza Filipa Azevedo optou pelo despacho de pronúncia, ou seja, levar todos os 12 arguidos a julgamento.
Juíza do processo entendeu que as provas do Ministério Público são devidamente fundamentadas e, como tal, o antigo chefe dos Super Dragões vai mesmo ser julgado
No final da audiência, que decorreu no Tribunal de Instrução Criminal (TIC) do Porto, nenhum dos arguidos presentes quis prestar declarações, mas Cristiana Carvalho, advogada de Fernando Saúl (antigo Oficial de Ligação aos Adeptos do FC Porto), respondeu às questões colocadas pelos jornalistas e não escondeu a sua estupefação pela decisão da magistrada, mostrando-se totalmente convicta de que o seu cliente será absolvido em sede de julgamento.
«Estou completamente desiludida com a Justiça a partir do momento em que há abertura de instrução, prova indicada e visionamento de imagens, e que não se altera uma vírgula à acusação. Não concordo em absoluto. O que eu acredito é que em sede de julgamento vamos ter as provas de que, efetivamente, as coisas não foram como constam da acusação e adoraria que o Tribunal de 1.ª Instância que vier a julgar os arguidos enviasse para cá a sua decisão. O próximo passo será a marcação do julgamento e, como tal, iremos preparar a defesa, juntar a contestação, testemunhas e prova. Como está o meu cliente? Incrédulo! Como estão todos. Não retirar uma vírgula [à tese do Ministério Público] é algo que não lembra a ninguém. Claro que era preciso ter muita coragem para alterar a situação da coautoria. Eu disse isso nas minhas alegações. Mas eu já nem vou por aí. Há pequenos factos que poderiam ter sido alterados e que não foram. Não lhe vou responder qual vai ser a minha estratégia, mas com certeza não será muito diferente da instrução, atendendo a que o meu cliente não cometeu qualquer crime e não tenho grandes dúvidas de que será absolvido», assumiu aos jornalistas.
Cristiana Carvalho foi depois questionada sobre a importância das eventuais declarações a serem prestadas por Pinto da Costa - Fernando Saúl, recorde-se, trabalhou mais de duas décadas nos dragões, quando o clube era dirigido pelo histórico dirigente - e também nesta matéria, nomeadamente sobre um pedido de audição a Pinto da Costa para memória futura, foi perentória: «Tenho a dizer que recebi um despacho há poucos dias e estava a aguardar a decisão instrutória para falar sobre isso. Dizia que teria que vir juntar aos autos um documento comprovativo da situação clínica da testemunha que pretendia ouvir para memória futura e que era Jorge Nuno Pinto da Costa. Ora, muito me espantou, atendendo a que, primeiro, não é a advogada de um arguido que vai falar com uma testemunha, nem é uma testemunha que vai falar com um arguido ou um arguido com uma testemunha. Portanto, eu não tenho de juntar qualquer documento. Eventualmente o tribunal, e é isso que irei responder amanhã ou ainda hoje, terá que oficiar essa testemunha para vir dizer se pretende vir prestar declarações, se tem algum impedimento ou quando o pode fazer. Isto sim, seria o correto. Se a Comunicação Social serve para sustentar uma acusação, também servirá para sustentar que Jorge Nuno Pinto da Costa está muito doente. Pinto da Costa tem de ser ouvido, é uma testemunha fulcral, mas não sou eu que tenho de juntar um atestado médico.»
Recorde-se que além de ficar a saber-se que os 12 arguidos na Operação Pretoriano vão mesmo a julgamento, a juíza também decidiu não alterar as medidas de coação a Fernando Madureira, sendo que, desta forma, o antigo líder dos Super Dragões vai continuar em prisão preventiva.
Após a leitura da decisão instrutória, ficou a saber-se que o antigo líder da claque do FC Porto vai manter-se em prisão preventiva