O verão em que o mercado entrou em saldos
João Neves tinha cláusula de €120 milhões, mas Benfica vendeu-o ao PSG por 60 (foto Imago)

O verão em que o mercado entrou em saldos

INTERNACIONAL31.08.202408:15

Janela de transferências fechou-se nas 'Big 5' (Inglaterra, Espanha, Itália, Alemanha e França). Pela primeira vez em 11 anos e incluindo a crise da Covid-19, nenhuma compra ultrapassou os €75 milhões

Os tempos são claramente de contenção e as loucuras de outras temporadas são, cada vez mais, coisa do passado. Os efeitos dos processos de fair play financeiro da UEFA começam a ser visíveis na forte redução dos valores pagos nas transferências do futebol europeu e o mercado de verão, que ontem se fechou em Inglaterra, Espanha, Itália, Alemanha e França, foi a primeira em 11 anos sem qualquer movimentação acima de 75 milhões de euros — longe vão os tempos em que o PSG pagava 222 milhões por Neymar (2018) e 180 por Mbappé (2019), em que o Barcelona despendia 135 milhões de euros por Dembelé (2018), em que o Atlético Madrid gastava 126 por João Félix ou o City ia aos 117,5 por Grealish.

Nos registos fica que a mais alta deste agosto de 2024 foi a que envolveu Julián Álvarez, pelo qual o Atlético Madrid pagou 75 milhões de euros ao Manchester City. Nenhuma outra ficou acima deste valor. E, falando nos citizens, detemo-nos numa nota curiosa e reveladora de como o fair play financeiro tem uma influência gigantesca nos valores e nas práticas atuais.

Com efeito, em risco de, inclusive, poder descer de divisão em Inglaterra por conta das 115 acusações — por parte da Premier League — de violação do fair play financeiro desde 2009/2010, o City gastou apenas 25 milhões de euros em contratações, ao passo que encaixou €141 M em vendas, o que corresponde a um saldo positivo de 116 milhões — em Inglaterra, só superado pelo do Leeds, com lucro de €133 M.

Pedro Neto e João Félix custaram 112 milhões de euros ao Chelsea (foto Imago)

Ainda assim, é na Premier League — que na época passada, recorde-se, castigou Everton e Nottingham com perda de oito e quatro pontos, respetivamente, por conta de violações do fair play — que encontramos o clube que mais gastou neste mercado de verão: o Chelsea, com um total de 261 milhões de euros investidos em 28 (sim, vinte e oito!) contratações, entre elas as de Pedro Neto (60 milhões de euros), João Félix (52) e Renato Veiga (14).

Pegando na deixa dos jogadores portugueses, sublinhe-se os lugares de destaque em que voltam a surgir no mercado: contas feitas, são quatro os que surgem no top 20 das mais caras transferências deste verão: João Neves (€60 M) e João Palhinha (€51 M) juntam os seus nomes aos dos já mencionados Pedro Neto e João Félix.

Noutra conta, somando as dez maiores transferências de jogadores lusos este verão, o valor total é de 331,4 milhões de euros! Juntam-se ao quarteto já referido Fábio Carvalho, Vitinha, Rodrigo Gomes, Mateus Fernandes, Paulinho e João Cancelo, por quem o Al Hilal pagou 25 milhões de euros ao Man. City.

E atenção que, tal como em Portugal e no Brasil, o mercado da Arábia Saudita só fecha na segunda-feira. E dinheiro é o que não falta naquelas paragens do globo...