O som que nunca queremos ouvir

Pontapé de Estugarda O som que nunca queremos ouvir

INTERNACIONAL19.06.202409:00

Dramas existenciais ao sexto dia do Euro 2024

Os anos passam e o drama continua. Em muitos países europeus, quando peço uma garrafa de água esqueço-me sempre que, por defeito, trazem-me com gás. Umas vezes por delicadeza, inércia ou simplesmente porque me fazem mudar de ideias, aceito-o. Afinal dizem até faz bem. O grande problema é quando sou eu a cometer o erro. É um mistério ao qual nunca consegui nem conseguirei dar resposta, mas a verdade é que sou péssimo a ler rótulos, seja do que for (à exceção dos vinhos).

Acho que é por falta de paciência. Não foi por pessoas como eu que a União Europeia criou normas relativamente ao teor, certificação e percentagens. Tenho a sorte de aquilo estar lá tudo escrito para, em caso de emergência, se não tiver alguém ao lado que me diga se aquilo é de laranja ou morango, comestível ou não, ter de analisar e tomar uma decisão pela própria cabeça. À exceção dos tempos em que os miúdos eram bebés e tinha de ler as letras miúdas de tudo o que comprava, lá em casa sou objeto dos olhares fulminantes da esposa pela quantidade de vezes que trago produtos fora do prazo ou o champô com as cores diferentes do que estava na lista.

Não sei se a psicologia explica isto, mas prefiro ler uma bula de medicamentos do que pegar num pacote e tentar encontrar os níveis de açúcar, calorias, sal ou se é de origem bio ou não. À exceção da proveniência (tento sempre comprar local em nome da sustentabilidade), nada leio. Talvez seja porque detesto supermercados. E esse foi o grande erro que cometi nesta terça-feira, ao sexto dia do Euro: antes de iniciar a viagem para o norte de Estugarda decidi passar pelo supermercado local para me abastecer de águas. O preço até estava bom (quase o mesmo de Portugal), pelo que decidi trazer tudo a dobrar e em formatos diferentes, até porque o meu camarada Ivo Martins merece que o trate bem. 24 garrafas, algumas delas de 1,5 litros, dão para uns dias valentes. Tudo posto na bagageira, tudo ok até àquele momento crítico na hora de rodar a rolha: fssstt. Mas dizem que faz bem.