'O mundo sabe que' este Sporting cheira a campeão (crónica)
Paulinho marcou um golo e foi o homem do jogo. MIGUEL NUNES

Sporting-Portimonense, 3-0 'O mundo sabe que' este Sporting cheira a campeão (crónica)

NACIONAL04.05.202422:03

Vitória sem contestação, mas por números magros; ‘autocarro’ algarvio desmontado peça a peça; leões sem ansiedade visível

Foi com autoridade que o Sporting ultrapassou o antepenúltimo obstáculo na corrida pelo título nacional. Nesta fase da competição não há jogos fáceis, e o Portimonense, a lutar pela sobrevivência, tratou de colocar em campo um sistema pensado para anular a largura do ataque sportinguista, o que obrigou Rúben Amorim a ler bem o jogo para garantir que não seria surpreendido. Os algarvios ensaiaram um autocarro de dois andares, que colocava quase sempre à frente do enorme Nakamura, seis defesas (os quatro tradicionais e ainda Luan e Varela, que fechavam as laterais), três médios (um deles trinco, Ventura)  e um avançado, Hildeberto, que foi presa fácil da defesa leonina. A esta forma de jogar responderam os donos da casa com um sistema que muitas vezes foi de 3x1x6, que não só não retirou à turma de Alvalade a sua habitual largura como, através do recuo de Pedro Gonçalves e Paulinho, criou  uma superioridade tal a meio campo que abriu espaços para uma goleada das antigas que ficou por concretizar. Na primeira parte, que terminou com a  vantagem mínima do Sporting, os leões dispuseram de dez (!!!) ocasiões claras para marcar: além do golo de Paulinho, que também acertou no ferro do guarda-redes japonês, Nakamura realizou quatro defesas de outro mundo, e ainda houve mais quatro oportunidades claras de golo, além de 11 pontapés de canto. Tanto desperdício podia ter   consequências graves, mas a equipa de Amorim entrou calma para a metade complementar, sem nunca ter de mexer na tática inicial.

Dança de substituições

Estava o jogo num regime de sentido único quando Paulo Sérgio, aos 59 minutos, decidiu dinamizar um pouco mais o ataque, mandando para o campo dois avançados rápidos, Cassamá e Gonçalo Costa, passando a um 5x2x3 um pouco mais ousado, mas ainda assim inofensivo. Aos 68 minutos, Rúben Amorim iniciou o processo de substituições, refrescando setores - Esgaio por Catamo e Pedro Gonçalves por Daniel Bragança - e logo a seguir uma jogada de compêndio, que começou num passe de calcanhar de Nuno Santos, seguido de um trabalho de filigrana de Paulinho, concluído com um remate cruzado, indefensável, de Trincão, deu a Alvalade a certeza de que a tarde era de festa. Depois disso, e já sem que pairassem dúvidas quanto ao vencedor (Israel não fez uma defesa digna desse nome), Amorim prosseguiu as trocas posicionais, com Morita, Quaresma e mais tarde Matheus Reis, a executarem a mesma missão que tinha sido pedida a Hjulmand, Diomande e Nuno Santos.

Fim de festa sueco

Para alegrar ainda mais uma atmosfera frenética, que levou a Alvalade 49.557 espetadores, Viktor Gyokeres, herói no Dragão há uma semana, menos explosivo na partida com os algarvios, ainda teve tempo para fechar as contas em 3-0, a passe de Bragança.

Do fim de tarde de sábado ficou a certeza do estado adulto da equipa do Sporting, que apesar de ter desperdiçado muito, nunca vacilou, nunca perdeu o equilíbrio, nem, sobretudo, o sentido coletivo. Valerá a pena destacar duas circunstâncias que tiveram peso substancial na forma de jogar do Sporting; a primeira tem a ver com os passes longos de Gonçalo Inácio, que estiveram na origem de dois golos; a segunda passa pelo trabalho defensivo de Paulinho (além da assistência e do golo...), que foi uma força de bloqueio às saídas de bola do Portimonense, e mostra como uma  equipa só é boa se ninguém se esconder.

Veja o resumo do jogo: