O melhor rei é aquele que sabe juntar razão à paixão (crónica)
Vitória à porta da fase regular da liga Conferência (ESTELA SILVA/LUSA)

V. Guimarães-Zrinjski Mostar, 3-0 O melhor rei é aquele que sabe juntar razão à paixão (crónica)

NACIONAL21.08.202420:49

Vitória teve paciência para contornar a equipa bósnia e está lançado para ser a primeira equipa portuguesa na fase regular da Liga Conferência

Sete vitórias em igual número de jogos, com um total de 15 golos marcados e… zero sofridos! O Vitória não só está muito perto de garantir a primeira participação portuguesa na fase regular da Liga Conferência – o que já é muito significativo -, como também justifica entusiasmo na forma como os adeptos olham para a campanha que a equipa de Rui Borges está a iniciar.

O triunfo robusto sobre o Zrinjksi Mostar, da Bósnia, reforça a ideia de um Vitória que é capaz de atingir os níveis de paixão que são inegociáveis na identidade do clube, mas que sabe juntar-lhe também racionalidade, indispensável para manter o equilíbrio.

Foi preciso paciência para contornar a organização defensiva do adversário bósnio. Potenciada por jogadores virtuosos e inteligentes como Tomás Handel, Tiago Silva e Nuno Santos, a equipa minhota mandou no jogo sem nunca perder estabilidade, mesmo com nulo no marcador ao intervalo. Não cometeu erros e teve a sagacidade de aproveitar os momentos certos para definir o encontro (e porventura a eliminatória).

Ao sétimo jogo dentro do primeiro mês de competição, Rui Borges decidiu introduzir cinco alterações no onze para manter a frescura da equipa. A dinâmica podia ter sido mais elevada, na primeira parte, e por isso o Vitória sentiu dificuldades para contornar a muralha defensiva bósnia, mas aproveitou os lances de bola parada para ir testando a resistência do Zrinjksi. Uma combinação entre os centrais Jorge Fernandes e Borevkovic gerou a primeira ocasião de perigo do encontro, na sequência de um livre de Tiago Silva, mas a defensiva forasteira mostrou credenciais nessa vertente. Kaio César e Nuno Santos tentaram tirar proveito dos remates de longe, também, mas a melhor ocasião da primeira parte surgiu mesmo à beira do intervalo, com Nélson Oliveira a desviar em esforço, ao lado, um cruzamento que parecia mais propício a Ricardo Mangas, que aparecia nas costas.

O Vitória só chegou aos golos na segunda parte, mas logo a abrir, com um passe sagaz de Tomás Handel a desequilibrar a defesa do Zrinjksi e a permitir que Tiago Silva servisse Ricardo Mangas ao segundo poste.

Estava feito o mais difícil, até porque bastaram cinco minutos para surgir mais um golo vitoriano, novamente servido por Tiago Silva, dessa feita na cobrança de um pontapé de canto. Mesmo agarrado e de costas para a baliza, Borevkovic conseguiu o primeiro golo com a imagem de D. Afonso Henriques ao peito.

O Zrinjksi só teve uma ocasião em que conseguiu incomodar verdadeiramente Bruno Varela, com um remate de longe de Kis que requereu defesa apertada, se bem que a recarga, travada novamente pelo guarda-redes, e depois por Borevkovic, em cima da linha, foi efetuada em posição irregular.

Os únicos sinais negativos na exibição do Vitória foram as queixas físicas apresentadas por vários jogadores – Kaio, Alberto Baio, Nuno Santos… -, mas a profundidade do plantel dá garantias ao treinador, e uma jogada construída por três jogadores saídos do banco deu origem ao terceiro golo, com finalização de João Mendes Saraiva após combinação entre Telmo Arcanjo e Miguel Maga.