O golo escreve-se em grego mas os sinais estão em alemão (crónica)
Pavlidis fez o 1-0 de penálti (Foto: Grafislab)

Benfica-Celta, 2-2 O golo escreve-se em grego mas os sinais estão em alemão (crónica)

NACIONAL13.07.202421:53

Primeira parte das águias volta a lembrar os bons tempos iniciais de Roger Schmidt; segunda parte mostra que ainda há muito a melhorar nas segundas linhas

Segundo jogo em dois dias consecutivos, excelente primeira parte e segundo tempo mediano com muitos erros típicos de pré-época. A diferença entre a goleada de véspera ao Farense e o empate a duas bolas frente ao Celta, neste sábado, foi a resposta menos conseguida das segundas linhas.

O adversário também é diferente, mas os 90 minutos no Municipal de Águeda que encheu para receber a águia mostraram como uma ideia precisa sempre de bons intérpretes: uma coisa é ter criativos de alta rotação, outra coisa é querer jogar um futebol asfixiante e feito de apoios na fase de construção com futebolistas mais posicionais e sem as mesmas armas na saída de bola quando estão sujeitos a maior pressão do adversário.

As pré-épocas servem mesmo para isto: para filtrar e dar início, logo nas primeiras partidas, ao processo de seleção. E o que se pode dizer do segundo encontro da pré-temporada são os sinais muito positivos dados por Pavlidis, um ponta de lança que parece ter maior panóplia de recursos comparativamente a Arthur Cabral, a excelente forma física e mental de David Neres e a feliz adaptação de Rollheiser a médio centro.

Os primeiros 45 minutos foram de um nível muito bom, a fazer lembrar a primeira pré-temporada de Roger Schmidt: jogadores muito próximos, criando triangulações em quase todo o lado do campo, trocando a bola a um/dois toques com elevada dinâmica e sempre com a baliza contrária em mente. E nos momentos de perda, a reação foi sempre de uma alta agressividade, com as linhas sempre juntas, impedindo a criação de zonas descobertas, um dos calcanhares de Aquiles da época passada.

Para isso muito contribui a disponibilidade física de Rollheiser na zona central. Se o bom toque de bola e visão de jogo são características que já lhe eram reconhecidas na Argentina, a novidade reside na facilidade como desempenha a nova função, destruindo e construindo a partir de trás, queimando linhas com o bom trato à bola e ótimo entendimento com João Mário (duas mentes que pensam igual).

O primeiro golo, na sequência de penálti bem assinalado sobre Aursnes, foi uma jogada que o técnico dos encarnados vai guardar como exemplo do que deve ser feito: bola transportada de um flanco ao outro com tabelas em progressão. E não seria caso único: o bis de Pavlidis (apontara a grande penalidade) resultou de nova combinação coletiva entre Rollheiser e David Neres, que num curto espaço de terreno encontraram as soluções certas, fabricadas nas respetivas canhotas. O resto coube ao grego, picando a bola com classe à saída do guardião dos galegos.

Erros em quatro minutos

Tal como na véspera, Roger Schmidt pôs outro onze na segunda parte e viu-se um Benfica menos autoritário. Leandro Barreiro foi a exceção numa equipa que se partiu como não se vira no primeiro tempo. Arthur Cabral e Marcos Leonardo ligaram pouco, os laterais da equipa B ainda não têm estofo para estas andanças, Schjelderup não teve os apoios para desequilibrar no flanco esquerdo e Florentino deu início a uma série de erros defensivos coletivos que redundaram em dois golos do Celta apontados em quatro minutos.

Diz-se que na pré-temporada pouco importa o resultado, antes o processo. Fosse pelo score, o onze da primeira parte jogaria os 90’ e poderia criar nova goleada. Esta é a boa notícia para o universo benfiquista: há qualquer coisa de novo a nascer numa equipa que ainda lambe as feridas produzidas por equívocos produzidos no último verão.