O estranho eclipse de Artur Jorge em Faro

Chegou ao Algarve como uma das fortes apostas mas soma apenas… oito minutos desde novembro do ano passado; Sílvio, em conversa com A BOLA, surpreendido com pouca utilização

A viver na sombra desde o… início. Artur Jorge, defesa-central de 29 anos, contratado pelo Farense ao Al Bataev (Emirados Árabes Unidos) no arranque da temporada, visto como uma das fortes apostas para a estrutura defensiva dos algarvios, tarda numa afirmação na equipa de José Mota, apresentando números, de resto, inéditos na carreira.

Com apenas 12 jogos somados (sete deles com estatuto de titular), Artur Jorge passou a viver na sombra desde novembro do ano passado, altura em que foi um dos titulares dos algarvios diante do Sporting, em Alvalade, para a Taça da Liga, no qual o Farense saiu derrotado por 2-4. Daí para a frente… o central somou apenas… 15 minutos oficiais, estando sempre em segundas linhas de opções como Gonçalo Silva, Igor Rossi ou Muscat.

Esta, de resto, é uma fase inédita para o central, que se estreou no SC Braga em 2016/2017, que apresentou uma média de 23 jogos por temporada. Nas três experiências no estrangeiro, com as camisolas do Steaua (Roménia), APOEL (Chipre) e Al Bataev (Emirados Árabes Unidos), mereceu a confiança dos respetivos treinadores em 56 partidas.

Para a Liga somou apenas cinco titularidades, nas quais o Farense somou duas vitórias e um empate, com o SC Braga (3-1), Rio Ave (4-3) e Vizela (0-0). Depois de deixar marca sobretudo no V. Setúbal e Moreirense, Artur Jorge chegou a Faro com expetativas elevadas, com o intuito de dar maior espírito de liderança e poderio físico, mas, para já, continua riscado por opção técnica, como, de resto, José Mota chegou a confirmar na receção ao Boavista (2-0), um jogo que surgiu na sequência do envolvimento do jogador na polémica relacionada com a saída do técnico Artur Jorge do SC Braga para os brasileiros do Botafogo.

«Mera opção técnica, não misturo alhos com bugalhos. Não tenho nada que ver com isso, foi opção técnica», esclareceu José Mota na altura.

Surpreende-me que não esteja a jogar como sempre fez, joguei dois anos com ele no V. Setúbal, sempre foi titularíssimo, é um jogador que treina sempre bem, no limite, dá tudo de si e confesso que me surpreende. Mas isso só o treinador pode explicar

«Confesso que me surpreende»

A ausência das escolhas nos algarvios surpreendem sobretudo alguns dos jogadores que com ele trabalharam. É o caso de Sílvio, lateral que jogou no Benfica, Atlético Madrid, entre muitos outros, que foi colega de equipa de Artur Jorge aquando da passagem de ambos pelo Vitória de Setúbal. Em conversa com A BOLA, Sílvio admitiu que só mesmo o treinador poderá explicar este eclipse…

«É um profissional exemplar no que diz respeito ao treino, ao jogo, à preparação... Dentro de campo tem os números que se veem. Ajuda sempre a equipa a ter bons resultados, é um central rápido, muito forte fisicamente. É o jogador que qualquer treinador gosta de ter porque dá tudo o que tem, deixa tudo em campo. Como companheiro, é do melhor que se pode ter. É extremamente educado, nota-se que teve uma boa educação em casa e é um modelo a seguir para todos os miúdos», começou por dizer, não escondendo alguma surpresa pela fase que o antigo colega de equipa está a viver:

«Surpreende-me que não esteja a jogar como sempre fez, joguei dois anos com ele no V. Setúbal, sempre foi titularíssimo, é um jogador que treina sempre bem, no limite, dá tudo de si e confesso que me surpreende. Mas isso só o treinador pode explicar.»