Na temporada 2008/2009, o SSV Markranstadt vendeu a licença desportiva da equipa principal à Red Bull
LEIPZIG — Ao decidir replicar o projeto de Salzburgo na Alemanha, a empresa de bebidas energéticas entrou em conversações com vários emblemas germânicos para assumir o seu controlo. O processo não foi fácil, não só devido à resistência dos adeptos, como também às regras da federação local. Clubes como o Fortuna Dusseldorf ou o St. Pauli foram equacionados, mas a dada altura o foco das negociações ficou na região de Leipzig, e acabou por ser o SSV Markranstadt a entregar as chaves, em 2008/09.
O clube a oeste do centro da cidade estava então na quinta divisão. As instalações estão fechadas devido às férias de verão, mas A BOLA chega à conversa, por mail, com um vice-presidente, que aceita explicar o polémico processo, embora alerte logo que só entrou em funções depois do acordo.
A BOLA foi perceber como o projeto da Red Bull é visto na cidade; Clubes tradicionais mostram indiferença; «Os adeptos do Lok e do Chemi, muitos deles também são adeptos do RB Leipzig», diz Henrique Miguel Pereira
«Houve protestos em Dusselforf, e por isso a Red Bull começou a olhar para a Alemanha de Leste. A decisão foi entre o FC Eilenburg e o nosso clube. Se é verdade aquilo que algumas pessoas dizem, as exigências do FC Eilenburg foram muito elevadas», afirma Stefan Weicker. «Muitas pessoas aqui sonhavam com o futebol profissional, e claro que o aspeto financeiro foi atrativo», sustenta.
O dirigente lembra que um camião das equipas de Fórmula 1 da marca do touro chegou a acolher as instalações do clube: «Algumas pessoas diziam que tinha aterrado uma nave especial aqui em Markranstadt. Havia conferências de imprensa todos os dias.»
Stefan explica que, ao fim de um ano, o RB Leipzig mudou-se para o Zentralstadion, e que a equipa B passou a ser a equipa principal do SSV Markranstadt, que começou na sexta divisão. «Em 2015 o principal patrocinador cortou com o apoio ao clube e o dinheiro da Red Bull começou a acabar. Foi investido muito em jogadores caros, pelo que não era um investimento a longo prazo. A equipa principal praticamente não tinha jogadores da formação, e as ideias na cabeça dos dirigentes eram completamente irrealistas», diz.
O clube está agora mais virado para a comunidade local. O vice-presidente explica-nos que o capitão da equipa principal é também treinador dos sub-15, sub-17 e sub-19. O SSV Markranstadt até garantiu o direito a subir à quinta divisão, na última época, mas rejeitou devido aos requerimentos financeiros.
O modesto Stadion am Bad acolheu a equipa feminina do RB Leipzig até à subida à elite do futebol alemão, e agora recebe também os jogos da equipa de sub-17 do vizinho rico.