«O Benfica fracassar? Só se não correr!»

Jonathan Soriano aponta caminho às águias para esta terça-feira; antigo ponta de lança foi treinado por Schmdit e confia nele

Jonathan Soriano, antigo ponta de lança espanhol, agora com 38 anos, foi o goleador de Roger Schmidt no Salzburgo e nos chineses do Beijing Guoan. Em conversa com A BOLA, mostra-se surpreendido com a Champions das águias e com as críticas ao treinador, mas aposta que o alemão voltará a «colocar a equipa lá em cima»

Passou seis épocas e meia em Salzburgo. Como é o ambiente desportivo da cidade?
 — Passou a ser muito diferente a partir do momento em que a Red Bull pegou no Salzburgo, mudou toda a história. Houve um grupo de adeptos que não quiseram continuar a acompanhar o clube, saíram e fundaram um novo clube. Pouco a pouco, com o passar dos anos, vai tendo mais e mais adeptos, mas é um clube sem história, ainda novo. 

Para se jogar futebol é tranquilo? 
— Muito tranquilo, Salzburgo é uma cidade pequena, onde um futebolista pode andar nas ruas tranquilamente; reconhecem-te, mas não te incomodam, não há tradição de ultras, claques radicais, isso não há. 

O estádio enche? 
— Sobretudo quando jogam contra equipas maiores ou nos jogos das competições europeias. Nessas alturas vai muita gente ao estádio, inclusivamente de zonas à volta da cidade. Mas o estádio é grande, foi construído para o Europeu e nos jogos da liga, contra equipas mais pequenas, é difícil encher.

Agora o Benfica não terá adeptos por castigo da UEFA… 
— Mas vai estar muita gente, é o último jogo da Champions e ainda por cima será o regresso do Roger [Schmidt], de certeza que há expectativa e que estará muita gente. 

Roger Schmidt já demonstrou que é um grande treinador. É preciso paciência

Surpreendido com a carreira europeia do Benfica na Champions?
— Sim, logicamente, sobretudo depois da carreira fantástica da última época, foi magnífica, mas agora… um pouco de falta de sorte, maus resultados…. A verdade é que o Inter e a Real Sociedad também são equipas muito fortes e isso não foi surpresa, embora a Real consiga estar melhor ainda do que se pensava. Trabalham muito como equipa, sem grandes estrelas.

Schmidt passa um mau bocado em Portugal, terá capacidade para o superar? 
— Em termos de personalidade, sem dúvida. Tem uma personalidade muito forte e confia muito nas suas ideias, no seu estilo de jogo. Às vezes, no futebol, é preciso ter paciência e o Roger já demonstrou que é um grande treinador. Uma grande equipa vive sempre isto, passa por bons e maus momentos e logo se questiona tudo, mas é preciso ter paciência, o Benfica tem jogadores de muita qualidade, tem um grande treinador, a equipa vai voltar a jogar bem, vai voltar a ganhar e a estar lá em cima, como sempre. 

Quem destaca na equipa? 
— Numa equipa grande é sempre difícil apontar alguém, mas naturalmente que nos fixamos sempre na parte ofensiva, em quem marca golos e faz jogadas bonitas… terei de dizer Di María, claro, mas prefiro destacar mais as apostas dos treinadores, os jogadores jovens; e importante é conseguir que a equipa funcione como um todo.

Que conselho daria para vencer em Salzburgo? 
— Desde a minha casa, em Espanha, é muito fácil dar conselhos, mas depois pode sair tudo ao contrário… o que diria é que quando uma equipa está numa fase incómoda, quando falta confiança, o melhor é dar tudo, a 100 por cento, correr sempre. Deixo a mensagem: fracasso? Só fracassa quem não tenta. Se deres tudo, se correres, se mostrares que queres muito, nunca fracassas. 

O que comer em Salzburgo? — A sopa, que vai começar a fazer muito frio. A sopa é muito boa. Também a carne panada e as sobremesas, uma em particular, a que é uma bomba de ovos e dá para quatro ou cinco pessoas.