BENFICA-RANGERS O adversário do Benfica analisado por quem lá trabalhou
João Araújo esteve em 2022/2023 na estrutura dos escoceses e deixa alguns conselhos ao Benfica, que deve preparar-se para equipa agressiva e a jogar futebol direto
Talvez o nome não seja demasiado conhecido no seio do futebol nacional, mas A BOLA dá-lhe a conhecer um pouco da história de um analista português que na época passada trabalhou no… Rangers.
Ora, o sorteio destes oitavos de final da Liga Europa ditou que o Benfica meça forças com o emblema escocês, pelo que nada melhor do que perceber, junto de alguém que viveu por dentro essa realidade, quais as virtudes e os defeitos do Rangers e que tipo de situações estratégicas os encarnados devem explorar para continuar em prova.
João Araújo é um jovem de apenas 25 anos, natural do Porto, que está há bastante tempo ligado ao futebol. Passou por Leixões, Benfica e Castelo Branco, Vilafranquense e Al-Jabalain (Arábia Saudita), antes de, no início da época 2022/2023, efetivar a candidatura a uma vaga de analista que tinha sido aberta pelo clube de Glasgow. Cumpridos todos os passos e formalidades, foi aceite na estrutura escocesa e lá trabalhou na temporada passada. Mesmo que o Rangers tenha, agora, outro treinador – o belga Philippe Clement sucedeu ao inglês Michael Beale (com quem trabalhara) -, a memória está bem fresca e os conhecimentos são profundos.
«O Rangers tem uma dimensão gigante. Desportivamente, é uma equipa que joga, geralmente, em 4x3x3, com a possibilidade de o triângulo de meio-campo ser com um elemento mais recuado e dois interiores ou com um duplo pivô defensivo. A linha defensiva é muito forte nos duelos, mas o Benfica poderá aproveitar, através da exploração da profundidade, algum espaço que costuma existir nas costas. O Rangers é uma equipa muito agressiva e que aposta muito no jogo direto», antecipa.
O português dá conta da experiência de Tavernier, Ban Davis, Connor Goldson e Ryan Jack, «elementos também perigosos nas bolas paradas», mas sublinha que «o Benfica pode beneficiar muito da qualidade individual de Di María e Rafa para beliscar o último reduto contrário». Do lado escocês, João Araújo adverte ainda para os perigos que podem advir da velocidade de elementos como o colombiano Óscar Cortés ou o galês Rabbi Matondo, sem esquecer a qualidade do ponta de lança português, Fábio Silva.
Juntando todas as peças, o português, que já trabalhou com treinadores como Manuel Cajuda, Carlos Pinto ou Bruno China, analisa o que o Benfica deve fazer para conseguir seguir em frente na competição: «Apesar de já não estar no clube, sei que este treinador é extremamente pragmático e que estrategicamente aposta bastante no jogo direto. O Benfica tem de fazer um bom resultado no jogo da primeira mão, na Luz, até porque, no segundo jogo, em Ibrox, são de prever bastantes dificuldades. É um estádio que tem um ambiente super fervoroso, está sempre cheio, e o Rangers beneficia muito do apoio dos seus adeptos. O Benfica tem condições para passar a eliminatória, mas, para isso, repito, tem de ganhar vantagem no primeiro jogo.»