Vitória de Guimarães «Nunca vi no Paulo Turra um potencial treinador»
Manuel Machado conhece Paulo Turra desde a temporada 2004/05, quando o central brasileiro, hoje responsável pela equipa vitoriana, chegou do Boavista, contratado por Vítor Magalhães, para integrar o plantel. «Tive essa partilha de um ano com o Paulo Turra, uma temporada atípica, com um mau início e um final de grande nível, que nos levou ao quinto lugar», recorda Machado a A BOLA.
E não se ficam por aqui as memórias do treinador vimaranense relativamente a essa campanha. «Tinha apostado numa dupla de centrais constituída pelo Cléber e pelo Dragóner, que me pareciam ser os mais fortes no momento, mas na verdade as coisas nem correram bem no início do campeonato», vai de novo ao baú.
«O facto», insiste, «é que fizemos uma má primeira volta, cheia de complicações. O grupo não era fácil. Tínhamos bons jogadores, como o Silva, o César Peixoto, o Alexandre, mas nem assim. Também tinham ficado jogadores como o Nuno Assis, o Romeu... Enfim, não era fácil gerir aquele grupo», junta o experiente treinador.
A entrada de Turra no lote dos prioritários aconteceria nas derradeiras 19 jornadas. «O húngaro Dragóner teve um problema gástrico, coisa ligeira, e meti o Paulo. Nunca mais saiu da equipa», lembra, na passada, como se fosse hoje, valorizando, em simultâneo, a boa resposta que o agora líder da tropa do castelo foi dando.
De Turra guarda Manuel Machado outras boas recordações. «Sim, não era um portento de técnica», regista, a propósito das qualidades futebolísticas do brasileiro nascido no Rio Grande do Sul, «mas sempre foi um grande profissional e um homem sério». Além disso, faz questão de anexar, «revelava sem dúvida uma grande eficácia nas suas ações de jogo, razão pela qual entrou e não mais saiu da equipa».
Foram então 19 jornadas de sucesso para a equipa. «Uma excelente segunda volta que coincidiu com o nosso melhor período», recupera. E haveria já então em Paulo Turra indicadores de um potencial treinador? Aqui, Manuel Machado, é taxativo: «Não. Nunca vi nele um potencial treinador. Era um jogador introvertido, que fazia o trabalho dele com seriedade mas não era expansivo. Não era aquilo a que chamamos de jogador de balneário», confessa, sem receio.
Surpreso pelo curso que a carreira desportiva do antigo pupilo entretanto levou, Manuel Machado reconhece que a parceria com Luiz Felipe Scolari pode e deve ter aportado conhecimento e experiência a Turra. «Tal como eu aprendi com muitos técnicos, o facto de ter trabalhado com Scolari será sem dúvida uma vantagem. Atribuo muito valor a esse tipo de aprendizagem».
Outra ajuda, e não menos importante por esta altura, «é o conhecimento que o Paulo tem do clube onde se encontra». «Quem passou pelo Vitória e viveu a realidade do clube, da cidade, da massa adepta, passa a conhecer as suas reações. Esse é um acrescento para quem vem de fora», nota quem nasceu e viveu na cidade-berço e passou décadas ao serviço do emblema vimaranense.