Copiado ao portapapeis

Num jogo de fenómenos raros, até houve golos! (crónica)

Moreirense e Estrela da Amadora empataram 1-1, numa partida com três remates enquadrados decidida com improbabilidades

O futebol pode ser um jogo contra as probabilidades.

Por exemplo, quão provável é a equipa com menos golos de bola parada conseguir marcar dessa forma? Pouco, claro.

E se juntarmos que o faz no único remate enquadrado que consegue em 90 minutos? Ainda menos.

Vamos tentar tornar isto ainda mais difícil: um golo marcado por um jogador que nunca antes marcou na carreira profissional, ajuda? Muito pouco.

E ser um golaço daqueles? Isso já parece exagero...

Pois bem, mas o Moreirense-Estrela da Amadora teve tudo isso. Teve muito pouco futebol, foi aborrecido, e os golos apareceram como fenómenos estranhos. Quase inexplicáveis, perante tamanha pobreza.

RECORDE O FILME DO JOGO

O mais aflito Estrela ficou com a primeira improbabilidade. Quase quatro meses depois, Kikas voltou aos golos, após um livre lateral estudado no qual o avançado só teve de empurrar o cruzamento de Rúben Lima.

Kikas voltou aos golos, quase quatro meses depois (Hugo Delgado/Lusa)

Já referimos que foi o único remate enquadrado que a equipa da Reboleira fez na partida, certo?

Ora, depois do golo era suposto que o jogo melhorasse. Que o Estrela se motivasse com a vantagem. Que o Moreirense, que estreava Cristiano Bacci no banco, tentasse fazer mais para chegar ao empate.

Mas no futebol, já vimos que isso das probabilidades não é muito de fiar, não é?

Pois bem, então acrescentamos aqui o golo de Sidnei Tavares. Um golaço improvável num jogo tão pobre. Um grande golo de um médio centro de 23 anos que nunca tinha marcado na carreira profissional, mas que aproveitou uma bola a saltitar à entrada da área para rematar ao ângulo da baliza de João Costa. No segundo de dois remates enquadrados do Moreirense...

Sidnei Tavares celebra o golo apontado no empate do Moreirense frente ao Estrela da Amadora (Hugo Delgado)

E perante isto, as duas equipas saíram felizes com um pontinho para cada.

Porque o campeonato aproxima-se do fim e todos os pontos contam. Mas se isso significar que as equipas vão estar mais preocupadas em não perder do que em ganhar, este final de Liga vai ser longo. Demasiado longo e arrastado.

Será que os adeptos gostam disso? É pouco provável. Mas o que é que interessam as probabilidades?

O melhor em campo: Sidnei Tavares

Esteve em campo pouco mais de 20 minutos, já contando com os descontos, e conseguiu algo que nenhum dos outros 29 jogadores pode orgulhar-se de ter feito: justificar o preço do bilhete e o tempo investido por aqueles que assistiram à partida. Cinco minutos depois de entrar, recebeu de Asué à entrada da área e rematou forte ao ângulo da baliza de João Costa. Um golaço para o médio de 23 anos que nunca tinha marcado na carreira profissional, e que serviu para resgatar um ponto para a estreia de Cristiano Bacci no banco dos cónegos.

Figura: Kikas

Esteve longe de fazer um jogo brilhante. Mas também ninguém lhe exigia isso numa partida de futebol tão pobre. Lutou, não desistiu de uma bola, e ainda marcou no único remate enquadrado que a equipa fez na partida. É verdade que só teve de encostar junto à linha de golo após o cruzamento de Rúben Lima, mas teve o mérito de surgir no local certo. Celebrou a afastar os fantasmas que o mantiveram longe dos golos durante quase quatro meses. E o alívio do avançado de 26 anos valeu também um importante ponto na luta do Estrela.

Sinceramente, esperava um jogo assim. O Estrela é uma equipa sólida que não gosta de jogar bonito, mas sim objetivo. É uma equipa forte nos duelos. Não é fácil chegar e jogar com dois treinos.Mas estou confiante. Encontrei uma equipa que joga para ganhar. Temos de melhorar certos momentos do jogo. Eles foram uma vez à nossa baliza e fizeram golo.

REAÇÕES DOS TREINADORES

Cristiano Bacci

Cristiano Bacci na estreia como treinador do Moreirense, frente ao Estrela da Amadora (Hugo Delgado/Lusa)

Sinceramente, esperava um jogo assim. O Estrela é uma equipa sólida que não gosta de jogar bonito, mas sim objetivo. É uma equipa forte nos duelos. Não é fácil chegar e jogar com dois treinos.Mas estou confiante. Encontrei uma equipa que joga para ganhar. Temos de melhorar certos momentos do jogo. Eles foram uma vez à nossa baliza e fizeram golo.

José Faria

José Faria no banco, no jogo entre o Moreirense e o Estrela da Amadora (Hugo Delgado/Lusa)

Não foi uma primeira parte bonita de se ver para os adeptos, mas fomos muito competentes. Estivemos organizados no capítulo defensivo, a fechar os espaços. Na segunda parte, entrámos bem. Fizemos o golo e tínhamos o jogo controlado, permitindo pouco ao adversário. Depois vem a beleza do futebol: um grande golo que empata o jogo.

As notas dos jogadores do Moreirense:

Kewin Silva (5); Dinis Pinto (5), Marcelo (5), Maracás (5) e Buta (5); Cedric Teguia (5), Ismael (5), Alanzinho (6) e Ivo Rodrigues (5); Schettine (6) e Asué (5); Ofori (5), Sidnei Tavares (5), Antonisse (5) e Benny (-).