A BOLA NO EURO 2024 No Chemie, vizinho do RB Leipzig, a energia vem dos adeptos

INTERNACIONAL04.07.202410:00

«Não conseguíamos fazer isto sem eles», admite Jaana Barz, diretora de marketing

LEIPZIG — No dia em que a equipa de reportagem de A BOLA visita o Alfred-Kunze-Sportpark, casa do Chemie Leipzig, um grupo de adeptos tratava das ervas e dos arbustos que, durante as férias desportivas, tomam conta das bancadas. Este foi um dos clubes que esteve na lista da empresa de bebidas energéticas para entrar no futebol alemão, mas anos depois a energia continua a vir dos adeptos.

«Não conseguíamos fazer isto sem eles. O nosso clube é suportado pelos adeptos, são o nosso ativo mais preciso, e toda a gente devia ter consciência disso. Não conseguiríamos isto sem eles, não estaríamos na quarta divisão, não o conseguiríamos financiar, estar nesta posição, neste estádio», explica Jaana Barz. A diretora de marketing e comunicação explica que o Chemie é um clube de proximidade, e por isso até apresenta a bancada familiar, onde as crianças podem ver o jogo, ou simplesmente brincar enquanto os pais têm os olhos no relvado. Jaana defende que «é importante saber de onde vem a identidade», mas também «olhar para o futuro e ver como evolui o clube, que direção segue». «A tradição ajuda, mas é importante não viver apenas do passado», reforça.

O Chemie reivindica 125 anos de história, mas só assumiu essa designação em 1950, e em 1997 teve de ser refundado. Um clube da classe operária, como indica a sigla BSG, que deve o nome à indústria química da região. «Após a reunificação da Alemanha o clube mudou o nome. Na altura era popular abandonar os nomes antigos. Passou a FC Sachsen Leipzig, mas isso, de alguma forma, fez com que se perdesse um pouco a história e a identidade. A equipa mudou-se para o Zentralstadion, quando esta é a nossa casa, faz parte daquilo que somos. Quando perdes isso ficas sem alma, e um grupo de adeptos disse que não queria seguir esse caminho e quis refundar o Chemie Leipzig, para seguir os valores antigos», explica.

A rivalidade com o Lokomotive, uma das mais intensas do futebol alemão, ficou particularmente vincada em 1964. «Ganhámos o campeonato contra todas as probabilidades, já que éramos o Resto do Leipzig, enquanto que os melhores jogadores iam para outro clube da cidade. Podem imaginar o que isso representa na nossa identidade, e por isso há referências a 1964 em todo o lado, na cidade, em autocolantes. Estamos a celebrar 60 anos desse título, de onde vem a nossa identidade. Ainda somos o Resto de Leipzig, mas somos uma parte muito bonita do futebol desta cidade, e damos mais cor à Liga», diz Jaana.