SC Braga-Bodo/Glimt, 1-2 Niakaté entre o heroísmo e a tragédia: minhotos tombam aos pés do Bodo/Glimt no último suspiro (crónica)
SC Braga viu o empate fugir no último suspiro, num jogo marcado pela expulsão do central, que foi de herói a vilão em apenas três minutos, e pelo pragmatismo norueguês
No Estádio Municipal de Braga, os adeptos esperavam por uma tarde europeia vibrante, mas o desfecho foi um balde de água fria para os minhotos. O SC Braga, a tentar afirmar-se numa nova fase de liga da Liga Europa, mais competitiva, viu o Bodo/Glimt levar os três pontos ao cair do pano, num jogo em que Niakaté encarnou tragicamente o papel de protagonista. Começou com um golo que reavivou as esperanças minhotas, mas terminou abruptamente com uma expulsão que selou o destino da equipa portuguesa.
A primeira parte do jogo decorreu sob um domínio tímido bracarense, que demonstrou vontade, mas não conseguiu materializar as oportunidades criadas. Roger Fernandes, por várias vezes, tentou a sorte, mas o guarda-redes norueguês Nikita Haikin esteve intransponível, com defesas cruciais que mantiveram o marcador a zeros. Os visitantes, embora menos atrevidos, assustaram por momentos, com Philip Zinckernagel a acertar na barra num livre direto.
O intervalo chegou sem golos, mas havia sinais de que o SC Braga tinha capacidade para ultrapassar a muralha nórdica. Já o Bodo/Glimt, ciente das suas limitações, soube gerir o jogo na expetativa de um erro adversário. Algo que, inevitavelmente, viria a acontecer.
O segundo tempo trouxe mais emoção e, aos 53 minutos, o Bodo/Glimt encontrou o caminho para o golo. Numa jogada rápida pela esquerda, Bjorkan passou por Moutinho com facilidade e assistiu Hakon Evjen, que não perdoou e inaugurou o marcador. O SC Braga reagiu e, aos 64 minutos, foi Sikou Niakaté quem trouxe a equipa de volta à disputa, aproveitando uma recarga após uma defesa incompleta de Haikin, que respondeu ao remate de Bruma. A Pedreira voltou a vibrar e o empate parecia ser o empurrão necessário para a reviravolta.
Contudo, a festa durou pouco. Em apenas três minutos, Niakaté passou de herói a vilão. Aos 66 e 67 minutos, viu dois cartões amarelos consecutivos por faltas desnecessárias a meio do relvado e foi expulso, deixando a sua equipa em inferioridade numérica numa fase decisiva do jogo. O SC Braga, com menos um em campo, lutou, mas o Bodo/Glimt lutou ainda mais.
O jogo caminhava para o fim, e o SC Braga ainda tentou, com Bruma e João Ferreira a desperdiçarem oportunidades claras de golo, mas foi o Bodo/Glimt quem teve a última palavra. No quinto minuto de compensação [o árbitro sérvio deu três], após um canto bem batido por Berg, Villads Nielsen saltou mais alto do que João Ferreira e garantiu, de calcanhar, o 2-1 final, selando uma tarde amarga para os bracarenses.
O SC Braga, que havia vencido em casa o Maccabi Telavive, desmoronou frente a um Bodo/Glimt que provou mais uma vez ser uma equipa incómoda para os clubes portugueses, depois de já ter surpreendido o FC Porto. Com este resultado, os minhotos permanecem com três pontos após três jornadas e veem complicar-se as contas para avançar na Liga Europa.
Carlos Carvalhal poderá ter de repensar as opções para os próximos desafios, mesmo não tendo culpa direta no desfecho desta partida.
Com o campeonato norueguês perto do fim, e o Bodo/Glimt à beira do título, a equipa nórdica demonstrou a serenidade e maturidade de quem sabe jogar sob pressão. Do lado bracarense, fica a frustração de um jogo que poderia ter tido um final muito diferente, não fossem as circunstâncias que ditaram o desfecho.